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Temer deve se agarrar ao Congresso para bloquear nova denúncia

Atacar o Ministério Público parece ser, para o presidente, a melhor opção de defesa agora

Michel Temer: poucos políticos ou analistas acreditam que a segunda denúncia prospere à análise que deverá ser feita na Câmara

Michel Temer: poucos políticos ou analistas acreditam que a segunda denúncia prospere à análise que deverá ser feita na Câmara

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EXAME Hoje

Publicado em 15 de setembro de 2017 às 06h35.

Última atualização em 15 de setembro de 2017 às 07h48.

Um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar a segunda denúncia contra ele, dessa vez por obstrução de Justiça e organização criminosa, Michel Temer tenta manter o ar de normalidade.

Sua agenda desta sexta-feira foi mantida, segundo a assessoria do Planalto. Depois da viagem de ontem para inaugurar o início de uma obra no Tocantins, hoje Temer deve sair novamente de Brasília.

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Pela manhã, vai ao Rio de Janeiro na cerimônia de inauguração do Centro de Radiocirurgia do Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer. À tarde, tem uma entrevista para um jornal estrangeiro em São Paulo.

Além disso, o presidente deve fazer um pronunciamento, seguindo o mesmo roteiro traçado após a apresentação da primeira denúncia pela Procuradoria-Geral da República. O horário ainda não está marcado.

A ideia é fazer o pronunciamento no Palácio do Planalto e, para mostrar força, levar o máximo possível de deputados para acompanhá-lo. A tarefa não é fácil, visto que sexta-feira é um dia morto nas fileiras do Congresso.

Mas a estratégia mostra que Temer vai se agarrar ao Congresso como nunca para bloquear a segunda denúncia, mais pesada que a primeira, já que acusa o presidente de chefiar uma organização criminosa que embolsou mais de 500 milhões de reais em propinas. A sucessão de escândalos deve afastá-lo ainda mais das ruas e aproximá-lo ainda mais do Congresso.

Ontem, por meio de nota, o Planalto disse que Janot faz uma “marcha irresponsável” para encobrir as falhas do Ministério Público nas delações. A Secretaria de Comunicação também acusa a delação da JBS de ser uma fraude e chama o caso de “realismo fantástico”.

Atacar o Ministério Público parece ser, para o presidente, a melhor opção de defesa agora. Em Brasília, poucos políticos ou analistas acreditam que a segunda denúncia prospere à análise que deverá ser feita na Câmara.

No entanto, ela deve ser o suficiente para atrapalhar o já conturbado final de ano do Congresso. A reforma da Previdência, que está na pauta desde o ano passado, ainda não foi votada nem em primeira instância.

No EXAME Fórum 2017, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que se ela não for aprovada até novembro, não deve ser mais. A primeira denúncia levou quase um mês e meio para ser analisada.

A depender do calendário, mesmo que não tire o presidente do poder, a nova denúncia pode inviabilizar boa parte do que Temer pretendia para seu governo, como reformas e o pacote de privatizações.

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