O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso em Brasília nesta quinta-feira, 10 (Ricardo Stuckert / Divulgação/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 12h18.
Última atualização em 21 de dezembro de 2022 às 13h21.
Em meio a dificuldades para acomodar aliados na Esplanada dos Ministérios e entraves na negociação com partidos, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar uma nova leva de ministros em um evento no CCBB, sede do governo de transição, na quinta-feira pela manhã. Na cerimônia, serão apresentados os trabalhos feitos pelos grupos de transição e, depois, haverá a oficialização de nomes para a Esplanada.
De acordo com o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, "quase a totalidade" dos ministros deve ser anunciada amanhã.
Até o momento, foram anunciados seis ministros: Fernando Haddad, na Fazenda; Rui Costa, na Casa Civil; Flávio Dino, na Justiça e Segurança Pública; José Múcio Monteiro, na Defesa; Mauro Vieira, nas Relações Exteriores; e Margareth Menezes, na Cultura. Lula também já definiu o ex-governador do Ceará Camilo Santana para comandar o Ministério da Educação (MEC).
Em 2002, quando foi eleito para seu primeiro mandato na Presidência, Lula já havia anunciado 18 ministros até o dia 20 de dezembro. O restante foi oficializado em 23 de dezembro, fechando sua equipe.
O atraso em oficializar mesmo nomes já escolhidos, como Camilo Santana e Nísia Trindade, deve-se à tentativa de Lula de equacionar todos os interesses que precisa atender na formação da Esplanada. A aprovação da PEC na Câmara, até então, era um dos pontos principais para resolução dos ministérios.
Nesta quarta-feira, deputados aprovaram em primeiro turno o texto da proposta, que terá vigência de um ano. A PEC abre espaço de R$ 168 bilhões no Orçamento do próximo ano, incluindo investimentos. Mas o montante chega a R$ 193,7 bilhões quando se adicionam à conta os penduricalhos inseridos no texto.
De acordo com interlocutores, a indefinição de assentos em pastas do Palácio do Planalto, que constitui o núcleo-duro do governo, também acabou atrasando a escolha de nomes para os demais ministérios.
Além da base do governo, Lula precisa achar espaço para atender ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e administrar a cobiça de partidos que ainda não definiram apoio ao petista, como o União Brasil. A fatura cobrada pelo União, uma das siglas que compõem o Centrão, não deve sair barata. A legenda está de olho em pastas de grande peso estratégico como Cidades, que deve ficar com o comando do Minha Casa Minha Vida; Transportes; ou Integração Nacional.
Lula precisa ainda equilibrar interesses de suas duas principais aliadas no segundo turno das eleições presidenciais: Simone Tebet (MDB ) e Marina Silva (Rede), cotadas para desenvolvimento social e meio ambiente, respectivamente. Essa composição tem emperrado o anúncio de novos ministérios. Entre aliados, há uma visão, no entanto, de que a liminar concedida pelo ministro do STF, Gilmar Mendes, que autoriza a retirada do Bolsa Família do teto de gastos, tenha enfraquecido o poder de barganha por parte de Lira.
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