Placas fotovoltaicas: Brasil atinge marca histórica de energia solar (Aaron Foster/Getty Images)
Bússola
Publicado em 24 de junho de 2022 às 15h30.
Última atualização em 24 de junho de 2022 às 16h35.
O Brasil acaba de atingir uma marca histórica na energia solar: superou os 16 gigawatts (GW) de potência instalada, somando os 5 GW das usinas de grande porte (geração centralizada) e os 11 GW dos sistemas de geração própria de energia elétrica instalados por consumidores em telhados, fachadas e pequenos terrenos (geração distribuída). Os números são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A fonte solar já ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros combustíveis fósseis e se aproxima da biomassa na matriz elétrica brasileira. No ano passado, o Brasil foi o quarto país que mais acrescentou capacidade solar fotovoltaica no mundo.
Apesar dos avanços, ainda estamos longe de explorar todo o nosso potencial. O Brasil ocupa a 13ª posição no ranking mundial de energia solar, atrás de países muito menores em extensão territorial, como Japão, Alemanha e Itália.
Apostar na fonte solar fotovoltaica é bom para todos: diversifica a matriz elétrica brasileira, reduz a pressão sobre os recursos hídricos, alivia a conta de luz, garante competitividade ao país e é mais sustentável para a sociedade e o planeta.
Esses temas foram discutidos em webinar promovido pela Bússola, na última quinta-feira, 23 de junho, com participação de Marcel Melo, COO da Holu; Thomas Strakos, diretor financeiro da Solfácil; e Bruno Kikumoto, diretor e sócio do Canal Solar. A moderação foi feita por Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.
Para Marcel Melo, a Holu, energytech que conecta consumidores, distribuidores, instaladores e financiadores, quem consome energia convencional das distribuidoras está à mercê de um mercado com inflação e bandeiras tarifárias, o que dificulta o planejamento familiar. Ter um sistema fotovoltaico é uma forma de independência.
“Todo mundo pode ter um sistema fotovoltaico em seu telhado, mas a viabilidade varia conforme o tamanho de sua conta de luz. Para contas acima de R$ 100 já é um excelente investimento”, declara Thomas Strakos, diretor de financiamentos da Solfácil, primeira fintech brasileira destinada a financiamentos de energia solar. “Modelamos o financiamento para o valor da parcela ficar o mais próximo possível ou abaixo do que você paga de conta de luz. O financiamento vai durar de quatro a cinco anos, depois você não paga mais conta de luz”, afirma.
Bruno Kikumoto, do Canal Solar, uma das principais fontes de notícias e análises sobre esse setor no Brasil, aponta também que o mercado de energia solar gera uma melhoria de vida para a sociedade. “Por exemplo, um dono de supermercado que decide investir em energia solar. Ele paga esse financiamento e depois pode reinvestir esse dinheiro poupado contratando mais pessoas, sendo mais competitivo no mercado, repassando essa economia para o preço do produto. É um mercado que gera desenvolvimento ambiental e social”, diz Kikumoto.
Marco legal da geração distribuída
A entrada em vigor em janeiro deste ano da Lei nº 14.300/2022, que criou o marco legal da geração distribuída, também deve acelerar os investimentos em sistemas solares. A legislação trouxe segurança jurídica para quem produz a própria energia e oferece condições mais vantajosas para quem aderir a esse modelo até janeiro do ano que vem.
“Nós nascemos com investimento estrangeiro, e com essa nova lei nós conseguimos explicar para os investidores europeus que o setor está crescendo”, diz Marcel Melo. “Mas o que ainda pode melhorar é o nosso sistema de distribuição, ainda é muito antigo, muito manual, cada distribuidora tem o seu procedimento. Nós não conseguimos fazer isso em grande volume, com tecnologia de larga escala. São regras diferentes em cada distribuidora”, declara Melo.
Para Thomas Strakos, o Brasil tem o cenário ideal para manter o ritmo de expansão e chegar no Top 5 no ranking mundial de energia solar. “Do mundo inteiro, o Brasil tem umas das melhores propostas de valor para este mercado. Temos tarifas de energia convencional muito caras, mão de obra capacitada e relativamente barata e sol infinito”, diz.
Bruno Kikumoto finaliza: “O consumo de energia não vai diminuir e não dá mais para queimar carvão e óleo para gerar energia, nós temos de olhar para a solução sustentável, sendo a energia solar. É a fonte mais barata hoje. Nós vamos ter demanda e precisamos expandir a oferta”.
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