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PDT ameaça expulsar Tabata caso vote pela Previdência; deputada responde

Ciro Gomes chegou a telefonar nesta terça para a deputada, pedindo para que ela seguisse a determinação do partido, mas não obteve sucesso

Tabata Amaral: deputada justifica voto favorável à reforma da Previdência em vídeo (Facebook/Reprodução)

Tabata Amaral: deputada justifica voto favorável à reforma da Previdência em vídeo (Facebook/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2019 às 05h42.

Última atualização em 11 de julho de 2019 às 14h26.

Brasília - O PDT ameaça expulsar a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) se ela votar a favor da reforma da Previdência. Em reunião realizada nesta terça-feira (9), com a bancada do PDT na Câmara, o presidente do partido, Carlos Lupi, disse que quem apoiar as mudanças nas regras de aposentadoria propostas pelo governo de Jair Bolsonaro será punido com o desligamento.

Tabata é favorável à reforma e lidera um grupo dentro do PDT que também promete acompanhá-la na votação. O ex-ministro Ciro Gomes, candidato derrotado do PDT à Presidência da República, chegou a telefonar nesta terça para a deputada, pedindo para que ela seguisse a determinação do partido, mas não obteve sucesso.

"Eu fiz um apelo humilde pelo voto dela, para que seja contrário à reforma da Previdência", afirmou Lupi ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "O governo tem um poder de convencimento que a gente não tem. Nós temos as palavras e eles têm emendas. Eles têm olhos azuis e nós, negros. Então, muita gente usa a Tabata para se proteger da decisão, alguns por convicção e outros por utilidade pública."

Ciro, por sua vez, disse que o governo recorreu ao "toma lá, dá cá" que tanto criticou para tentar aprovar a reforma da Previdência no Congresso. "A tentativa de compra de votos por dinheiro de emendas ou ofertas mentirosas a Estados e municípios ronda, neste momento, até os partidos de oposição", escreveu o ex-ministro no Twitter. "Defenderei que o PDT expulse aqueles que votarem contra o povo nesta reforma de previdência elitista."

De acordo com o Placar da Previdência, 7 dos 27 deputados do PDT são favoráveis à reforma da Previdência, enquanto 13 são contrários. Outros 4 se dizem indecisos e 3 não quiseram responder, incluindo Tabata. "Pelas minhas contas, são de 3 a 7, mas quero reduzir esse estrago para um ou dois", afirmou Lupi. "Já estou aqui sofrendo."

Lupi disse que, na convenção nacional realizada em 18 de março, o PDT fechou questão contra a reforma da Previdência. "Desrespeitar essa decisão é muito grave", argumentou ele, ao lembrar que os desobedientes enfrentarão processo na Comissão de Ética.

Deputada responde

Mais tarde nesta quarta-feira, a deputada publicou um vídeo na sua página do Facebook, justificando sua intenção de votar favoravelmente à reforma do sistema previdenciário brasileiro que tramita na Câmara.

"Meu voto é um voto de consciência, não é um voto vendido e segue minhas convicções e tudo que eu estudei até aqui", diz. "Hoje a Previdência aumenta a desigualdade do país em um quinto. Ser de esquerda não pode significar ser contra um projeto que, de fato, pode tornar o Brasil mais inclusivo e mais desenvolvido. Hoje damos um primeiro passo, um passo importante, mas aquele que é possível".

Cotada por partidos

Ameaçada, Tabata já teve convite informal de outras legendas, entre elas o Cidadania por causa de afinidades entre as convicções dela e o partido, segundo deputados da legenda. Ela foi sondada pelo deputado Marcelo Calero (RJ) e pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire, ambos ex-ministros da Cultura, e pelo presidente do diretório em São Paulo, deputado Arnaldo Jardim (SP).

"Foi feito uma sinalização a ela de que é muito bem vinda, mas estamos respeitando o momento dela, a decisão será dela", disse o líder da legenda, deputado Daniel Coelho (PE).

Na internet, surgiram memes da deputada vestindo o laranja do partido Novo, mas nenhum convite (informal ou oficial) foi feito.

https://twitter.com/poorandfucked/status/1149094146138955776

Conforme jurisprudência no Tribunal Superior Eleitoral, não cabe ação de perda de mandato por infidelidade partidária se a expulsão for por descumprimento de orientação em votações no Congresso.

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