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ESG: desenvolvimento social e luta antirracista

Por mais que a conscientização sobre pautas de desenvolvimento social seja crescente, os indicadores nem sempre caminham na mesma direção

Ser sustentável é atender as necessidades sociais de hoje (Arquivo Público do Estado de São Paulo/Divulgação)

Ser sustentável é atender as necessidades sociais de hoje (Arquivo Público do Estado de São Paulo/Divulgação)

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Publicado em 4 de outubro de 2022 às 15h00.

Última atualização em 4 de outubro de 2022 às 15h05.

Por Danilo Maeda* 

Exatamente há um mês, usei este espaço para defender que sustentabilidade é tema para as eleições. Quando consideramos que Desenvolvimento Sustentável é definido pelo relatório Nosso Futuro Comum (ONU, 1987) como “aquele que atende às necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”, fica evidente como aspectos sociais e econômicos, que dominam o debate eleitoral, estão sob o guarda chuva da sustentabilidade. 

Ser sustentável é atender às necessidades sociais de hoje. E de amanhã também. Nesse sentido, pautas de desenvolvimento social são fundamentais para promover igualdade, justiça e inclusão. Nesse sentido, por mais que a conscientização sobre esses temas seja crescente, os indicadores infelizmente nem sempre caminham na mesma direção. É o caso dos dados sobre desigualdade e do baixo ritmo de progresso no combate ao racismo estrutural, como mostrou um relatório sobre o tema, recém-divulgado pela ONU. 

O documento, produzido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), faz um balanço sobre o combate ao racismo estrutural nos últimos anos e aponta o lento progresso nesta área. São analisadas iniciativas locais, nacionais, regionais e internacionais em quatro grandes frentes, as mesmas da Agenda do ACNUDH para a Mudança Transformadora para a Justiça e Igualdade Raciais: 1. Reversão da cultura de negação, desmantelamento do racismo sistêmico e aceleração do ritmo de ação; 2. Combate à impunidade por violações de direitos humanos por agentes da lei, déficits de confiança e fortalecimento da supervisão institucional; 3. Garantir que as vozes dos afrodescendentes e daqueles que se opõem ao racismo sejam ouvidas e suas preocupações sejam atendidas; e 4. Confrontar dívidas históricas, inclusive por meio de reparação. 

A conclusão é que apesar de algum esforço, o resultado tem sido pouco efetivo. Nas palavras da alta comissária interina para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, “houve algumas iniciativas em diferentes países para combater o racismo, mas na maioria das vezes elas são fragmentadas e ficam aquém do necessário para desmantelar o racismo estrutural, institucional e social arraigado que existe há séculos e continua a infligir danos profundos até hoje”. 

O relatório reforça esta conclusão. “A necessidade de abordagens abrangentes baseadas em evidências para lidar com injustiças históricas e suas manifestações contemporâneas é mais clara do que nunca. Essas abordagens holísticas devem ser fundamentadas em análises intergeracionais e que abordem o racismo sistêmico, incluindo fatores estruturais e institucionais, nas instituições do Estado, no setor privado e nas estruturas sociais em várias áreas interconectadas”. Em outras palavras, se o problema está presente em todos os aspectos da vida (como bem sabemos), ele também precisa ser combatido em todos os ambientes e por todos os agentes sociais. 

Para avançar mais rapidamente diante desse cenário, o relatório recomenda que os Estados intensifiquem a implementação das 20 ações da agenda para uma mudança transformadora para a Justiça e igualdade racial e demonstrem maior vontade política para acelerar a agenda. Para isso acontecer, pressão social será um fator preponderante. Estamos prontos para fazer nossa parte na luta antirracista? 

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB 

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