Bússola

Um conteúdo Bússola

ESG: Discussão global, ação local

Greenwashing está com os dias contados diante do avanço das discussões internacionais e do entendimento dos públicos sobre sustentabilidade

Sustentabilidade: Planos globais de retomada econômica trouxeram a ideia de reconstrução verde como guia (Thithawat_s/Getty Images)

Sustentabilidade: Planos globais de retomada econômica trouxeram a ideia de reconstrução verde como guia (Thithawat_s/Getty Images)

B

Bússola

Publicado em 5 de julho de 2022 às 10h30.

Por Danilo Maeda

Uma das perguntas que recebo com maior recorrência é: “como evitar o greenwashing?” Existe uma resposta simples – afinal basta não comunicar informações falsas ou inconsistentes – mas a preocupação me parece legítima diante da profusão de histórias pouco consistentes sendo contadas, bem como compromissos meramente especulativos ou de fachada.

Tenho o ceticismo como um hábito, mas neste caso apostaria que tais posturas estão com os dias contados. Quando percebemos o avanço do entendimento de diversos públicos sobre a agenda da sustentabilidade, fica claro que o espaço para comunicações enganosas é reduzido. Sobreviverão as estratégias que conseguirem entregar avanços verdadeiros e consistentes, com metas e indicadores claros, planos de ação e recursos adequados ao desafio.

As discussões internacionais têm evoluído com métricas específicas nessa direção. Esse é o grande mérito de agendas como a dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - estabelecer um caminho com metas a serem atingidas pela humanidade. Todas as pessoas e organizações tem algo a cumprir nessa agenda, mesmo que alguns ainda não a conheçam.

Aos governos, compete regular, fiscalizar e impor regras que protejam pessoas e ativos vulneráveis, além de prestar serviços e garantir direitos. As empresas precisam se responsabilizar por seus impactos e desenvolver soluções para os desafios que enfrentamos. Como indivíduos, todos nós temos a responsabilidade de pensar sobre os impactos das nossas decisões cotidianas e de pressionar quem concentra poder, seja econômico ou político, a agir na direção correta. Sem esquecer que está tudo interligado.

A pandemia, da qual ainda não saímos, é um exemplo da interconexão que marca essa agenda. Fatores sociais, ambientais e econômicos são encontrados desde a origem do vírus até a forma como diversos governos e culturas tentaram responder ao maior desafio de nossa geração. Os impactos também são diversos e conectados, em diferentes esferas: vidas perdidas, sistemas de saúde sobrecarregados, sofrimento psicológico, redução do PIB global, crise financeira, cortes salariais e demissões, entre outros.

Não à toa, os planos globais de retomada econômica trouxeram a ideia de reconstrução verde como guia. Até porque a ciência tem nos demonstrado que o tempo está se esgotando. Os relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, dão conta de que eventos extremos já se tornaram mais comuns, como consequência do aquecimento gerado pela emissão de gases do efeito estufa. O que antes era apontado como possibilidade futura caso a humanidade não agisse já está acontecendo. O futuro chegou e ele não é nada amigável.

Toda essa discussão global pode dar a entender que essa é uma conversa distante de nós. Pauta dos políticos que representam nações em reuniões fechadas e cheias de termos inacessíveis. Mas a realidade é que esta agenda depende de cada um e cada uma. Uma das propostas da agenda 2030 é não deixar ninguém para trás. Isso fala de inclusão, mas também de participação e engajamento.

Os acordos são globais, mas os impactos e decisões acontecem localmente. Nós vivemos e respiramos as cidades. É nelas que políticas públicas se transformam em impactos, positivos ou negativos. É nas cidades que modificamos a natureza para servir a nossos interesses e é nelas que precisamos pensar sobre os limites aceitáveis dessa relação. É nas cidades que convivemos com a fome e a miséria. E é nas cidades que podemos agir em relação a essas questões urgentes.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

ESG: Produzir aço carbono neutro é totalmente viável, diz líder da Aperam

LIVE – Diversidade e ESG: políticas precisam ir além da superfície

ESG e propósito: por que e para quem mudar o mundo

 

Acompanhe tudo sobre:CarbonoGestãoMeio ambienteSustentabilidade

Mais de Bússola

Inteligência de dados alerta: na Black Friday, frete é fator crucial para o comércio eletrônico

Bússola Vozes: as reflexões que a PEC 6x1 traz sobre trabalho, gênero e raça no Brasil

Exemplos de ofertas que são chave na estratégia de vendas nesta Black Friday

O que golpes por celular, reputação e experiência do cliente têm em comum?