Brasil

No ano eleitoral, Dilma Bolada pode deixar a política

A personagem que caiu nas graças dos internautas pode se distanciar da política e tratar apenas de variedades ou sair do ar em 2014


	Dilma cumprimenta Jeferson Monteiro, o criador do perfil Dilma Bolada: ele diz saber da influência que tem ao manter um perfil de Dilma em ano de eleição e sente o peso da responsabilidade
 (Reprodução/Instagram)

Dilma cumprimenta Jeferson Monteiro, o criador do perfil Dilma Bolada: ele diz saber da influência que tem ao manter um perfil de Dilma em ano de eleição e sente o peso da responsabilidade (Reprodução/Instagram)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 14h03.

São Paulo - Dilma Bolada, a personagem que caiu nas graças dos internautas e até da presidente Dilma Rousseff, pode mudar de cara em 2014. O criador do perfil no Twitter e no Facebook, Jeferson Monteiro, está repensando o futuro da sátira da presidente nas redes sociais.

Em ano de eleição, Dilma Bolada pode se distanciar da política e tratar apenas de variedades. A última opção do estudante de publicidade é tirar a personagem do ar.

A preocupação de Jeferson não é com os entraves legais que pautam o período de campanha eleitoral. O que tem feito o estudante rever a continuidade dos posts, diz, é sua "responsabilidade como cidadão".

"Muitos sabem do que se trata, no entanto os seguidores somam mais de um milhão de pessoas e é uma personagem ligada diretamente à Dilma. E nós entramos agora em ano eleitoral", relata. Segundo ele, a personagem foi amadurecendo cada vez mais com relação a variedades, tomando maior distância da questão política", disse.

Declaradamente um simpatizante da presidente, Jeferson sabe da influência que tem ao manter um perfil de Dilma em ano de eleição e sente o peso da responsabilidade. "Eu gosto da Dilma, isso é um ponto. Agora, tenho que avaliar de uma forma mais ampla e clara para saber se e como vale a pena continuar", disse.

"Tem uma série de questões pessoais", completou o estudante, que faz questão de informar que não é filiado ao PT, apenas nutre admiração pela presidente Dilma e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O perfil Dilma Bolada surgiu no Twitter em 2010. A partir de 2011, passou a ser atualizado com mais frequência contando com humor a rotina da presidente Dilma Rousseff. Em 2012 e em 2013, o perfil ganhou prêmios de internet, como o Shorty Awards. No ano passado, Jeferson foi recebido no Palácio do Planalto por Dilma Rousseff, no momento em que a presidente reativou sua conta no Twitter.


O desgaste pessoal também conta na avaliação do estudante, já que Jeferson alimenta os perfis diariamente sozinho. A decisão sobre o futuro da personagem, garante, será tomada só por ele, nos próximos dias.

Os únicos a palpitar na decisão são "um amigo ou outro". Ainda que a opção seja manter as publicações com o mesmo perfil adotado até agora, Jeferson deve buscar alguma inovação e os internautas devem saber da escolha pelas redes sociais. Por enquanto, os prós e contras estão "na balança".

Se ele cansou de fazer a personagem? Não. "Estou até escrevendo aqui agora um texto bem legal", responde animado. "É sempre em cima de uma demanda nova, de alguma coisa bem atual. É prazeroso fazer e ver as pessoas gostarem", disse.

Jurídico

Na visão do advogado Alberto Rollo, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB de São Paulo, a página de Dilma Bolada é um dos exemplos que pode gerar processos e até pedidos de retirada do ar. "A Dilma Bolada beneficia a presidente e ridiculariza os adversários. Não só pode como deve ser retirado do ar", opina.

Já o advogado e professor de direito eleitoral na PUC-SP, Carlos Gonçalves Jr, discorda e acredita que a Justiça ainda não tem quantidade suficiente de decisões para uma visão conclusiva no caso específico da Dilma Bolada.

"O humor é uma forma de manifestação social. Qualquer intervenção da Justiça eleitoral no caso da Dilma Bolada seria inconstitucional por violar o princípio da liberdade de expressão", afirmou. "Não acho que ela (a Justiça) deva interceder."


O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB de Pernambuco e advogado Walber de Moura Agra lembra que na eleição passada o TSE permitiu a sátira de programas humorísticos com candidatos. "Humor pode. Não pode permitir ridicularizações e ataques contra a honra e moral dos candidatos", explicou. Segundo ele, esses casos são passíveis de multa, direito de resposta e até condenação penal

Planos bolados

Jeferson dedicou 2013 a eventos, palestras e demandas de projetos que surgiram por conta do Dilma Bolada. A procura, no entanto, tem diminuído. "Este vai ser um ano de transição", diz o estudante que mora no Rio de Janeiro e pensa em eventualmente procurar emprego em uma agência de publicidade.

"Além do networking bacana, a Dilma Bolada trouxe trabalhos legais. De repente, mudando a questão da temática, talvez até surjam mais oportunidades."

A ideia de transformar a Dilma Bolada em livro, com a personagem narrando os quatro anos de gestão da petista no governo federal, também existe. "É algo que penso há um tempo. Mas para isso preciso de tempo", conta.

Ele não descarta, contudo, trabalhar durante a campanha eleitoral para candidatos à presidência, independentemente do partido. Os convites, explica, seriam julgados pelo critério "exclusivamente profissional". "Não descarto hipótese de prestar serviço na rede social para ninguém."

Jeferson acredita, contudo, que a divulgação por meio de personagens já está esgotada. "Isso não funciona mais, a Dilma Bolada é uma grande exceção."

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEleiçõesEleições 2014EmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaFacebookInternetPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresRedes sociais

Mais de Brasil

'Grande Perigo': Inmet alerta para tempestade com ventos superiores a 100km/h e granizo no RS e SC

Morre aos 93 anos o físico Rogério Cerqueira Leite

PEC das Praias: projeto que engajou de Neymar a Piovani volta a ser discutido no Senado

João Campos, reeleito em Recife, defende gestão pública mais próxima do cidadão e sem intermediários