Brasil

Faltam 50 votos para Previdência, mas apoio cresce, diz Marun

Ministro da Secretaria de Governo disse que aposta em uma virada na disposição da população em relação à necessidade da reforma

Carlos Marun e Michel Temer: Para ministro, apoio da população refletiria no Congresso (Adriano Machado/Reuters)

Carlos Marun e Michel Temer: Para ministro, apoio da população refletiria no Congresso (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 14h51.

Brasília - Com apenas um ano pela frente, o governo do presidente Michel Temer ainda conta com a mudança de disposição dos parlamentares para aprovar a reforma da Previdência entre fevereiro e março deste ano, mas o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admite que faltam pelo menos 50 votos para o governo chegar ao mínimo necessário para aprovação na Câmara.

Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira (4), o ministro disse que aposta em uma virada na disposição da população em relação à necessidade da reforma, o que se refletiria no Congresso.

"A população começa a entender que a reforma é necessária, majoritariamente. Já temos menos de 50 por cento da população contra a reforma, em dezembro. Tenho expectativa que numa próxima pesquisa, até o final de janeiro, o percentual que não acha a reformas necessária esteja abaixo 30 por cento. Isso vai gerar reflexo positivo nos parlamentares", garantiu.

Depois de gastar munição para defender o presidente Michel Temer contra duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador da República Rodrigo Janot --que terminaram bloqueadas pela Câmara dos Deputados-- o governo tem pouco espaço de negociação com os partidos da base, especialmente em um ano eleitoral.

Marun diz, no entanto, que os argumentos contra a reforma estão se esgotando.

"São pouquíssimos os argumentos que se colocam. Não existe mais um combate à reforma com argumentos, existe um combateà reforma com constrangimento. Tentando constranger deputados", disse. "Não é mais o argumento que está faltando. Existe sim uma preocupação com a questão eleitoral, que é justa. Não estou criticando, é normal."

No final, analisa o ministro, uma mudança de perspectiva da população, que o governo estaria acompanhando com pesquisas, levaria aos 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição na Câmara.

A reforma da Previdência esteve sempre no centro das prioridades do Palácio do Planalto. Na ânsia de marcar seu governo como "reformista", o presidente chegou a dizer que teria um projeto pronto 30 dias depois de assumir o mandato, ainda como interino, em maio de 2016.

A realidade se revelou mais difícil que o esperado, mas o governo mantém a aposta, convencido de que a aprovação da reforma pode levar o país a crescer mais de 3 por cento este ano.

"A aprovação trará ao Brasil um período de grande crescimento econômico. Com a aprovação vamos passar de 3 por cento. Isso é um impacto que vai ser sentido pelas pessoas", disse Marun. "Aliás, já começa a ser sentido. Tivemos o melhor Natal dos últimos anos, não é à toa."

Questionado sobre se as negociações para aprovar o texto não podem desidratá-la a tal ponto que seja necessário fazer uma nova mudança daqui a alguns anos, Marun nega. Os pontos centrais --idade mínima e equiparação dos regimes de Previdência pública e privada--, diz, garantem um fôlego que pode chegar a 20 anos.

Uma vez aprovada a reforma agora, se houver um entendimento de que é preciso mexer de novo no tema antes de 20 anos isso poderia ser feito na reavaliação do teto de gastos, em 10 anos.

"Mas não vamos ter que reformar a Previdência no ano que vem, o que vai acontecer se não fizermos nada (agora)", afirmou.

"Aí vem o grande perigo de se eleger alguém dizendo que é contra a reforma da Previdência. Quando lhe mostrarem as contas públicas ele vai saber que vai ter que fazer no primeiro semestre de 2019", afirmou Marun, para o caso de o Congresso não aprovar a reforma agora em 2018.

"Aí se consolidaria um novo estelionato eleitoral e o Brasil não merece viver uma situação dessas novamente", acrescentou.

Marun admite o risco de as mudanças não serem aprovadas, mesmo com toda a negociação e pressão do governo. Mas afirma que colocou sua própria vida política em risco ao aceitar capitanear as negociações. Deputado federal, o gaúcho eleito por Mato Grosso do Sul desistiu de se candidatar à reeleição para aceitar o cargo de ministro da Secretaria no último ano de governo.

"O risco existe, mas é pequeno. Eu estou muito confiante. Eu coloquei inclusive minha vida política nesse projeto. Se não der certo... mas eu estou muito convencido que podemos aprovar", garantiu.

Acompanhe tudo sobre:Governo TemerMichel TemerReforma da Previdência

Mais de Brasil

CCJ da Câmara aprova projeto que dá autonomia para estados aumentarem penas de crimes

Quanto custa uma multa por jogar bituca de cigarro da janela do carro?

MDB declara apoio à candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado

Sites como Shein e AliExpress preveem impostos de 60% com nova taxação; entenda