Brasil

Ministério Público Federal abre inquérito sobre exploração de madeira em terras indígenas

O órgão deu dez dias para que os presidentes do Ibama detalhem os estudos que serviram de base para autorizar o manejo florestal em terras indígenas

Desmatamento: Órgão deu dez dias para Ibama e Funai explicarem autorizações (Alex Ribeiro/Agência Pará/Divulgação)

Desmatamento: Órgão deu dez dias para Ibama e Funai explicarem autorizações (Alex Ribeiro/Agência Pará/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de dezembro de 2022 às 16h58.

O Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito para investigar a liberação recente de exploração de madeira dentro de terras indígenas.

O órgão deu dez dias para que os presidentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, e da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, detalhem os estudos que serviram de base para autorizar o manejo florestal em terras indígenas e explicarem os possíveis impactos da medida.

LEIA TAMBÉM: Em meio à onda de demissões, um setor específico segue contratando (e pagando muito bem); veja qual

O procurador regional da República no Distrito Federal Wilson Rocha de Almeida Neto acatou representação de deputados federais do PSOL. Ele também pediu esclarecimentos sobre as providências adotadas para assegurar o direito à consulta prévia aos povos indígenas, regulamentada por uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1989, aprovada pelo Congresso Nacional em 2002.

Na última sexta-feira (16), o presidente da Funai assinou uma instrução normativa que autoriza o "manejo florestal sustentável com caráter comunitário" em terras indígenas.

Segundo o texto, a exploração de madeira poderá ser executada por organizações indígenas ou “organizações de composição mista”, o que, em tese, permite o exercício da atividade por não indígenas. A medida estabelece que o processo só pode ser executado com uma “consulta prévia” aos indígenas, sem fornecer detalhes.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo na newsletter gratuita EXAME Desperta.

Em nota divulgada no mesmo dia, a Funai informou que a autorização era uma “reivindicação antiga de diversas etnias” e que a medida permitirá a geração de renda de maneira sustentável nas aldeias indígenas.

Segundo o comunicado, o manejo florestal combateria o desmatamento ilegal e caberia ao Ibama e à Funai fiscalizar todo o processo, com base nas regulamentações atuais. Como a instrução normativa só entra em vigor 30 dias após a publicação, poderá ser revogada pelo futuro governo sem produzir efeitos.

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:DesmatamentoFunaiIndígenasMeio ambienteMinistério Público

Mais de Brasil

Rio cria canal para denúncias de trabalhadores em calor extremo

Senado aprova projeto que libera emendas bloqueadas em primeira sessão presidida por Alcolumbre

Entenda os argumentos da PGR para denunciar Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe

Onda de calor faz consumo de energia bater recorde no Sudeste e Centro-Oeste, diz ONS