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Profissional armado em escola não é solução, diz secretário de educação

No dia do massacre em Suzano, Major Olímpio defendeu que se algum funcionário do colégio estivesse armado, a tragédia poderia ter sido menor

Suzano: estudantes fazem vigília em frente à escola palco do massacre (Ueslei Marcelino/Reuters)

Suzano: estudantes fazem vigília em frente à escola palco do massacre (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de março de 2019 às 11h21.

São Paulo — Um dia após o massacre em Suzano, na Grande São Paulo, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, disse nesta quinta-feira (14) que mais armas não vão resolver os problemas e que colocá-las nas mãos de professores pode provocar reações indesejadas.

Rossieli afirmou ainda que o governo estadual já havia iniciado um estudo sobre segurança de escolas vulneráveis. E que os procedimentos de segurança, inclusive em relação a novos equipamentos, estão sendo reavaliados pela Secretaria.

Ao ser questionado na Rádio Eldorado nesta manhã sobre as reações políticas ao ataque a tiros na Escola Raul Brasil em defesa da posse de arma por professores, Rossieli discordou.

"Não acho que mais armas resolverão nossos problemas. Colocar arma na mão do professor pode ter determinada reação e muitas vezes nem sempre a melhor reação. É uma opinião pessoal, sem ser especialista. Não acho que mais armas vão resolver os problemas", afirmou.

Nesta quarta-feira, o senador Major Olímpio (PSL-SP) defendeu o decreto que flexibiliza a posse de armas no país. Segundo ele, se algum funcionário do colégio estivesse armado, a tragédia poderia ter sido menor.

"Se houvesse um cidadão com uma arma regular dentro da escola, um professor, um servente ou policial aposentado que trabalha lá, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia", afirmou o senador.

"Precisamos de mais diálogo e conversa. Tivemos tragédia desse tipo dentro de igreja e de cinema também. Vamos ter que colocar arma na mão do padre e do cara que controla a entrada no cinema? Não é isso que vai resolver os nossos problemas hoje", disse o secretário.

Para Rossieli, a tragédia é uma oportunidade para discutir a aproximação da escola com a família e a ampliação de espaços de debate com os alunos. Segundo o secretário, os procedimentos de segurança, de entrada e saída, serão revistos nas escolas estaduais.

"Precisamos olhar para os problemas de segurança nos formatos diferentes na rede. Estamos olhando para isso para melhorar todos esses procedimentos", afirmou.

O secretário explicou que nesta quarta-feira a maior preocupação do governo estadual era não deixar que familiares soubessem sobre a morte dos adolescentes pela imprensa.

"Estive ao lado das familiares em um momento muito duro. É algo que nunca vou esquecer na minha vida: a dificuldade de dizer para uma mãe que seu filho faleceu. Todo esse cuidado foi importante", disse.

Em relação à segurança das escolas, segundo Rossieli, já havia sido iniciada uma avaliação em unidades de ensino paulista "vulneráveis" por parte do governo. Sem entrar em detalhes, o secretário destacou que esta será uma das prioridades da pasta.

"Temos que olhar para o aspecto da segurança em si. Já tinha uma preocupação e já estávamos estudando como apoiar escolas vulneráveis. Temos preocupação que não é só colocar segurança a mais. A câmera não resolve sozinha. A escola tinha câmeras", explicou.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que os procedimentos de segurança em todas as 5,3 mil escolas serão revisados e está em estudo um projeto para reforço à segurança nas escolas mais vulneráveis.

As aulas em todas escolas públicas estaduais e municipais de Suzano estão suspensas até a próxima sexta-feira, 15. Na própria sexta-feira, professores da rede discutirão as propostas pedagógicas para acolhimento, na próxima semana, dos alunos e comunidade escolar.

Escola Ruy Brasil

Sobre a Escola Estadual Professor Ruy Brasil, as informações são as seguintes: na segunda-feira (18) a unidade será reaberta apenas para professores e funcionários.

Serão desenvolvidas atividades como acolhimento, preparação e apoio psicológico com apoio do Instituto de Psicologia da USP, técnicos da Secretaria da Educação, entre outros profissionais e especialistas.

Também será mobilizada uma rede de apoio com instituições públicas e privadas para traçar um planejamento e estruturação das atividades de apoio a alunos, familiares, professores, servidores e toda comunidade.

A partir da próxima terça-feira (19), a unidade será reaberta para comunidade de pais, alunos e professores participarem de projetos pedagógicos na escola. Serão atividades livres, oficinais, apoio psicológico, rodas de conversa, depoimentos e compartilhamento de boas práticas, entre outras atividades.

Será dado apoio de equipe de especialistas da Secretaria Estadual e Municipal Educação, equipes técnicas da Prefeitura Municipal e outros especialistas como Instituto de Psicologia da USP, centros de Atenção Psicossocial (CAPES) da Prefeitura, entre outras instituições também farão parte do grupo de apoio.

Com objetivo de mudar o ambiente escolar, toda estrutura interna será pintada e revitalizada com o apoio da comunidade escolar.

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