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Marina Silva declara apoio a Boulos e diz que SP tem desafio de ‘estabilizar democracia’

Em contrapartida ao apoio de Marina, Boulos assumiu dois compromissos com a Rede Sustentabilidade

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. (Leandro Fonseca/Exame)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de março de 2024 às 14h38.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL) recebeu neste sábado, 23, o apoio público da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do partido dela, Rede Sustentabilidade, à sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo. O evento promovido pela sigla na região central da capital marcou a entrada da ministra na campanha do psolista.

O ato serviu como uma formalização da aliança, mas o apoio da ministra e da Rede a Boulos já estava dado, pois a legenda forma federação com o PSOL.

A entrada de Marina da campanha, porém, ocorre após uma pesquisa Datafolha indicar que parte dos eleitores podem tê-la confundido com a pré-candidata do Novo, Marina Helena, que apareceu com 7% das intenções de voto.

A equipe de Boulos diz que as agendas com Marina Silva não estão relacionadas com o resultado da pesquisa, como mostrou a Coluna do Estadão.

“São Paulo tem o desafio histórico de ajudar a estabilizar a democracia”, discursou Marina Silva no ato. “São Paulo não pode ser instrumentalizada para a questão do fundamentalismo político religioso, ideológico, o que for, como a gente está vendo acontecer. Não pode ser usada para querer destruir a nossa democracia”, afirmou.

Em contrapartida ao apoio de Marina, Boulos assumiu dois compromissos com a Rede. O primeiro foi ajudar os candidatos a vereador do partido na eleição deste ano para formar o que ele chamou de “maior bancada progressista” da história da Câmara Municipal.

O segundo foi incorporar propostas do partido ao seu plano de governo. “Digo isso com profunda convicção. A Marina me ajudou a entender, e a realidade nos força a entender, o quanto é central a pauta da sustentabilidade e das mudanças climáticas”, declarou.

O pré-candidato do PSOL reforçou que o tema ambiental está diretamente ligado à área social e comparou a política ambiental do prefeito Ricardo Nunes com a de Jair Bolsonaro. Ele mencionou o episódio de julho de 2023 em que o então secretário de Mudanças Climáticas da prefeitura, Antonio Pinheiro Pedro, disse que o “planeta se salva sozinho”. O prefeito exonerou o secretário depois da repercussão da fala.

“Negacionista do aquecimento global. Os seus antecessores no Ministério (do Meio Ambiente), nem precisa dizer”, disse Boulos, se referindo à pasta comandada por Marina, que teve Ricardo Salles e Joaquim Leite como ministros durante a gestão Bolsonaro. “É essa política do atraso que a gente precisa superar”, acrescentou.

De acordo com o Datafolha, Boulos tem 30% e está empatado tecnicamente com Nunes, que tem 29%. A terceira colocada é a deputada Tabata Amaral (PSB), com 8% das intenções de voto.

A pré-candidata do Novo, Marina Helena, aparece na sequência com 7%, e argumenta que a tese da confusão de seu nome com o da ministra de Lula não faz sentido.

A margem de erro é de três pontos percentuais. Após o evento de apoio da Rede, Boulos e Marina participam de uma plenária às 14h para discutir o plano de governo e as propostas do pré-candidato para o meio ambiente.

Partidos dizem que eleição é nova oportunidade para ‘derrotar o bolsonarismo’

A participação ativa de Marina, ministra do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na campanha de Boulos reforça a polarização da eleição em São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), principal rival do psolista na disputa, é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Boulos tem Lula e o PT ao seu lado.

No evento, lideranças da Rede e do PSOL, como a presidente do partido, Paula Coradi (PSOL), disseram que a eleição paulistana será nacionalizada e trataram o pleito como uma nova oportunidade para “derrotar o bolsonarismo”, após Lula vencer Bolsonaro em 2022.

Nessa linha, uma das estratégias da pré-campanha é reivindicar a formação do que chamam de uma nova frente ampla e democrática contra o bolsonarismo. Porém, diferente de Lula, que tinha apoio de siglas de centro, a coligação de Boulos está restrita ao campo da esquerda. Até o momento, ele tem o apoio de PT, PCdoB, PV, PDT e da Rede.

Representantes da Rede declararam também que o compromisso de Boulos de ter um secretariado paritário entre homens e mulheres é importante para o partido. O deputado não segue a própria determinação em seu gabinete: ele tem nove assessores e seis assessoras.

Esta será a primeira eleição em que a Rede, fundada em 2013, não lançará candidato a prefeito em São Paulo. Ricardo Young foi o nome do partido em 2016 e a hoje deputada estadual, Marina Helou a candidata em 2020.

No evento, Marina Helou avaliou que em 2020 o contexto político era outro e que, na ocasião, a Rede lançou candidatura para apresentar uma proposta para a cidade. “A gente dessa vez tem a possibilidade de estar num projeto que ganhe essas eleições para que seja implementada uma mudança de rumo”, afirmou ela. Segundo a deputada, o partido propõe a valorização dos catadores, a retomada do plano de reciclagem em todas as regiões da cidade e a eletrificação da frota de transporte público.

Principal expoente da Rede, Marina Silva tem viajado pelo Brasil para impulsionar candidatos da sigla. Nas últimas semanas, participou do lançamento das pré-candidaturas de Túlio Gadelha (Rede) em Recife (PE) e Ana Paula Siqueira (Rede) em Belo Horizonte (MG).

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