Brasil

O conselho de Damares Alves para os pais de meninas: "Foge do Brasil!"

Em entrevista para a Jovem Pan de João Pessoa, ela citou os altos níveis de violência contra a mulher no país como base para a recomendação

Damares Alves se tornou uma das figuras mais controversas do governo Bolsonaro (Valter Campanato/Agência Brasil)

Damares Alves se tornou uma das figuras mais controversas do governo Bolsonaro (Valter Campanato/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 13h54.

Última atualização em 9 de abril de 2019 às 19h35.

São Paulo - A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, voltou a causar polêmica em uma entrevista com a Rádio Jovem Pan de João Pessoa que foi publicada na quarta-feira (13).

Um dos principais temas da entrevista com o repórter Reinaldo Oliveira foram os altos níveis de violência contra a mulher no Brasil, incluindo abuso sexual e feminicídio.

Após citar uma pesquisa que teria concluído que o Brasil é o pior lugar da América do Sul para criar meninas, a ministra emendou:

"Vejam só: se eu tivesse que dar um conselho para quem é pai de menina, mãe de menina? Foge do Brasil! Você está no pior país da América do Sul para criar meninas".

A ministra também disse que "as feministas não gostam" das suas críticas à "ideologia de gênero", que segundo ela significa colocar "todo mundo como igual" como se não houvesse mais menino e menina:

"Quando você passa pro menino que a menina é igual, ah, se ela é igual ela aguenta um soco, se ela é igual ela aguenta uma porrada. Então a gente tem que mostrar o seguinte: ela é igual em direitos, ela é igual em respeito, mas ela fisicamente é diferente e ela tem que ser protegida, ela tem que ser cortejada. Já pensou a gente fazer uma grande campanha nas escolas os meninos levarem flores pras meninas?"

Ela também disse que há uma "epidemia" de automutilação no país e defendeu a regulamentação do ensino domiciliar, um projeto do seu ministério que está próximo de ser apresentado ao Congresso via Medida Provisória (MP).

A ministra destacou que a modalidade não será obrigatória e poderá beneficiar famílias que vivem em locais mais isolados, que hoje são "processadas" se não colocarem a criança com mais de quatro anos na escola.

"O rendimento em casa é muito maior porque 40% do tempo na escola é para gerenciar a sala", acrescentou.

Questionado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que Damares não concedeu entrevista à rádio nesta sexta-feira.

Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a ministra admitiu que falou algo nessa linha durante a campanha mas em seguida, teria acrescentado que no governo de Jair Bolsonaro isso não seria necessário, pois ele fará do Brasil o melhor país para morar no mundo. Segundo a pasta, a frase está "fora de contexto".

Histórico

A ministra coleciona controvérsias tanto da sua trajetória prévia quanto da sua gestão à frente do Ministério.

Como pastora, chegou a afirmar que o Brasil vivia uma "ditadura gay" e que a Igreja perdeu espaço na ciência quando deixou a teoria da evolução entrar nas escolas.

Um vídeo do dia da sua posse em que afirma que começou uma "nova era" no país onde "menino veste azul e menina veste rosa" gerou uma onda de reações nas redes sociais.

A frase foi citada nesta quinta-feira, 14, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello em seu voto no processo que discute a tipificação do crime de homofobia.

Damares virou assunto até na Holanda após vir à tona um vídeo antigo em que ela afirma que os pais holandeses masturbavam seus bebês a partir dos sete meses de idade.

Ela também foi questionada por nunca ter formalizado a adoção de Kajutiti Lulu Kamayurá, hoje com 20 anos, como sua filha.

Índios da aldeia Kamayurá, localizada no centro da reserva indígena do Xingu, no norte do Mato Grosso, afirmaram à revista Época que a ministra levou a jovem, à época com seis anos, irregularmente da tribo.

Em nota, o ministério afirmou que ela “não estava presente no processo de saída de Lulu da aldeia” e que Lulu “saiu com total anuência de todos” para passar por cuidados ortodônticos e para estudar em Brasília.

Veja a entrevista completa para a Jovem Pan:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=RuX2iUkHBC0%5D

(Com Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:Damares AlvesJovem PanMinistério das Mulheres

Mais de Brasil

Justiça dá 15 dias para Enel esclarecer falhas no fornecimento de energia em São Paulo

Lula recebe comandantes das Forças Armadas no Alvorada

Risco de deslizamentos e alagamentos atinge Centro-Sul em fim de semana chuvoso no país

Estudo alerta que ondas de calor podem ficar piores do que o previsto