EXAME/IDEIA: Bolsonaro atinge 40% de aprovação, a maior desde fevereiro
Efeitos do auxílio emergencial de 600 reais ainda são sentidos pela população. A aprovação é maior entre os que têm menor escolaridade
Carla Aranha
Publicado em 11 de setembro de 2020 às 10h42.
Última atualização em 11 de setembro de 2020 às 11h15.
Com um maior índice de popularidade entre as classes mais baixas, que receberam o auxílio emergencial, a aprovação ao presidente Jair Bolsonaro segue aumentando. Agora, está em 40%, maior nível desde fevereiro, antes do início da pandemia.
É o que mostram os novos resultados de uma pesquisa exclusiva de EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Research , braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
No início deste mês, a popularidade do presidente estava em 38%. No meio de agosto, o percentual era de 37%. A melhora nos índices de aprovação tem sido constante desde meados de agosto. A polarização, no entanto, se mantém alta: 40% dos brasileiros desaprovam o governo, a mesma porcentagem daqueles que se dizem satisfeitos com o trabalho do presidente. Outros 19% nem aprovam nem desaprovam o governo e 1% não souberam opinar.
A aprovação é maior entre os que têm menor instrução. Entre os que não têm o ensino fundamental completo, 61% aprovam o governo. Já entre os quem têm ensino superior esse percentual cai para 36%.
A pesquisa foi realizada com 1.200 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
EXAME/IDEIA também pergunta como a população avalia o governo: hoje, 35% dos brasileiros consideram o governo ótimo ou bom. O mesmo percentual, 35%, classificam a gestão do presidente de ruim ou péssima. Outros 30% avaliam o governo como regular.
“Aumentou a quantidade de brasileiros que classificam a administração de Bolsonaro como mediana, embora com um viés positivo, o que contribui para a avaliação positiva geral”, diz Mauricio Moura, fundador do IDEIA e professor da universidade George Washington, nos Estados Unidos.
A avaliação do governo muda também conforme a região do país. Quase metade dos que vivem no Sul avaliam o governo como ótimo e bom. Já um terço dos que moram no Sudeste consideram o governo péssimo.
“A pesquisa ainda reflete os efeitos positivos do auxílio emergencial de 600 reais, o que ajuda a explicar a popularidade do presidente, mas já captura o sentimento em relação à alta dos preços dos alimentos, que gera preocupação”, afirma.
Joga a favor do governo do presidente Bolsonaro a proposta da criação do programa Renda Brasil, embora ainda sem um valor definido. Ao mesmo tempo, a alta dos preços dos alimentos, que tiveram aumentos superiores à média da inflação em agosto, vem gerando ansiedade.
Não foi só o preço do arroz que assustou os brasileiros, com aumentos de mais de 20%. Alimentos como o feijão e o óleo de soja também registraram alta, assim como o frango, a carne de porco e cortes básicos de bovinos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira, dia 9. Em média, o prato típico do brasileiro ficou 11,4% mais caro.
A luz amarela já acendeu em parte da população, que continua favorável ao presidente Bolsonaro, mas aguarda os acontecimentos das próximas semanas com expectativa. “Ao menos parte dos brasileiros está em compasso de espera, principalmente em razão da inflação dos alimentos e da ansiedade em relação à definição do Renda Brasil, embora com um sinal claro de apoio à gestão federal”, afirma Moura.