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Enquanto Notre-Dame recebe bilhões, Museu Nacional ganha R$ 1 mi em ajuda

Após incêndio, brasileiros doaram apenas R$ 157 mil; britânicos e alemães contribuíram com R$ 950 mil

Sete meses depois, empresas brasileiras doaram R$ 15 mil para a reconstrução do Museu Nacional (Tânia Rego/Agência Brasil)

Sete meses depois, empresas brasileiras doaram R$ 15 mil para a reconstrução do Museu Nacional (Tânia Rego/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de abril de 2019 às 11h42.

Rio - O incêndio da Catedral de Notre-Dame criou uma onda imediata de solidariedade na França. A situação é bastante diferente do que ocorreu no Brasil, em setembro do ano passado, quando o Museu Nacional foi destruído pelo fogo. Até hoje, a Associação dos Amigos do Museu recebeu R$ 15 mil de pessoas jurídicas e R$ 142 mil de pessoas físicas no Brasil.

A maior doação individual foi de R$ 20 mil e possivelmente teria partido de um cientista ligado ao museu. Do exterior, o Museu Nacional recebeu R$ 150 mil do British Council e cerca de R$ 800 mil - que podem chegar a R$ 4,4 milhões -, do governo da Alemanha. A reconstrução do Museu Nacional está estimada em cerca de R$ 100 milhões.

As doações de companhias francesas e milionárias para financiar a reconstrução da catedral de Notre-Dame em Paris, parcialmente destruída por um incêndio na noite de segunda-feira, ultrapassaram os 600 milhões de euros (680 milhões de dólares) nesta terça-feira. A empresa francesa de cosméticos, L’Oréal, dará 200 milhões de euros, um valor agregado aos 200 milhões doados pelo grupo LVMH e aos 100 milhões prometidos respectivamente pela família Pinault e pela petrolífera Total.

"Essa onda de solidariedade na França me deixa agradavelmente surpreso e me dá esperança de que aqui também os milionários brasileiros façam doações. Estamos precisando muito", afirmou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.

"O Brasil não se dá conta disso, mas o que perdemos aqui é muito maior do que o que foi perdido na Notre-Dame. Não estou falando do prédio, mas de uma coleção de 20 milhões de itens, dos mais diferentes países, biodiversidade, animais extintos, múmias, peças de tribos indígenas que não existem mais, é um acervo muito mais importante para a humanidade", disse.

Entre as preciosidades do acervo brasileiro estava o crânio de Luzia, ser humano mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, recuperado dos escombros após o fogo. Havia ainda toda uma coleção de múmias egípcias - inteiramente perdida no incêndio.

No caso do Brasil, doações como essas não podem ser deduzidas do Imposto de Renda, como ocorre em diversos países da Europa - a França entre eles.

"Essa é uma questão que o Brasil deveria rever", diz Kellner. "Fiz doutorado nos Estados Unidos e sempre me surpreendeu a vontade do americano de fazer filantropia. Mas eles têm o benefício fiscal." Na França, a isenção fiscal em casos de doações semelhantes pode chegar a 80%.

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