Práticas ESG compreendem a melhoria de aspectos sociais e ambientais para toda a sociedade (Leo Correa/Glow Media/AP)
Bússola
Publicado em 28 de junho de 2022 às 17h56.
Por Danilo Maeda
Em algum momento dos últimos anos (cada especialista apontará um marco histórico diferente) foi estabelecida de forma clara a correlação entre resultado financeiro e boas práticas ambientais, sociais e de governança. Esse ponto de inflexão foi como um estouro que origina a corrida desenfreada de uma manada: de repente, todas as organizações passaram a buscar certificações que atestassem suas boas práticas. “Ser ESG” (seja lá o que isso signifique) virou mantra no vocabulário corporativo. Especialistas formados em cursos rápidos surgiram às dezenas.
Mas apesar do barulho, pouco valor foi adicionado para a sociedade: continuamos distantes de cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável. Problemas urgentes como a fome se agravaram. Batemos o recorde de organizações dispostas a protagonizar a solução de nossas principais mazelas ao mesmo tempo em que elas se agravavam. O descompasso se expressa também no mundo corporativo: a grande maioria das empresas (79%) afirmam que questões sociais relevantes estão presentes na sua estratégia. Mas apenas 31% possuem metas socioambientais.
Essas dicotomias não são motivo de surpresa. Uma agenda de transformação em curso terá diferentes níveis de desenvolvimento acontecendo de forma simultânea. É relevante, contudo, resgatar o propósito das práticas ESG. Elas são um meio para promoção do desenvolvimento sustentável, que compreende a melhoria de aspectos sociais e ambientais para toda a sociedade. Adicionalmente a isso, organizações engajadas neste processo costumam ser mais rentáveis, pois o próprio processo as torna melhores em gestão de riscos e na capacidade de capturar oportunidades de negócio, além de se engajarem de forma mais profunda com seus públicos estratégicos.
Em outras palavras, boas práticas de sustentabilidade corporativa geram melhores resultados financeiros, mas essa não é sua única justificativa. Por vezes, ações que mitigam impactos negativos geram custos de curto prazo sem um retorno mensurável diretamente. E devem ser realizadas mesmo assim, por ser a coisa certa a se fazer e pelo compromisso ético que organizações deveriam assumir com as sociedades em que operam, com o meio ambiente e com as futuras gerações.
Não se espera que todas as corporações se transformem em negócios de impacto. Mas de compreender que compromissos verdadeiros demandam decisões difíceis. Ainda há muito o que se fazer. O momento exige coragem para escolher o futuro.
*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB
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