Brasil

Haddad defende fechar Minhocão por até um ano como teste

A ideia é testar o comportamento do trânsito antes de tomar uma "decisão radical"


	Minhocão: a ideia é testar o comportamento do trânsito antes de tomar uma "decisão radical"
 (Agliberto Lima)

Minhocão: a ideia é testar o comportamento do trânsito antes de tomar uma "decisão radical" (Agliberto Lima)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2016 às 17h31.

São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu pela primeira vez nesta quarta-feira, 16, que o Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, seja fechado em caráter experimental para carros, durante a semana, pelo período de um mês a um ano.

A ideia é testar o comportamento do trânsito antes de tomar uma "decisão radical", segundo o prefeito, como a demolição da via.

Ao propor a alternativa, Haddad criticou a falta de abertura da cidade para novidades urbanísticas e disse que é "constrangedor ter que passar por isso toda vez" em que propõe uma "inovação".

"Uma das coisas possíveis seria: vamos fechar por um mês, dois meses, três meses? Vamos estabelecer um prazo para ver com a cidade vive sem isso por um tempo, sem tomar a decisão. Vamos experimentar? Se nós tivermos uma comunidade mais aberta ao experimentalismo, vamos poupar tempo, energia, desgaste pessoal e vamos chegar a solução mais viáveis", disse Haddad, durante palestra para alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IF-SP).

"Obviamente que você não vai experimentar uma coisa sem base científica, mas se tem base, você tem que testar as hipóteses, mesmo correndo o risco de errar", destacou.

Procurada, a assessoria da Prefeitura informou que não há estudos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) sobre a possibilidade de fechamento do Elevado por um período apontado por Haddad nesta manhã.

A ideia foi uma hipótese levantada por ele que poderia ser colocada em prática no caminho para a desativação da via.

O debate sobre a eficiência do Minhocão como via de tráfego vem ganhando força desde julho de 2014, quando a gestão Haddad aprovou o Plano Diretor.

No artigo 375 do projeto, a Prefeitura previu a elaboração de uma lei específica para o Minhocão "determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado" e "definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque".

Segundo o prefeito, engenheiros e urbanistas "mais radicais" consultados pela gestão afirmam que vale a pena demolir o Minhocão.

Eles admitem, conforme Haddad, que o desmonte do Elevado vai causar transtorno por alguns meses, mas o trânsito vai acabar se acomodando sem a via e sem necessidade de um substituto.

Inicialmente, o petista chegou a especular a possibilidade de fechar por até um ano. Em seguida, porém, levantou a hipótese de pelo menos um mês.

"Talvez fosse o caso de, ao invés de tomar uma decisão radical como essa, convencer a cidade a fazer o seguinte: vamos fechar um ano e ver o que acontece. Uma das coisas que mais prejudicam a cidade é a falta de experimentalismo", afirmou.

Haddad criticou a falta de abertura da cidade às mudanças urbanísticas e o posicionamento "conservador" dos meios de comunicação. De acordo com o prefeito, para que a ideia do bloqueio aos carros possa ser levada à frente, é preciso ter uma abertura da sociedade.

"A cidade precisa se abrir um pouco para a mudança. Infelizmente, os meios de comunicação jogam um conservadorismo sempre. Mudança não é bem-vinda. Então, das duas uma: ou está tudo bem e mudar é sempre para pior ou não existe mudança para melhor. Não sei compreender esse tipo de raciocínio. Não sei se é porque eu vim da universidade. Na universidade, você está experimentando o tempo inteiro. Para aprender, tem que experimentar", defendeu o prefeito.

Ações judiciais

Além da imprensa, Haddad também fez críticas às ações judiciais que têm a Prefeitura como alvo. "Temos várias ações judiciais. Não pode ciclovia, não pode faixa de ônibus, não pode redução de velocidade, não pode abrir a Paulista. Não pode nada", disse.

O petista usou como exemplo de resistência da sociedade o programa de abertura da Avenida Paulista para pedestres e ciclistas, que, segundo ele, após seis meses, tem aprovação de 61% da população. Ele não citou a fonte dos dados.

"Quando fechamos a Paulista para carros aos domingos, deu 49 contra e 43 a favor no primeiro mês.

Agora, recentemente, deu 61% a favor e 34% contra. Ou seja, seis meses depois da medida tomada, as pessoas começaram a olhar para aquele espaço de uma outra maneira. Então, tiveram que experimentar. Sofremos ação judicial.

Poderíamos ter respondido por improbidade administrativa. Você já imaginou responder por improbidade administrativa porque você está testando umas hipóteses? No Brasil, isso é possível", afirmou.

Parque Minhocão

No dia 9 de março deste ano, Haddad sancionou uma lei determinando que o elevado passe a se chamar Parque Minhocão quando não houver carros.

Na ocasião, o prefeito disse que o Elevado é "errado" e que não teria erguido a via se fosse o gestor na década de 1970, época em que foi criada.

Ele também afirmou que a discussão sobre o desmonte do Minhocão ainda é precipitada porque o debate não está suficientemente amadurecido.

Desde julho do ano passado, o Minhocão passou a ser fechado para carros e aberto para pedestres também aos sábados, às 15 horas.

A via permanece quase 40 horas fechada e é reaberta na segunda-feira, às 6h30.

Antes, o elevado era aberto para lazer somente aos domingos. De segunda à sexta, o tráfego no Minhocão já fica fechado à noite (das 21h30 às 6h30).

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasFernando HaddadMetrópoles globaismobilidade-urbanaPolítica no BrasilPolíticos brasileirosPrefeitossao-pauloTrânsito

Mais de Brasil

Celulares nas escolas: relator muda proposta e autoriza alunos a levarem aparelho na mochila

Regras mais rígidas: Comissão de Orçamento se reúne para debater decisão de Dino sobre emendas

O que é considerado acidente de trabalho?

BYD planeja produção de carros elétricos no Brasil até março de 2025 e 20 mil empregos até 2026