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Partido de Bolsonaro acena com o acordo para PT e revezamento na principal comissão da Câmara

Negociação envolve o PL ceder a CCJ a petistas um ano e ficar com a vice-presidência da Casa

Presidente Jair Bolsonaro, em Nova Yorque saindo do hotel para a Assembleia geral da ONU - Nova Iorque - New Yorque - USA - apoiadores - brasileiros - comitiva - bolsonaristas Foto: Leandro Fonseca data: setembro 2022 (Leandro Fonseca/Exame)
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Agência O Globo

Publicado em 1 de dezembro de 2022 às 07h54.

O PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro , e o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva , deram início à disputa para formar o maior bloco partidário da Câmara dos Deputados, a quem é garantida a preferência para ocupar as cadeiras mais importantes da Casa. A legenda do atual titular do Palácio do Planalto trabalha para esvaziar as articulações da sigla adversária e, com isso, dificultar a governabilidade do futuro chefe do Executivo.

Os dois partidos que encabeçam a polarização política que divide o país, entretanto, estão do mesmo lado na corrida pela presidência da Câmara. Ambos apoiam a reeleição de Arthur Lira (PP-AL). Nesse cenário, um grupo de deputados do PL ensaia nos bastidores a disposição de firmar um acordo com o PT, o que seria impensável alguns meses atrás.

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As duas siglas querem presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, a partir do ano que vem. Na tentativa de evitar uma disputa em que podem sair perdendo, alguns correligionários de Bolsonaro acenam com a possibilidade de integrar o mesmo bloco partidário do PT e oferecer um revezamento no comando da CCJ. Por esse plano, os petistas teriam o direito de presidir o colegiado por um ano da próxima legislatura. Nos seguintes, a cadeira voltaria para o controle do PL.

A bancada do PL só aceitaria conversar com a garantia de ocupar a vice-presidência da Câmara e a CCJ por dois anos. Os petistas já disseram expressamente que não aceitam esse caminho.

O plano do PT é arregimentar partidos de centro e esquerda para formar o bloco majoritário, sem a participação do PL. Como parte dessa estratégia, a bancada da legenda declarou apoio à reeleição de Lira, um dos caciques do PP, sigla do centrão fiel a Bolsonaro nos últimos quatro anos. A disputa pela presidência da Casa ocorrerá em fevereiro do ano que vem.

Em troca do movimento, integrantes do PT querem o compromisso de Lira de que ele não vai atrapalhar as articulações do partido com vistas a formar o maior bloco da Casa. Alguns petistas têm a expectativa de que, a depender do cenário, o presidente da Casa possa ajudar a legenda nos bastidores, sem se expor.

O PL, porém, entende que essa "vista grossa" seria um descumprimento do acordo que tem com Lira. Alegam que o presidente da Câmara se comprometeu, na realidade, a brigar para manter a CCJ com o partido.

Questionado sobre qual é a possibilidade de Lira atuar para impedir o PT de formar o bloco majoritário, o deputado petista José Guimarães (CE) afirma que o presidente da Câmara não vai trabalhar contra o futuro governo.

— O Lira tem compromisso de ajudar o Lula. De ajudar a governabilidade — diz.

Ao início de cada legislatura, os partidos se unem em blocos. Isso não os obriga a votar juntos e serve apenas como critério para a partilha de cargos. Por ora, as chances de as duas legendas firmarem um acordo é muito pequena. Além disso, ambas cobram postura leal por parte de Lira. O plano A dos petistas é formar um outro bloco, com partidos de esquerda e centro, sem a legenda de Bolsonaro.

Nomes do PL afirmaram ao GLOBO reservadamente que, se não houver um acordo com os correligionários de Lula, Lira será cobrado a impedir que o PT forme o bloco mais numeroso. Nesse cenário, na prática, não admitirão a "vista grossa" do aliado.

A partir de 2023, o PL terá 99 deputados, a maior bancada da Casa, mas dependerá de sua capacidade de articulação para arregimentar outras siglas capazes de formar o bloco mais numeroso.

No PT, porém, as conversas com o PL estão estagnadas. O partido de Lula quer primeiro negociar a formação do bloco de governo para, depois, debater espaços na Mesa Diretora e comissões da Casa.

— É cedo para definir isso agora — diz Reginaldo Lopes (MG), líder do PT na Câmara.

O PT precisa saber o tamanho de seu "bloco de governo" para medir sua força nas negociações. No momento, portanto, a prioridade é saber quais partidos querem se unir ao governo. Como trunfo, a legenda de Lula pode oferecer espaços na Esplanada dos Ministérios.

Reginaldo Lopes prevê reunir ao menos mais 14 siglas no bloco, segundo anúncio feito nesta terça-feira. Além do próprio PT e partidos que formam a federação com a legenda — PV e PCdoB —, ele cita PSB, União Brasil, PSD, MDB, Avante, Rede, PSOL, Solidariedade, PROS, PSD, Cidadania e Podemos.

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