Vacina contra dengue: ministra diz que espera chegada de doses para começar imunização
Segundo a pasta, no dia 20 de janeiro foram entregues 757 mil doses. É esperado que mais 568 mil doses cheguem ainda neste mês de fevereiro
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 14h17.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 15h17.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira, 7, que o governo aguardar a chegada de novas doses da vacina contra dengue para iniciar a imunização no Brasil.
"Em relação a vacina, estaremos divulgando um calendário em breve porque ainda não recebemos todas as doses então estamos esperando esse processo para anunciar", afirmou Nísia durante evento de lançamento do programa Brasil Saudável.
O Brasil vive um aumento de casos neste inicio de 2024. Em janeiro, foram registrados no país 243,7 mil casos de dengue, 3,7 vezes a mais quando comparado ao mesmo período de 2023, segundo informações do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde afirma que pela primeira vez em anos os quatro sorotipos do vírus causador da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no Brasil. Além disso, o fenômeno El Niño que eleva as temperaturas, cria um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes Aegypti, se reproduzir. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre o aumento das arboviroses, doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Para combater a alta de casos, o Ministério da Saúdecoordena desde o ano passado uma série de ações para o enfrentamento do mosquito que transmite a doença em conjunto com os estados e municípios. Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o ministério repassou R$ 256 milhões para todo o país.
Vacinação contra dengue
Entre as iniciativas para combater a alta de casos está a vacinação contra a dengue, que será aplicadana população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro, o que representa apenas 10% das cidades do país. Segundo o ministério, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A pasta incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada de forma célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação.
Quem pode tomar a vacina contra dengue no SUS?
Segundo o ministério, serão vacinadas crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa. Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório japonês Takeda. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no dia 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Além dessas, a pasta adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.
A vacina também protege contra o Zika e o Chikungunya?
A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como Zika, Chikungunya e febre amarela. Vale lembrar que, para a febre amarela, no Brasil, estão disponíveis duas vacinas: uma produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), utilizada pela rede pública, e outra produzida pela Sanofi, utilizada pelos serviços privados de imunização e, eventualmente, pela rede pública.
Quantas doses e com que intervalo deve ser aplicada a vacina?
O esquema completo da Qdenga é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar a dose. A recomendação, nesses casos, é especialmente indicada por conta da melhor resposta imune à vacina e também por ser uma população classificada como de maior risco para dengue grave.
Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
A vacina contra a dengue passou por testes?
A Qdenga demonstrou ser eficaz contra a dengue tipo 1 em 69,8% dos casos; contra a dengue tipo 2, em 95,1%; e contra a dengue tipo 3, em 48,9%. Já a eficácia contra a dengue tipo 4 não pôde ser avaliada devido ao número insuficiente de casos causados pelo sorotipo durante o estudo. Também houve eficácia contra hospitalizações por dengue, com proteção geral de 84,1% e estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%).
Quantas e quais são as vacinas contra a dengue aprovadas para uso no Brasil?
A Qdenga é a primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, só pode ser utilizado por quem já teve dengue. A Dengvaxia não foi incorporada ao SUS e é contraindicada para indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus da dengue em razão de maior risco de desenvolver quadros graves da doença.