Brasil

Tim vai começar a desligar clientes recebidos da Oi que não geram receita

"Vamos cancelar os clientes inativos. O racional é simples: nossa política de cancelamento de clientes é diferente da Oi

Presidente da Tim: Para nós, não faz o menor sentido manter na base quem não usa a linha, não faz recarga, nem gera valor", frisou. (Tom Werner/Getty Images)

Presidente da Tim: Para nós, não faz o menor sentido manter na base quem não usa a linha, não faz recarga, nem gera valor", frisou. (Tom Werner/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de novembro de 2022 às 08h58.

A TIM vai começar a desligar os clientes inativos que recebeu da Oi Móvel a partir deste mês, com previsão de concluir o trabalho no começo do ano que vem. Quem antecipa essa informação é o presidente da TIM, Alberto Griselli, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

"Vamos cancelar os clientes inativos. O racional é simples: nossa política de cancelamento de clientes é diferente da Oi. Para nós, não faz o menor sentido manter na base quem não usa a linha, não faz recarga, nem gera valor", frisou.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

O movimento é semelhante ao que já foi feita pela Vivo, que anunciou semana passada o desligamento de 3 milhões de usuários, o equivalente a 25% do total de 12 milhões de clientes recebidos da Oi Móvel.

No caso da TIM, o número exato de desconexões a serem feitas ainda não é revelado, mas será significativo, segundo Griselli. A operadora recebeu um total de 17 milhões de acessos vindos da rival.

Se o porcentual da limpa for igual ao da Vivo, representará na baixa de 4,2 milhões de linhas. "A Vivo já fez, e nós também vamos fazer. Esse cliente não gera receita, nem cobre os custos de manutenção na base", emendou Griselli.

Os cortes vão seguir critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para desligamentos de usuários que não fazem ou recebem chamadas, não fazem recargas, não pagam fatura, entre outras variáveis, complementou o diretor institucional e regulatório, Mario Girasole.

A despeito desses cortes, os executivos ressaltaram que não há mudanças no cálculo de sinergias previstas com a incorporação de ativos da Oi. A explicação é que, embora haja menos receitas do que o esperado aí, também haverá queda de custos operacionais na mesma proporção. Já os ganhos de eficiência pela integração de redes e frequências permanece idêntico.

Disputa bilionária

Por trás desse limpa, está também uma disputa bilionária entre as operadoras. A Oi vendeu as suas redes móveis para Vivo, TIM e Claro por R$ 16,5 bilhões. Nos últimos meses, entretanto, as partes estão discutindo um ajuste de R$ 3,2 bilhões nesse preço. O trio quer descontar esse valor alegando que a Oi teria descumprindo certos compromissos operacionais e financeiros - o que a Oi nega.

Conforme revelou o próprio Estadão/Broadcast no dia 6 de outubro Vivo, TIM e Claro estão acusando a Oi de inflar, artificialmente, a base com a manutenção de usuários que já não faziam recargas nas linhas pré-pagas, nem pagavam faturas das linhas pós-pagas há tempos. A Oi negou que houvesse distorções, explicando apenas que o parâmetro para manter ou dar baixa em usuários varia a cada operadora.

Por ora, a base total móvel da TIM saltou 33,3% na comparação do terceiro trimestre de 2022 com o mesmo período de 2021, indo a 68,796 milhões, ou uma participação de mercado de 26,6%. Griselli ressaltou que a prioridade é ter uma base geradora de receita, e não crescer por crescer. "Market share é indicador de volume, não de valor. O que importa para a TIM é valor".

O faturamento do serviço móvel da TIM subiu 25,8%, para R$ 5,154 bilhões. Já a receita média por usuário (Arpu, na sigla em inglês) move recuou 5,8%, para R$ 24,9 pelo efeito de diluição com a adição dos clientes recebidos da Oi.

Segundo Griselli, a tendência do Arpu vai ser revertida com a desconexão de linhas inativas e com o trabalho de incentivo à migração dos clientes ativos para planos de maior valor agregado como já vinha sendo feito com a base existente nos últimos anos.

5G

O presidente da TIM disse também que a direção está satisfeita com a estratégia de turbinar a cobertura do sinal 5G com a instalação de duas a três vezes mais antenas do que o exigido pela Anatel nesta largada, estando também à frente de Vivo e Claro. A TIM colocou 3 mil antenas de um total de 5,9 mil já implantadas no mercado.

As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba já têm 100% dos bairros cobertos com a nova geração de internet. A mesma estratégia será anunciada para Recife nesta semana. "Estamos felizes com a estratégia. Achamos que foi um sucesso", comentou Griselli.

Segundo ele, a adesão ao 5G onde há cobertura está evoluindo mais rápido do que o esperado. Atualmente, cerca de 4 milhões de clientes da TIM (cerca de 6% da base) já contam com 5G. No portfólio de celulares das lojas da companhia, o 5G responde por 80% dos modelos e 50% das vendas.

Por ora, ainda não foi possível perceber geração de receita com a chegada da nova geração de internet. "Nesta fase estamos privilegiando a experiência do client. Se ele gostar, a monetização vai vir depois", explicou.

A operadora criou uma oferta especial para os clientes que quiserem usar o 5G para jogos online. Os clientes pós-pagos terão um pacote para "turbinar" os planos com mais 50 GB de internet e navegação ilimitada no Twitch, serviço de streaming de vídeo ao vivo com foco em jogos. A adesão será grátis nos primeiros meses. Depois, passará a ser cobrada.

LEIA TAMBÉM: 

Acompanhe tudo sobre:AnatelOiOperadoras de celularTIM

Mais de Brasil

Com Lula, Tarcísio assina financiamento do trem entre Campinas e SP e Linha 2 do metrô paulista

Como não cair no golpe da CNH suspensa

Tarcísio não cumpre prazo para esclarecimentos sobre câmeras corporais na PM e pede tempo ao STF

Qual é a renda necessária para ser considerado um super-rico no Brasil?