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ESG: Como será o mundo pós COP27?

Ainda há espaço entre os compromissos assumidos hoje e a mudança necessária para conter o aquecimento global em 1,5ºC como estabelecido no Acordo de Paris

Reunião no Egito demanda ações contundentes (Leandro Fonseca/Exame)

Reunião no Egito demanda ações contundentes (Leandro Fonseca/Exame)

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Publicado em 16 de novembro de 2022 às 19h58.

Ainda há muita discussão pela frente, mas algumas tendências parecem emergir com força da COP27, realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito. O primeiro aspecto é a demanda por ações contundentes, de alto impacto e aplicação imediata. Nada é tão urgente quanto o longo prazo. Esse senso de urgência decorre do fato de que ainda há espaço entre os compromissos assumidos atualmente e a mudança necessária para conter o aquecimento global no limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris – e entendido como seguro pelos cientistas do clima.

Como os alertas anteriores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) não foram traduzidos em mudanças no ritmo necessário, já sofremos as consequências negativas do aquecimento global. Com a cruel distinção de que os impactos tendem a ser maiores justamente sobre as populações mais vulneráveis, que tem menor contribuição para a causa do problema. A desigualdade social e econômica também se reflete em injustiça climática.

É tarde demais para evitar parte das consequências, mas ainda há tempo para evitar tragédias maiores. Para isso acontecer, é preciso que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, sigla em inglês) sejam mais ambiciosas tanto no nível dos cortes de emissões quanto no prazo para implementação.

No aspecto positivo, o número de atores governamentais e empresariais participando das discussões continua a crescer, o que pode ser indicativo de uma melhor capacidade de execução e mobilização. Ou de um esforço para cooptar e tumultuar a discussão, atrasando a implementação de mudanças efetivas. Qual argumento traz a verdade? Provavelmente nenhum dos dois - a realidade deve estar em algum lugar no meio do caminho. Pessoalmente, defendo que quanto mais atores participarem da agenda (desde que pautados por evidências científicas e legitimidade social), melhores serão os resultados produzidos.

Na primeira semana, a COP27 já foi palco de anúncios relevantes. Em um deles, delegados de quase 200 países iniciaram acordo para discutir compensação climática, colocando o tema na agenda pela primeira vez desde o início das negociações climáticas (após 10 anos de adiamento por parte dos países ricos). Outro lançamento importante foi a Agenda de Adaptação, que visa impactar 4 bilhões de pessoas em comunidades vulneráveis ao clima. A novidade propõe soluções e orçamentos para responder contextos climáticos locais contra riscos como a seca e o calor extremo.

No combate ao desmatamento, Brasil, Indonésia e Congo anunciaram que devem criar a ”OPEP das florestas”, aliança dos países com as maiores florestas do mundo. Enquanto isso, líderes mundiais anunciaram a criação da Parceria de Líderes de Florestas e Clima (FCLP, da sigla em inglês), com 26 países da União Europeia (UE). Se alcançar os resultados projetados, o acordo proporcionaria 10% da ação de mitigação climática necessária até 2030.

Nos próximos dias de evento, devem se aprofundar os debates entre países ricos e subdesenvolvidos sobre financiamento da transição e compensação por perdas e danos, que ficaram pendentes desde a COP26, ano passado. Juntamente à necessidade de ambições mais altas, esse tem sido um dos principais temas do evento e reforça o entendimento de que as agendas sociais, econômicas e ambientais estão profundamente interligadas.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB

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