A Fundação IBGE+, que busca atuar em um modelo público-privado, tem gerado resistência dentro do instituto (LightRocket/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 12h47.
Última atualização em 28 de janeiro de 2025 às 13h03.
A crise no IBGE ganhou novos contornos nesta segunda-feira, 27, quando 20 servidores da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) publicaram uma carta aberta criticando a gestão do presidente do instituto, Márcio Pochmann, e se posicionando contra a criação da Fundação IBGE+, proposta pela presidência.
Na carta, os servidores rebateram acusações feitas pela presidência de que a Ence teria repassado recursos de forma irregular a associações privadas e defenderam a diferença entre as atividades de pesquisa acadêmica realizadas pela escola e as pesquisas oficiais de estatísticas nacionais.
"Consideramos as acusações levantadas contra professores e pesquisadores ativos e inativos da Ence e, portanto, do IBGE, um ataque leviano à integridade e trajetória profissional dos servidores do instituto", afirmaram os funcionários.
Eles também classificaram as acusações como uma "cortina de fumaça" para desviar o foco das discussões sobre os riscos associados à Fundação IBGE+, criticada por impactar negativamente a qualidade das pesquisas e do trabalho do instituto.
A Fundação IBGE+, que busca atuar em um modelo público-privado, tem gerado resistência dentro do instituto. O sindicato Assibge e servidores de três grandes diretorias (Pesquisas Econômicas, Geociências e Tecnologia da Informação) têm expressado preocupação com a falta de diálogo e o potencial impacto sobre a independência e a qualidade das estatísticas produzidas.
Na semana passada, uma carta aberta assinada por 136 servidores, incluindo coordenadores e dois ex-diretores, acusou a gestão Pochmann de ter um viés "autoritário, político e midiático".
Além disso, a saída de Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, diretora e diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE, na semana passada, aumentou a pressão sobre a gestão. Ambos deixaram seus cargos alegando falta de interlocução com a presidência.
Em resposta, o IBGE divulgou comunicado negando a existência de uma crise e criticando os servidores contrários à fundação, afirmando que poderá recorrer à Justiça contra o que chamou de "desinformação e mentira".
Enquanto os servidores cobram diálogo, o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, iniciou nesta segunda-feira uma viagem por cidades das cinco regiões do país para divulgar o plano de trabalho previsto para 2025.
A primeira parada foi em Belém, com próximas visitas programadas para Recife, nesta terça-feira, Brasília (DF), no dia 29, Vitória, no dia 30, e Porto Alegre, no dia 31.
Os servidores criticam a falta de transparência no plano de trabalho. "Não temos informações sobre essas diretrizes e nem fomos consultados", dizem os funcionários em diferentes cartas e comunicados.
O descontentamento entre os servidores, somado à renúncia de lideranças importantes, levanta dúvidas sobre o futuro do IBGE. As principais preocupações incluem:
A crise no IBGE acontece em um momento crucial, com impactos diretos para políticas públicas e tomadas de decisão que dependem das estatísticas produzidas pelo instituto.