PT: A presidente do PT tentou apelar para a memória dos empresários para destacar a "capacidade de diálogo do Lula" (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 5 de abril de 2022 às 14h56.
Última atualização em 5 de abril de 2022 às 14h57.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou, em jantar com empresários na noite de segunda-feira, que Luiz Inácio Lula da Silva irá dialogar com o setor privado caso volte a governar o país. A petista surpreendeu ao chegar ao encontro com Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, e apresentá-lo como um dos nomes que têm auxiliado o partido nas discussões econômicas.
Durante pouco mais de duas horas, Gleisi falou e foi questionada por uma plateia formada por cerca de 30 empresários, entre eles, Abílio Diniz, sócio da Penísula, Rafael Furlanetti, da XP, Flávio Rocha, da Riachuelo, e Eugênio Mattar, da Localiza. Os dois últimos apoiaram o presidente Jair Bolsonaro em 2018. O encontro ocorreu na casa do empresário João Camargo, do grupo Esfera Brasil.
A presidente do PT tentou apelar para a memória dos empresários para destacar a "capacidade de diálogo do Lula". Lembrou que o ex-presidente implantou o conselhão (grupo que reunia diversos setores da sociedade para debater os problemas do país) em seu mandato.
Vocês conhecem o Lula, ele foi presidente oito anos. Ele sabia que tinha divergências com muitos setores, mas jamais se recusou a conversar, afirmou a petista, segundo relato dos presentes.
Gleisi ainda acrescentou que Lula é "o único que tem capacidade de fazer uma reconciliação". — Se não for ele, vamos continuar numa situação de muito atrito.
A presidente foi questionada por um dos empresários com o argumento de que quando governou, entre 2003 e 2010, Lula tinha como presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que antes havia feito carreira internacional no setor financeiro. Gleisi, então, respondeu que, por causa da aprovação da autonomia do Banco Central, o presidente da instituição, caso o PT volte ao poder, continuará sendo Roberto Campos Neto.
Sobre a Petrobras, Gleisi enfatizou que o PT não defende o controle de preço dos combustíveis, mas uma suavização da transferência dos custos internacionais. Também reafirmou que o partido é contra a privatização da Eletrobras e criticou o modelo proposto pelo governo.
Em relação ao teto de gasto, a dirigente disse que a medida hoje não tem mais efeito prático porque a gestão Bolsonaro burla o mecanismo. Destacou que os governos de Lula e Dilma Rousseff promoveram superávit fiscal até o ano de 2014.
Um outro tema abordado foi a da reforma trabalhista. Gleisi disse que a mudança implantada nos governo Michel Temer (MDB) tem pontos ruins para os trabalhadores.
Galípolo foi o único economista a acompanhar Gleisi. Ele também falou para a plateia durante o evento.