Os dados da pesquisa refletem um otimismo considerável por parte das empresas inovadoras, que, apesar de desafios econômicos, seguem priorizando a inovação e o desenvolvimento de novas soluções (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 22 de março de 2025 às 08h07.
A expectativa para 2025 é de crescimento nos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) por parte das empresas industriais inovadoras. Segundo a Pesquisa de Inovação (Pintec) Semestral 2023, 49,1% das empresas do setor planejam aumentar os recursos destinados à inovação em comparação com 2024.
Realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo aponta ainda 48,8% das indústrias inovadoras indicam que irão manter o nível de investimentos em P&D de 2024 no próximo ano. Apenas 2,1% delas preveem uma redução no montante alocado em P&D.
De acordo com Flávio José Marques Peixoto, pesquisador do IBGE, uma empresa pode ser considerada inovadora se lançar "um produto novo ou substancialmente aprimorado, ou um processo de negócio novo, ou substancialmente aprimorado".
Os dados da pesquisa refletem um otimismo considerável por parte das empresas inovadoras, que, apesar de desafios econômicos, seguem priorizando a inovação e o desenvolvimento de novas soluções.
Como mostrou a EXAME, apesar do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria em 3,4% em 2024, a perspectiva do setor para este ano não é tão positiva por conta do aperto monetário e da piora das condições financeiras observadas nos últimos meses, segundo entidades. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) disse nesta semana prever um risco de "desaceleração" da atividade industrial.
Por outro lado, a aprovação de recursos de instituições governamentais para projetos de inovação na indústria decolou ao longo de 2024.
Na Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), as aprovações cresceram 232,8% na comparação com 2023, e somaram R$ 22,3 bilhões no ano passado. Na Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), por sua vez, os 610 projetos financiados totalizaram R$ 1 bilhão em investimentos em inovação e pesquisa, também um recorde para a instituição criada em 2013.
A pesquisa do IBGE também revela, no entanto, que as empresas não inovadoras apresentam uma perspectiva mais conservadora. Pelo menos 69% delas têm intenção de manter os investimentos em P&D do ano passado, enquanto 29,8% planejam aumentar os recursos alocados para a área. Apenas 1,2% das empresas não inovadoras informaram que reduzirão seus investimentos.
A pesquisa ainda aponta que, em 2023, 34,3% das empresas industriais inovadoras direcionaram recursos para P&D, um número praticamente estável em relação a 2022 (34,4%).
Já na comparação entre o ano de 2023 com 2022, 64,6% das indústrias brasileiras inovaram em produtos ou processos. O percentual indica uma queda em relação aos anos anteriores, quando a taxa foi de 68,1% em 2022 e 70,5% em 2021.
O ranking das atividades com maior taxa de inovação foi liderado pela fabricação de produtos químicos (88,7%), seguida por máquinas e equipamentos (88%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85,3%). Em geral, as empresas foram mais inovadoras em processo de negócios (51,0%) do que em produto (48,0%).
A taxa de investimento em P&D também aumenta conforme o porte da empresa. Em 2023, 73,6% das empresas com 500 funcionários ou mais apresentaram inovação. O percentual caiu para 70,8% quando analisadas apenas as empresas com 250 a 499 funcionários e para 59,3% no caso das empresas que têm de 100 a 249 empregados.
Peixoto destaca ainda que as empresas seguem enfrentando "problemas e obstáculos na sua inovação, sejam empresas inovadoras ou não. No caso do das inovadoras, vários aspectos atrapalham, incluindo problemas no seu processo inovativo. No caso das não inovadoras, na maioria das vezes, essas questões impedem que as inovações sejam realizadas", disse o gerente da pesquisa.
Entre as empresas inovadoras, 47,6% encontraram problemas ou obstáculos para inovar em 2023, abaixo dos percentuais de 2022 (47,9%) e de 2021 (59,1%). As principais dificuldades enfrentadas foram instabilidade econômica (44,2%), capacidade limitada de recursos internos (42,1%) e acirramento da concorrência (41,4%).