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Exame/IDEIA: 40% dos brasileiros apoiam privatização dos Correios

Greves, demora nas entregas e percepção de que o serviço não é tão eficiente explicam preferência pela privatização da estatal

Funcionários dos Correios estão em greve há três semanas (FENTECT/Divulgação)

Funcionários dos Correios estão em greve há três semanas (FENTECT/Divulgação)

CA

Carla Aranha

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 06h15.

Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 10h14.

Enquanto boa parte da população é contrária às privatizações de um modo geral, a venda dos Correios para a iniciativa privada conta com o apoio de 40% dos brasileiros. É o que mostra uma pesquisa Exame/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

Para 40% dos brasileiros, a privatização da estatal é algo positivo, diante de 14% que são neutros e 37% contrários à venda da companhia. EXAME/IDEIA também perguntou a opinião dos brasileiros sobre a privatização da Caixa Econômica Federal – nesse caso, a maioria (49%) é contra, diante de 22% a favor, 19% neutros e 9% que não souberam opinar.

Os brasileiros revelam uma opinião parecida em relação a uma eventual processo de venda à iniciativa privada da Petrobras, com apenas 28% a favor, 41% contra, 20% nem a favor nem contra e 12% que não souberam responder.

O levantamento foi realizado com 1.235 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 24 e 31 de agosto, depois do início da greve dos Correios. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em relação às privatizações de companhias do governo em geral, sem que sejam mencionadas estatais específicas, os brasileiros estão divididos. Cerca de 34% não aprovam a ideia, enquanto 32% são a favor. Os neutros e aqueles que se abstiveram de opinar somam 34%.

(Arte/Exame)

“Talvez essas questões sejam um tanto complexas, levando em conta que a maioria da população brasileira pertence à baixa renda e tem preocupações mais urgentes, com a renda e trabalho, por exemplo”, diz Maurício Moura, fundador do IDEA. “No caso dos Correios, provavelmente existe uma relação mais palpável entre os consumidores e a estatal, já que as pessoas utilizam o serviço em seu dia a dia e têm condições de avaliá-lo”.

A greve dos Correios, que começou no dia 17 de agosto, segue sem previsão de encerramento por enquanto. Nesta sexta-feira, dia 11, será realizada uma audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (STF) entre os representantes dos trabalhadores e a companhia. De acordo com a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), a expectativa de que se chegue a um acordo é baixa.

"Não é difícil para população perceber que a qualidade do serviço não é tão elevada e nem muito confiável, com paralisações ou demora nas entregas", diz Eduardo Mello, professor de ciências políticas da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A principal demanda da categoria é a continuidade do acordo coletivo firmado em 2019 com a empresa, que foi suspenso em razão da pandemia. Com isso, cerca de 70 cláusulas trabalhistas caducaram, entre elas a licença-maternidade de 180 dias, pagamento de adicional noturno, auxílio-creche e indenização por morte. Os funcionários dos Correios também são contra a privatização da estatal.

A posição dos Correios

“Desde o início da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021, os Correios têm sido transparentes sobre a sua situação econômico-financeira, agravada pela crise mundial causada pela pandemia de Covid-19.

Conforme já amplamente divulgado, a empresa não tem mais como suportar as altas despesas, o que significa, dentre outras ações que já estão em andamento, discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos e que não condizem com a realidade atual de mercado, assegurando todos os direitos dos empregados previstos na legislação. A paralisação parcial em curso somente agrava esta situação”.

 

 

 

 

 

 

 

 

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