Bolsonaro e Guedes: rusgas sobre o valor do Renda Brasil, programa de transferência de renda que deve substituir o Bolsa Família (Andre Borges/Getty Images)
Leo Branco
Publicado em 26 de agosto de 2020 às 06h04.
Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 06h30.
Em busca de uma agenda positiva, o presidente Jair Bolsonaro deve ir a Minas Gerais nesta quarta-feira, 26, para participar da cerimônia de retomada de um dos fornos da unidade da siderúrgica Usiminas em Ipatinga, na região noroeste do estado. Além do presidente, devem participar do evento o governador mineiro, Romeu Zema, e lideranças empresariais do setor do aço. O evento está previsto para começar às 11h.
A expectativa é de muitas loas à retomada da economia brasileira na cerimônia. Em abril, boa parte da usina foi desligada em virtude da queda brusca na demanda causada pelo avanço da pandemia. Agora, a atividade por ali está voltando ao normal – um pretexto para discursos animados sobre a atuação do governo federal nos últimos meses.
Na prática, a situação é um tanto mais delicada. Em Brasília, o dia de ontem foi marcado pelo bate-cabeça entre Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a continuidade das políticas de transferência de renda criadas durante a pandemia – responsáveis, em grande medida, por evitar uma queda do PIB acima dos 5% previstos para 2020.
Bolsonaro tem dito a interlocutores que acha pouco o valor de 247 reais sugerido pela equipe de Guedes para o benefício a ser pago no Renda Brasil, programa pensado pelo governo para dar continuidade à transferência de renda daqui para frente, substituindo inclusive políticas públicas já consolidadas, como o Bolsa Família.
A ideia do presidente é manter o Renda Brasil com valor equivalente ao das últimas parcelas previstas no auxilío emergencial criado na crise da covid-19: 300 reais. O presidente vê no programa uma maneira de seguir com popularidade em alta e, assim, cacifar-se para a reeleição em 2022. Para Guedes, chegar ao valor de 300 reais será necessário tomar medidas impopulares no caminho, como cortar as deduções de saúde e educação do Imposto de Renda, coisa que Bolsonaro não quer.
Em meio às rusgas, boa parte do pacote de medidas para retomada da economia previsto para ontem – apelidado de "big bang day" por Guedes – ficou para depois. No rol de medidas estavam previstos, além da apresentação do Renda Brasil, a apresentação do Pró-Brasil, aposta de Bolsonaro para destravar investimentos em infraestrutura. Em Minas, Bolsonaro deve tentar alternativas para essa agenda positiva sair do papel.
(com informações de Estadão Conteúdo)