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Governo de Minas é alvo de CPI por 'fura-fila' na vacinação

Foram imunizados 806 servidores da Secretaria de Saúde, de assessores de comunicação a funcionários de gabinete

Coronavírus (Gonzalo Fuentes/Reuters)

Coronavírus (Gonzalo Fuentes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de março de 2021 às 08h44.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais instalou uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a suspeita de que servidores estaduais tenham furado a fila de vacinação contra a covid-19. É a primeira vez que o governador Romeu Zema (Novo), eleito com a promessa de combater privilégios, enfrenta uma CPI.

Dos 77 deputados da Assembleia, 39 votaram pela abertura da comissão - 13 a mais que o mínimo necessário. Conforme seu requerimento de criação, a CPI não vai investigar apenas a vacinação dos servidores, e alcançará também recursos gastos pelo governo na pandemia.

Zema anunciou nesta quinta-feira, 11, a demissão do secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Em sua defesa, Amaral afirmou que o Plano Nacional de Imunização (PMI) prevê a vacinação dos profissionais de saúde, e disse que sua vacinação se justificava por ter feito visitas a campo.

Ao menos um assessor próximo ao governador, que não trabalha na área da Saúde, tomou a vacina. Nicolau Coimbra Campedelli trabalha na Diretoria Central de Relação com a Imprensa, vinculada à Secretaria-Geral do Estado. Todo o alto escalão da Secretaria de Saúde, subsecretários, assessores de comunicação e de cerimonial da pasta, além de funcionários de gabinete, foram imunizados, totalizando 806 servidores.

Enquanto isso, menos de 70% dos profissionais que atuam diretamente no combate à pandemia - médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem - no Estado receberam a primeira dose da vacina até agora. A segunda dose foi aplicada em 39,36% dos profissionais da área. O Ministério Público de Minas (MP-MG) investiga o caso e, anteontem, deu prazo de cinco dias para que o governo apresente a lista de servidores vacinados.

Na Assembleia, a avaliação entre deputados é de que a CPI foi instalada no pior momento possível para o governo Zema. O bloco considerado governista, que reúne deputados de sete partidos (Avante, Novo, Podemos, PP, PSDB, PSC e Solidariedade), não tem sido uma base coesa de apoio. Nas contas de deputados, apenas 11 dos 21 parlamentares do bloco se mantêm fiéis a Zema.

"Vamos investigar a fundo esses que se entendem privilegiados em passar na frente dos demais na vacinação, o que, segundo o Ministério da Saúde, no momento que vivemos de pandemia, é um dos crimes mais graves nos nossos dias atuais", declarou o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), na instalação da CPI.

Além das suspeitas de fura-fila, a CPI deve alcançar outras áreas da Saúde no Estado. A justificativa para a instalação diz que a CPI também investigará "o baixo investimento em ampliação de leitos para enfrentamento da pandemia no Estado, concomitante à não aplicação do mínimo constitucional em serviços públicos de saúde".

Autorizada

Nas redes sociais, Zema afirmou que determinou que os órgãos de controle apurem o processo de vacinação de servidores. Disse ainda que o secretário "garantiu que todas as ações adotadas são técnicas e legais". A assessoria do governador informou que o servidor da Secretaria-Geral vacinado "cumpre expediente presencial na Secretaria de Estado de Saúde" e "todos os demais profissionais citados atuam na área de comunicação da SES". Segundo o governo, a vacinação dos servidores foi autorizada conforme critérios técnicos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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