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Lindbergh e Medeiros discutem por comentário de Gleisi à TV Al Jazeera

Quando questionava ação da senadora, José Medeiros foi interrompido por Lindbergh Farias e acusado de "ignorância"

Gelisi: senadora petista convidou a todos os espectadores a lutar pela libertação de "grande amigo do mundo árabe" Lula (Paulo Whitaker/Reuters)

Gelisi: senadora petista convidou a todos os espectadores a lutar pela libertação de "grande amigo do mundo árabe" Lula (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de abril de 2018 às 21h51.

Última atualização em 19 de abril de 2018 às 08h48.

No plenário do Senado, o senador José Medeiros (PSD-MT) lamentou a gravação da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), à rede de TV catari Al-Jazeera. Ele disse que interpretou a fala da parlamentar em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "um recado muito estranho" e que "espera que o PT não queira transformar um país pacífico em zona de guerra".

"O Brasil é um país amigo do mundo árabe. Nós temos respeito por todas as religiões; agora, nós também somos um país que não tem contato com nenhum radicalismo, com nenhum fundamentalismo. E foi muito estranho o vídeo que a Senadora fez. Pareceu-me muito um recado subliminar. A quem era dirigido aquilo?", questionou.

Ele foi interrompido por Lindbergh Farias (PT-RJ), que disse que a fala representava uma "ignorância". "Perdoe a ignorância", repetia Lindbergh. "O senhor não é Presidente do Senado Federal, Senador Lindbergh. O senhor não pode tomar minha fala", reagiu Medeiros. O presidente em exercício da Casa, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), interveio para que o senador mato-grossense prosseguisse.

"Se (Gleisi) quisesse se comunicar com o mundo árabe, nós temos todas as embaixadas aqui, e a Senadora poderia falar inclusive com os embaixadores. O recado foi estranho, e eu aconselho que os brasileiros possam ver o vídeo, o perigo que é. Então eu quero dizer: se algum fundamentalista, se algum fundamentalista, insuflado por aquele vídeo, cometer algum ato terrorista, está no CNPJ e no CPF dessa Senadora", continuou Medeiros.

Lindbergh argumentou que a TV Al Jazeera é uma das maiores do mundo. "Sabe quem deu entrevista lá? (Barack) Obama, Presidente dos Estados Unidos. Repercussão em todo mundo, porque a TV Al Jazeera atinge cem países. A Senadora Gleisi está falando para as TVs do mundo inteiro. Quando fala para TV da Europa ninguém reclama. Para TV norte-americana... Agora, para TV Árabe, falando de uma campanha de solidariedade ao Presidente Lula, sabem o que começam a dizer? Estão falando em Estado Islâmico. Gente, sabem qual é o nome disso? Xenofobia, preconceito. Vocês estão achando que por ser árabe é terrorista, é fundamentalista" disse Lindbergh.

O senador Magno Malta comentou que sabe que os senadores do PT "conhecem a Constituição e sabem onde é que está o nosso limite" mas disse que pessoalmente "tem medo" que o vídeo seja interpretado de maneira equivocada.

"A Senadora Gleici não é louca de ter dado aquela entrevista à Al Jazeera, incitando o ISIS, incitando qualquer tipo de grupo terrorista, para que venha ao Brasil, fazer um terrorismo maior do que aquele que o MST está fazendo nas fazendas do Brasil, achando que, com isso, vai intimidar o Poder Público, vai intimidar o Supremo Tribunal Federal, vai intimidar o Ministério Público Federal... Não vai!", disse.

"O meu medo pessoal é que eles entendam que estão pedindo auxílio para uma reação. Para uma reação. Esse é medo pessoal. Meu. Esse é medo meu. Agora, sei perfeitamente que a Senadora, que é presidente de um partido e que conhece a Constituição brasileira, sabe exatamente o que a Constituição determina", afirmou Malta.

No vídeo, a senadora Gleisi Hoffmann denuncia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria um "preso político" no Brasil. Na gravação, Gleisi diz que "o objetivo da prisão é não permitir que Lula seja candidato na eleição deste ano e convida "a todos e a todas" a se juntarem à campanha pela libertação do ex-presidente. Ela ressalta também que Lula é "um grande amigo do mundo árabe" e que em seu governo o comércio com a região "se multiplicou por cinco". "Ao longo da história, o Brasil recebeu milhões de árabes e palestinos, mas Lula foi o único presidente que visitou o Oriente Médio", destacou a parlamentar.

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