Lula: Cerimônia de assinatura de acordos comerciais entre Brasil e China (TV Brasil/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 14 de abril de 2023 às 08h45.
Última atualização em 14 de abril de 2023 às 09h08.
Após a cerimônia de boas-vindas na frente do Grande Palácio do Povo e a reunião fechada entre Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, Brasil e China assinaram 15 acordos comerciais, fora os acertos entre empresas brasileiras e chinesas. Entre os acordos estão temas como agricultura, mídia, ciência, inovação, tecnologia e facilitação do comércio entre os dois países.
Maior fornecedor de carne bovina para China, o Brasil assinou protocolo que deve ser seguidos pelos frigoríficos brasileiros para exportação. Há acordos também envolvendo coprodução para televisão e cooperação entre agências de notícias públicas dos dois países.
Os governos também assinaram um plano de cooperação espacial até 2032 entre os dois países, e o lançamento sétimo satélite na parceria entre Brasil e China: o CBERS-6.
Lula e a primeira-dama Janja Lula da Silva chegaram nesta sexta-feira ao Grande Palácio do Povo em Pequim para receberem as boas-vindas de Xi Jinping e sua esposa Peng Lyuan e passaram em revista às tropas.
A recepção aconteceu a céu aberto, na praça em frente ao palácio, ao lado da Praça da Paz Celestial no período da tarde desta sexta na China, ainda no período da madrugada no Brasil, e teve a banda do exército chinês tocando o Hino Nacional do Brasil e até a música “Novo Tempo”, famosa na voz do cantor Ivan Lins nos anos 1980. A cerimônia durou cerca de 15 minutos.
No final da tarde de sexta-feira, haverá uma cerimônia de troca de presentes entre os dois presidentes, registro de fotos e, por fim, um jantar oficial, oferecido pelo governo da China. Lula promete falar com a imprensa logo após este jantar na Embaixada do Brasil em Pequim.
A delegação brasileira, que chegou em Xangai na noite da quarta-feira, 12, é a primeira a visitar a China após a escolha da nova composição dos principais cargos do governo chinês, ocorrida nas sessões gêmeas da Assembleia Nacional Popular e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, no começo de março.
Mais cedo, Lula se encontrou com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, o legislativo do país asiático, Zhao Leji, e defendeu a ampliação do fluxo de comércio entre os países, um maior equilíbrio da geopolítica mundial e a elevação do patamar da parceria entre Brasil e China.
"Queremos elevar o patamar da parceria estratégica entre nossos países, ampliar fluxos de comércio e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial", afirmou Lula.
Lula já havia ressaltado que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a China como economia de mercado, há 50 anos.
O país asiático, disse Lula, foi “parceiro essencial” para a criação dos Brics, grupo formado por Brasil, Russia, Índia, China e África do Sul.
"É importante dizer que a China tem sido uma parceira preferencial do Brasil nas suas relações comerciais. É com a China que a gente mantém o mais importante fluxo de comércio exterior”, afirmou Lula, segundo comunicado do governo brasileiro. “É com a China que nós temos a nossa maior balança comercial e é junto com a China que nós temos tentado equilibrar a geopolítica mundial”, ressaltou o presidente do Brasil.
Na reunião, Lula e o presidente da Assembleia Nacional ressaltaram a intenção de ampliar investimentos e reforçar a cooperação em setores como educacional e espacial.
No seu primeiro compromisso do dia, Lula se reuniu em Pequim com o presidente da empresa de energia elétrica State Grid, Zhang Zhigang. Lula reforçou a importância dos investimentos chineses no Brasil, e a expectativa é de que a companhia participe de leilões previstos para este ano no País.
O Brasil deve realizar leilões de transmissão que podem somar R$ 50 bilhões em 2023. O primeiro deles deve ser em junho, e a chinesa pode ser uma das interessadas.
A State Grid controla a CPFL no Brasil, além de 19 concessionárias e linhas de transmissão em 14 Estados. Na China, a State Grid está presente em 88% do território do país e presta serviços para mais de 1 bilhão de pessoas.
Na reunião com Zhang, Lula ressaltou ainda o foco do governo brasileiro em investimentos em energias renováveis e na ampliação da rede de transmissão, integrando projetos de geração éolica e solar com a rede convencional.
“Nós não queremos ser vendedores de empresas. Nós queremos construir, com parcerias, as coisas que precisam ser feitas no Brasil”, afirmou Lula ao executivo chinês, segundo um comunicado oficial. O encontro também contou com ministros e governadores que integram a comitiva brasileira.