Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. (Manuel Cortina/SOPA Images/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 12h30.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 19h59.
Na mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, um dado chama a atenção: a soma das intenções de voto espontâneo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) somam 58%. A pergunta espontânea é aquela em que os entrevistados respondem sem ter os nomes dos candidatos apresentados previamente, ou seja, reflete aquilo que está na cabeça dos eleitores de forma mais imediata. A situação complica a força de uma possível terceira via.
O número faz parte da sondagem que ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 22 de fevereiro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-05955/2022. A pesquisa EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Leia o relatório completo aqui.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, explica que este fato nunca ocorreu antes na história democrática brasileira. “A polarização faz com que o eleitor decida o voto muito antes e acarreta que ele não mude durante a campanha. Nós tivemos isso na eleição americana de 2020. Os candidatos foram para a campanha sem que houvesse muito espaço de convencimento. As campanhas gastaram muito mais dinheiro levando as pessoas para votar, do que para convencer”, diz.
A sete meses do primeiro turno das eleições presidenciais, a terceira via ainda não decolou nas pesquisas. Quando a questão é de forma espontânea, Sergio Moro (Podemos) aparece atrás de Lula e Bolsonaro, com 5% das intenções de voto. Somando todos os nomes citados pelos eleitores (nove no total), o número chega a 10%.
Quando a pergunta é estimulada, ou seja, com os nomes apresentados previamente aos entrevistados, Moro tem 10%, seguido de Ciro Gomes (PDT), com 8%. Neste quesito estimulado, Lula e Bolsonaro somam 69% das intenções de voto.
Desde que foi lançado como pré-candidato pelo Podemos, Sergio Moro ocupou a terceira colocação nas pesquisas de intenção de voto. Ciro Gomes, está tecnicamente empatado com ele, dentro da margem de erro. Maurício Moura explica que os próximos meses serão decisivos para a definição de um nome que eventualmente rivalize com Lula e Bolsonaro.
“Fizemos duas simulações no primeiro turno, uma com Rodrigo Pacheco e outra com o Eduardo Leite, potencial candidato do PSD, informação que tem circulado nos últimos tempos. A pesquisa mostra que mesmo que o Eduardo Leite tenha perdido as prévias do PSDB para o João Doria, estatisticamente eles estão empatados na estimulada e na espontânea. E isso dá o gancho para dizer que os números da terceira via ainda são bastante precários”, diz.
Em entrevista durante o CEO Conference, evento promovido pelo BTG Pactual, Doria admitiu, pela primeira vez, que pode desistir de ser candidato “lá na frente” caso não melhore sua pontuação nas pesquisas de intenção de voto. “Se lá na frente eu precisar oferecer o meu apoio para não ter dicotomia [de Lula e Bolsonaro] estarei ao lado daquele, e de quantos que serão capacitados, para ganhar”, afirmou.
Ainda segundo a pesquisa EXAME/IDEIA, 66% dos brasileiros dizem que o voto já está decidido. Entre aqueles que dizem que pode mudar (31%), a maior parte, 55%, dizem que vão definir o seu candidato à presidência até agosto. “Isso mostra que o tempo está passando para a terceira via e tem pouco espaço para ocupar o imaginário da opinião pública”, enfatiza Maurício Moura.
Em um eventual segundo turno, Lula lidera todos os cenários. Contra Bolsonaro, o petista tem 49% das intenções de voto, e o atual presidente tem 35%. É a menor margem entre todos os nomes testados contra o ex-presidente, o que indica uma alta disputa entre os dois, e uma terceira via enfraquecida.