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Preços no supermercado recuam 4,22% em 2023 e fazem consumo nos lares crescer 3,09%

Carne bovina, óleo de soja, leite, feijão e café registraram quedas mais acentuadas nos preços últimos 12 meses, contribuindo para maior deflação desde 2017

Supermercado em São Paulo (Leandro Fonseca/Exame)

Supermercado em São Paulo (Leandro Fonseca/Exame)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 10h02.

O consumo nos lares brasileiros encerrou 2023 com alta de 3,09% na comparação com o  anterior, de acordo com informações divulgadas pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). A alta foi impulsionada pela deflação dos alimentos, apontada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e agora também pelo indicador Abrasmercado, que mede a variação de preços nos supermercados.

De acordo com este índice, o preço dos alimentos encerrou o ano em queda de 4,22%, maior deflação registrada no acumulado do ano desde 2017 (-7,05%). Dentre os itens para consumo no lar, três cestas se destacaram no recuo dos preços: proteína animal, alimentos básicos e lácteos.

Marcio Milan, vice-presidente da ABRAS, explica que programas sociais como Bolsa Família e Auxílio Gás fizeram a diferença no poder de compra do brasileiro nos supermercados. "Também colaborou para o desempenho, o recuo da taxa de desemprego, chegando 1,3 pontos percentuais até novembro. Importante destacar a geração de emprego no varejo", afirma.

Na cesta de proteína animal, o excesso de oferta de carne bovina no mercado interno ao longo do ano contribuiu para queda expressiva nos preços do segmento. Em 12 meses, foram registradas quedas nos preços dos cortes do dianteiro (-11,60%) e do traseiro (-9,44%). Outras variações negativas na cesta foram o frango congelado (-7,44%) e o pernil (-2,34%).

Na cesta de alimentos básicos as principais quedas vieram do óleo de soja (-28%), do feijão (-13,78%), da farinha de trigo (-9,14%), do leite longa vida (-7,82%).

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Os preços dos produtos lácteos recuaram mês a mês e no fechamento do período as principais quedas acumuladas foram registradas em leite longa vida (-7,82%), margarina (-6,38%), leite em pó (-5,11%).

O clima e as projeções para 2024

Ao longo do ano, os preços e a disponibilidade dos hortifrutigranjeiros foram influenciados por fatores climáticos e pela reoneração do óleo diesel. De acordo com a ABRAS, a principal alta foi observada na batata (+4,19%).

Na contramão dos dados da Companhia Nacional de Abastecimento, o tomate e a cebola encerraram o período em queda acumulada, de -2,90% e -25,33%, respectivamente. Isso acontece porque o volume nacional no acumulado do ano conseguiu atender às redes supermercadistas.

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Mesmo assim, Marcio Milan ressalta o fator clima nesta equação de preços. "O clima vem enfretando muita instabilidade e sabemos que alguns produtos dependem do clima, da safra e das exportações. Por iss, procuramos ser mais conservadores no crescimento para 2024, para observar o comportamento dos preços", diz. Para 2024, a entidade estima crescimento de 2,5% no consumo dos lares.

De acordo com os analistas da ABRAS, o pagamento do PIS/PASEP deve contribuir para o crescimento do consumo. Estão previstos o pagamento de R$ 28 bilhões para 25 milhões de trabalhadores, um aumento de R$ 3 bilhões em comparação com 2023.

O vice-presidente da ABRAS, destaca ainda a recomposição da renda do trabalhador com o reajuste do salário-mínimo em percentual acima da inflação oficial registrada no ano como um dos fatores para incentivar o consumo.

“O cenário macroeconômico sinaliza para um crescimento gradual do consumo ao longo do ano acompanhando as sazonalidades, o comportamento das principais safras, os fatores climáticos como excesso de chuva, secas e ondas de calor e a demanda internacional de alimentos”, conclui Milan.

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Está previsto ainda o pagamento de R$ 93,14 bi em precatórios e estima-se que deste total cerca de 30% do recurso tende a ser destinados para consumo nos lares.

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