Bússola

Um conteúdo Bússola

Conheça histórias de coragem e determinação de mulheres da ciência

Por trás de olhares atentos, elas vestem o jaleco da coragem para superar desafios e adversidades para dedicar a vida às descobertas que se perpetuam por muitas gerações

Da esq. para a dir.: Claudia Sousa, Rosenelle Benício, Ilaria Sgardioli e Nara Diniz (Bússola/Reprodução)

Da esq. para a dir.: Claudia Sousa, Rosenelle Benício, Ilaria Sgardioli e Nara Diniz (Bússola/Reprodução)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 13h00.

Última atualização em 12 de junho de 2023 às 18h09.

Por Bússola

No último dia 11 de fevereiro, foi dia de celebrar mulheres que inspiram, dedicam-se a transformar o mundo e fazem a diferença, também foi dia de lutar por mais espaço e inclusão e comemorar o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Mulheres com histórias e caminhos diferentes, mas com o amor pela ciência em comum.

A data foi oficializada em 2015 na Assembleia das Nações Unidas e é liderada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e pela ONU Mulheres, com foco na promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres em todos os níveis do sistema educacional, sobretudo nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Atuando com estudos avançados em genética, quatro mulheres cientistas dos setores de Genômica e Biologia Molecular, do Grupo Sabin, em Brasília, contam suas histórias. Elas mudaram de cidade, enfrentaram desafios, fizeram escolhas difíceis e hoje dedicam a vida ao mundo da ciência em saúde.

Diariamente essas mulheres contribuem para os avanços na ciência, questionando, pesquisando e abrindo novas possibilidades no campo da genética. Quatro histórias e muita curiosidade, paixão e inspiração.

A importância de uma rede de apoio forte | Orientada por mulheres em toda a sua jornada acadêmica, Nara Diniz, hoje é referência e espelho para outras mulheres, começando dentro da própria família, com a filha, Laís.

Formada em ciências biológicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e PhD na área de genética, Nara compõe o Setor de Genômica, responsável pelos sequenciamentos de nova geração (NGS), utilizados em testes genéticos.

A menina que adorava brincar nas ruas do bairro em que cresceu em Recife-PE, junto com as irmãs sempre foi incentivada pelos pais a estudar. Foi nessa época, que entendeu que mulher pode ter o seu espaço e saiu em busca do seu. Mesmo a gravidez ainda na adolescência não a impediu de persistir em seus objetivos.  Apaixonada por ciências, foi cursar biologia e com o apoio de toda família pode conciliar estudos e maternidade, foram 12 anos de estudos da graduação ao pós-doutorado.

“Sou mulher, sou mãe de jovem, sou nordestina. Sou uma prova viva de que se você quiser, se você persistir, buscar conhecimento, você consegue seu lugar na ciência. Hoje a ciência não sai mais de mim. É muito bom saber que o que a gente aprendeu pode ajudar as pessoas”, afirma a profissional.

A cientista reconhece e agradece o apoio da sua família nas escolhas que fez, “sem todo o apoio que recebi e ainda recebo, não seria possível estar aqui hoje, talvez, nem seria possível pra mim celebrar esse dia”, diz.

O desafio de conciliar trabalho e estudo

De Americana, interior de São Paulo, Ilária Sgardioli tem sua trajetória marcada pela ciência desde cedo, ainda criança seu programa favorito era a visitação às feiras de ciências. Incentivada pelos pais e avós a estudar, ela e o irmão foram os primeiros da família a conquistarem o diploma superior.

Começou a trabalhar ainda aos 14 anos para ajudar a custear seus estudos e sempre teve que conciliar trabalho e estudo para atingir seus objetivos e chegar ao universo científico. Hoje reconhece que todo o esforço valeu a pena. Encantada pela ciência, foi na especialização que vislumbrou seu futuro na genética e na biologia molecular. Na capital federal, também trabalha no Setor de Genômica do Grupo Sabin, onde chegou há dois anos e meio.

Sobre os desafios da mulher na ciência, ela reconhece que ainda existem dificuldades e resistências, mas afirma que alguns fatores a ajudaram a superar o que surgiu em seu caminho, “na ciência tiveram grandes pesquisadoras que abriram caminho para que a gente pudesse atuar. Quando entrei na Unicamp, tive uma orientadora mulher e a maior parte das pessoas na área também eram mulheres. E aqui no Sabin os colaboradores são predominantemente mulheres, não tem nenhum tipo de preconceito em relação a isso, nosso espaço aqui é uma realidade”, declara Ilária.

O valor do seu sonho | Recém casada, Rosenelle Benicio, quando menina, via os esforços da mãe para retomar os estudos e se graduar após o nascimento dos filhos e com ela aprendeu o valor dos seus sonhos e a importância de não abrir mão deles.

A criança que crescia em Sete Lagoas-MG, adorava desenhar e ler, também era muito curiosa e perguntadora e tinha ciências como sua disciplina favorita na escola, o que a levou a um projeto de iniciação científica ainda no ensino médio. O tema? Introdução a genética. Um marco nas decisões que vieram a definir a sua carreira profissional.

O tempo passou, muitos anos de estudos foram necessários e hoje, Rosenelle é médica geneticista e também compõe a equipe de genômica do Grupo Sabin, no Distrito Federal, onde atua buscando na ciência respostas para sinais e sintomas clínicos que necessitam de um diagnóstico diferencial.

"As pessoas pensam que geneticistas são como bichinhos de laboratório, e que não atendem pacientes, mas na verdade não é isso, a gente atende muito paciente. Tive a oportunidade de atender tanto em Brasília como em Goiânia, acompanhei pacientes com doenças raras e o que eu mais gostava era de ir buscar respostas, descobrir caminhos e trazer um diagnóstico. O exercício da ciência na prática clínica", diz ela.

Muita habilidade para driblar as dificuldades | Claudia Ferreira de Souza, nasceu e viveu até os seis anos numa fazenda no interior de Goiás, cercada pela família, teve a avó e a mãe como grandes incentivadoras para buscar a independência através dos estudos.

A avó, não teve a oportunidade de estudar e se sentia frustrada por isso. Sua mãe, completou o ensino médio, mas mesmo sendo aluna destaque não pode seguir os estudos nem trabalhar, só ingressando na faculdade quando os filhos cresceram.

Seu avô também teve um papel fundamental na sua história, especialmente após o divórcio dos pais, e deu bastante trabalho convencê-lo a deixá-la ir morar sozinha na capital para estudar. Quando decidiu seguir os estudos em São Paulo, também não foi fácil.

“Eu sabia que bater de frente não ia resolver, então eu ia com jeitinho, paciência e muito amor, convencendo-o aos poucos. Quando fui para São Paulo eu disse que iam ser só três anos e que eu voltava logo, fiquei 15 anos!”, diz Claudia, com um sorriso largo.

E foi assim, driblando as dificuldades com alegria, que a menina que pediu um rinoceronte de presente e tinha um búfalo como animal de estimação, decidiu no último ano da faculdade, ainda em 1998, que iria trabalhar com genética e chegou a participar do Projeto Genoma Humano, o maior projeto biológico colaborativo do mundo.

Depois das pesquisas de sequenciamento genético na área de oncologia, em 2001 Claudia, voltou-se para os testes de paternidade, com foco em pais falecidos, um exame minucioso que envolve histórias familiares complexas. Hoje ela é uma das 20 profissionais no Brasil que realizam esse tipo de teste.

Atuando desde 2011 no Setor de Biologia Molecular, no Grupo Sabin, Claudia destaca “aqui somos maioria feminina, é um ambiente onde a gente se sente apoiada, ouvida e até incentivada a tirar os nossos sonhos da gaveta. Para quem teve que lutar durante muito tempo para ter espaço e se fazer ouvir enquanto profissional da ciência, isso é maravilhoso”.

Entre esses exemplos, dados da UNESCO sobre a participação feminina na ciência mostram que ainda há pontos de melhoria em busca pela igualdade de gênero. De acordo com o relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, menos de 30% dos pesquisadores no mundo são mulheres. Ainda segundo a pesquisa, o número de mulheres reconhecidas como líderes em sociedades de alto prestígio ou por meio de premiação permanece baixo.

"Temos muito orgulho de termos estas parcerias tão dedicadas e empenhadas na nossa jornada neste enigmático universo científico. Elas representam mais que a força da mulher, elas representam também o cuidado com saúde e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Por trás de todo desenvolvimento de testes, vacinas e medicamentos, há a pesquisa científica como o principal alicerce para sua criação de todos eles”, afirma a presidente do Grupo Sabin, Lídia Abdalla.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Linguagem neutra nas comunicações internas torna empresa mais inclusiva

Marina Spínola: Liderança feminina e os sinais de novos tempos

A importância Dia da Visibilidade na visão de uma pessoa trans masculina

Acompanhe tudo sobre:FeminismoMulheresDiversidadePrêmio Mulheres do Agro

Mais de Bússola

Túlio Mêne: estratégias de sucesso na criação de soluções inovadoras no atendimento ao Setor Público

Bússola Cultural: 25 anos do calça quadrada

Inteligência de dados alerta: na Black Friday, frete é fator crucial para o comércio eletrônico

Bússola Vozes: as reflexões que a PEC 6x1 traz sobre trabalho, gênero e raça no Brasil