Isolamento por coronavírus em SP cai para 49% e preocupa autoridades
Número está bem abaixo da meta estabelecida pelo governo, em torno de 70%, taxa considerada mínima para impedir a alta disseminação do coronavírus
Agência Brasil
Publicado em 9 de abril de 2020 às 17h06.
Última atualização em 9 de abril de 2020 às 17h07.
O isolamento social no estado de São Paulo caiu nos últimos dias. Segundo o governador João Doria , o isolamento está hoje em cerca de 49% em todo o estado, bem abaixo da meta estabelecida pelo governo, em torno de 70%, taxa considerada mínima para impedir a alta disseminação do coronavírus e o colapso no sistema de saúde.
Segundo a secretária estadual de Desenvolvimento Social, Patricia Ellen, o estado de São Paulo atingiu ontem (9) sua menor taxa de isolamento, desde o início da quarentena em meados de março. “Nós atingimos ontem a menor taxa de distanciamento social, desde que iniciamos a quarentena.
Estamos entre 49% e 50% da população isolada, menos da metade. E chegamos a alcançar taxas de 60%. Agora estamos com taxas que nos preocupam muito porque todas as estimativas com relação a leitos e ao combate da pandemia estão sendo feitos assumindo o nível de distanciamento entre 60% e 70%. E não estamos alcançando esse indicador”, disse.
Segundo Doria, a diminuição dessa taxa se deve principalmente por notícias “irresponsáveis” nas redes sociais, que pedem o fim do isolamento. O isolamento social é prática utilizada no mundo todo como única alternativa para o controle do coronavírus.
Em São Paulo, a quarentena foi ampliada até 22 de abril. “Há informações e estímulo nas redes sociais, de pessoas que são absolutamente irresponsáveis, propondo e estimulando o relaxamento das medidas de isolamento. Volto a pedir, não saia de casa. Se você estima seus pais, seu marido, seus filhos, seu vizinho, seus demais parentes, não saia de casa. Sempre que você sair de casa sem necessidade você está colocando em risco a sua vida, a sua saúde e também de outras pessoas”, alertou o governador.
Doria chamou a atenção ainda que abril será o mês mais crítico da doença no estado e que, por isso, o isolamento é fundamental nesse período. “Não há nenhum abrandamento nas medidas que o estado de São Paulo adotou e continuará mantendo. Volto a repetir, nós apenas iniciamos o período mais crítico, mais difícil, mais dramático e mais triste dessa crise que vai produzir centenas de óbitos e, lamentavelmente, milhares de pessoas infectadas”.
Ao mostrar um gráfico em que compara o desempenho de São Paulo com o de outros países em número de casos confirmados da doença, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, disse que São Paulo já passou as linhas de registro de contágio de países como Japão e Singapura, e está se aproximando da linha da Coreia do Sul, que será ultrapassada já nos próximos dias. Acima dessa linha da Coreia do Sul estão países como Estados Unidos, Espanha, Itália, China, França e Reino Unido.
“O que quero dizer é que a nossa curva tem duas maneiras de se enxergar. A primeira é que estamos abaixo da Coreia do Sul. O que é uma coisa importante. Mas o segundo é que ela está embicando para cima, o que significa que precisamos tomar alguma providência para ver se trazemos a curva de novo para baixo. E que providência é essa? O isolamento social. Enquanto tivermos isolamento social em 50%, não vamos conseguir dobrar essa curva”, advertiu o secretário.
“Por isso, fiquem em casa. Precisamos de mais pessoas em casa”, ressaltou o secretário, acrescentando que “se não tivéssemos feito nada, hoje teríamos dez vezes mais pacientes portadores da virose do que temos hoje”.
São Paulo tem hoje 6.708 casos confirmados de coronavírus, com 428 óbitos. Há ainda 1.648 pessoas internadas por coronavírus, sendo que 844 em unidades de terapia intensiva (UTI).
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