Agência de notícias
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 10h23.
Nove em cada dez brasileiros (92,9%) têm acesso à internet em casa, mostram novos dados da Síntese de Indicadores Sociais, estudo divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira. Os números representam um avanço de 24,3 pontos percentuais em sete anos. Em 2016, a proporção era de sete em cada dez (68,9%).
A evolução do acesso à internet em casa foi maior entre a população de menor renda. A proporção de acesso mais que dobrou, de 34,7% em 2016 para 81,8% em 2023, entre a população extremamente pobre (com renda per capita abaixo de R$ 209 por mês ou US$ 2,15 diários por pessoa).
Entre os pobres (que vivem com renda per capita de US$ 6,85 por dia ou renda mensal de até R$ 665), o acesso domiciliar à internet saltou de 50,7% para 81,8%. A alta foi de 31,1 pontos percentuais no mesmo período de seis anos. Significa que, de cada dez pessoas nessa faixa de renda, oito têm acesso à internet onde mora.
Apesar da ampliação do acesso à internet, a pesquisa revela que os mais pobres ainda estão menos conectados. Quase um quinto (18,2%) da população extremamente pobre não tem condições de acessar à internet em casa - mais que o dobro do verificado no conjunto da população brasileira (7,1%).
Em termos absolutos, eram 15,2 milhões de brasileiros que viviam desconectados da internet em suas casas no ano passado. Desse total, 1,7 milhão (11,3%) estava abaixo da linha de extrema pobreza. Outros 4,9 milhões (32,3%) estavam abaixo da linha de pobreza, mas fora da faixa de extrema pobreza. Juntos, os grupos somam 43,6% do total de desconectados no país.
A pesquisa também analisou a presença de determinados bens em casa, a exemplo do celular ou telefone fixo. Em 2023, 98,2% da população brasileira tinha pelo menos um dispositivo telefônico em casa, o que indica uma quase universalização desse bem.
Para se ter ideia da importância do celular, a proporção de brasileiros vivendo sem geladeira em casa é maior do que sem celular. Enquanto 7,1% da população extremamente pobre viviam em casas sem geladeira, 5,8% moravam em domicílios sem telefone fixo ou celular.
Para Bruno Perez, analista do IBGE, a maior proporção de pessoas vivendo em casas com pelo menos um celular é explicada pela popularização do dispositivo, que se tornou uma ferramenta essencial de comunicação.
"O celular acabou se tornando um bem essencial para a comunicação e as pessoas priorizam, em algum sentido, a sua propriedade. Para algumas pessoas, é até diretamente um instrumento de trabalho. E para outras, é essencial para que se busque um trabalho", acrescenta Perez.
O analista acrescenta ainda que, mesmo que o celular não tenha acesso direto à internet, permite que a pessoa se conecte às redes sociais ao acessar um Wi-Fi público, por exemplo.
Perez pondera, por outro lado, que o número de proporção de pessoas com telefone pode levar a uma interpretação equivocada, já que, para se enquadrar na pesquisa, basta que haja um dispositivo desse tipo em casa. Ou seja, várias pessoas podem compartilhar um mesmo aparelho.