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Ageless: a revolução da longevidade

População brasileira está envelhecendo e começando uma revolução. Confira a coluna sobre diversidade etária deste mês, escrita por Mauro Wainstock

"O número de trabalhadores com mais de 50 anos no Brasil mais do que dobrou em 15 anos" (Charday Penn/Getty Images)
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Publicado em 6 de maio de 2024 às 15h00.

Por Mauro Wainstock*

No início de maio, a Assembleia Geral da ONU divulgou que, nos últimos 30 anos, a população mundial passou de 5,6 para 8,1 bilhões de pessoas e as projeções indicam um aumento para quase 9,9 bilhões em 2054.

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O relatório apresentado durante a 57ª sessão da Comissão de População e Desenvolvimento também revelou que a expectativa de vida ao nascer registrou melhorias notáveis, aumentando de 64,5 anos, em média, em 1994, para 73,7 anos este ano.

A longevidade, juntamente com a queda de nascimentos, transformaram a distribuição da população global: o número de crianças menores de 5 anos permaneceu estável, enquanto o número de pessoas com 65+ duplicou em 30 anos e deverá dobrar novamente até 2054.

Em outras palavras... o mundo está envelhecendo aceleradamente!

Não por acaso a Organização Mundial de Saúde qualificou o período de 2021 a 2031 como a “ década do envelhecimento saudável ” e uma das “ megatendências deste século ”.

Há alguns dias tive a oportunidade de conversar com uma das principais autoridades globais no tema longevidade, o gerontólogo Alexandre Kalache , presidente do International Longevity Centre Brazil e ex-diretor da Organização Mundial de Saúde, sobre o que ele chama de “ A revolução da Longevidade ”. Ele me apresentou outros números impactantes: de 1950 a 2050, enquanto a população global crescerá 3,7 vezes, os 60+ vão aumentar 10 vezes e os 80+ 27 vezes. Por outro lado, se a taxa de fecundidade era de 5,7 filhos em 1975, em 2023 este número baixou para 1,7 e continua diminuindo...

Na França, foram necessários 145 anos (1850 a 1995) para dobrar a população de idosos de 10% para 20% da população e, no Brasil, isto ocorrerá em apenas 19 anos (2011 a 2030). E tem mais: a proporção de 60+ será 1/3 da população brasileira em 2050, sendo a única faixa etária que sofrerá crescimento populacional até lá.

No final de abril, a Organização Mundial da Saúde realizou a “Semana Intergeracional Global”, campanha que objetivou destacar os benefícios desta prática e combater o etarismo, preconceito que atinge metade da população mundial de todas as faixas etárias. Impressionante!

É inexplicável como, mesmo diante destes números e fatos, ainda estamos engatinhando nesta questão.

Trata-se de um desafio premente que deve ser priorizado

O profissional 50+, que há poucas décadas estaria prestes a se aposentar e fadado a viver mais poucos anos, hoje precisa manter a saúde e as contas equilibradas porque, quando menos esperar, poderá virar centenário. Neste sentido, além desta conscientização, precisa estar ativo física e socialmente, estruturado emocionalmente e atualizado técnica e tecnologicamente, além de se aprimorar cada vez mais em termos comportamentais. Ir à academia (nos dois entendimentos), ter hobbies, amigos e estar inserido genuinamente no ambiente corporativo são formas de exercitar várias destas questões.

Onúmero de trabalhadores com mais de 50 anos no Brasil mais do que dobrou em 15 anos, indo de 4,4 milhões em 2006 para 9,3 milhões em 202 1– aumento de 110,6%. O estoque de emprego formal geral, nesse mesmo período, cresceu 38,6%. Isso significa que o ritmo de crescimento dos 50+ é quase três vezes maior do que o brasileiro.

Mas apenas contratar não é suficiente

É imprescindível a formação de líderes comprometidos, ambidestros, qualificados e sensíveis para lidar com as complexidades decorrentes do envelhecimento, dos novos formatos de trabalho, dos interesses e desejos específicos das variadas gerações. Quanto mais a equipe for diversa e plural, quanto mais mesclar a juventude e a experiência, quanto mais abraçar a troca e a interseccionalidade , mais o ambiente será harmônico, inovador e com potencial de ampliar o bem-estar individual e a lucratividade corporativa.

Não há fórmulas mágicas, rápidas nem padronizadas. As ações para o tão almejado respeito mútuo e a real inclusão envolvem letramentos, inclusive através de games, palestras, treinamentos, mentorias bilaterais, rodas de conversas e envolventes hackatons, apenas para citar alguns exemplos. Tudo com viés prático e engajador.

Não basta felicitar os grupos de afinidade apenas em datas comemorativas. O movimento precisa ser constante, sólido e estratégico. Inclusive reavaliando as necessidades específicas deste público em termos de produtos, serviços e linguagem publicitária.

A AlmapBBDO , sexta maior agência de publicidade do Brasil, realizou o estudo “ A revolução da Longevidade ” (mais um a utilizar este título!) sobre o potencial da “ economia prateada ” em que detectou que 73% dos consumidores das classes sociais A, B e C e 75.1% da C e D não se sentem representados pela comunicação e sentem-se invisíveis.

De acordo com o relatório, “ a propaganda deixou de ser sobre projeção para trazer identificação e representatividade. Existe um novo consumidor longevo, um novo mercado de trabalho longevo, um novo empreendedorismo longevo, uma nova economia da longevidade. Este é o mercado mais dinâmico, que mais cresce no mundo e que já movimenta R$ 22 trilhões de dólares/ano ”.

Estas são recomendações de profissionais de marketing! Lembro da famosa frase de Nizan Guanaes, publicitário que foi chairman da própria AlmapBBDO : “ Enquanto eles choram, eu vendo lenços .

São oportunidades de lucro sendo desperdiçadas!

E, para concluir, a agência deixa um desafio: “ como a propaganda poderia pensar no velho de um jeito novo? É possível imaginarmos novas formas de falar com as pessoas mais velhas? De revermos nossos preconceitos? De trazê-las para dentro, para que se sintam pertencendo? De valorizarmos suas histórias e crenças? De convidá-las a realizar junto? De ouvi-las com atenção? De considerá-las em nossos briefings? De colocá-las em cenários dinâmicos de reinvenção? De enxergarmos o seu protagonismo? ”.

#borarefletir

*Mauro Wainstock foi nomeado Linkedin TOP VOICE , é membro do Instituto Brasileiro do ESG, mentor de executivos, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária/integração geracional e sócio-fundador da consultoria HUB 40+.

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