Bolsonaro tem 'boa evolução clinica' e está sem dor, diz boletim médico
Ex-presidente segue sem previsão de alta da UTI, segundo nota divulgada por hospital

Agência de notícias
Publicado em 14 de abril de 2025 às 18h21.
Última atualização em 14 de abril de 2025 às 18h23.
A equipe médica responsável pela cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou novo boletim sobre o estado de saúde dele, na tarde desta segunda-feira. O ex-presidente passou por cirurgia de mais de 12 horas no domingo.
Segundo o texto, Bolsonaro está sem dor e sem sangramentos. O texto do DF Star afirma que ele sentou-se no leito e iniciou deambulação assistida, ou seja, auxílio para levantar e andar. O presidente segue sem previsão de deixar a unidade de terapia intensiva ( UTI ).
"O Hospital DF Star informa que o ex-presidente Jair Bolsonaro encontra-se internado na unidade de terapia intensiva (UTI), em acompanhamento pós-operatório de cirurgia de lise de extensas bridas e reconstrução de parede abdominal. Apresenta-se com boa evolução clinica, mantendo-se acordado, orientado, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências. No decorrer do dia, sentou-se no leito e iniciou deambulação assistida, sem previsão de alta da unidade de terapia intensiva", diz a íntegra do boletim.
Mais cedo, em entrevista coletiva, os médicos afirmaram que o resultado da intervenção foi satisfatório, mas que não há ainda uma previsão de saída da unidade de terapia intensiva ( UTI ). A expectativa, no geral, é de uma internação hospitalar de pelo menos duas semanas. O ex-presidente está se alimentando por via intravenosa no momento, está acordado e "consciente", segundo os médicos.
— Expectativa é que Bolsonaro tenha uma vida sem restrições, mas o pós-operatório deve durar de dois a três meses. Nossa expectativa é que ele fique pelo menos duas semanas internado. É uma previsão que será reavaliada com a evolução — disse o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe.
Ele acrescentou que cirurgia foi necessária porque a distensão no abdome de Bolsonaro não cedia.
— Grosso modo, o abdome dele é um ambiente hostil, pelas cirurgias prévias e a facada recebida. Para se ter ideia, foram necessárias duas horas de cirurgia só para acessar a parede abdominal dele. O intestino estava sofrido, o que nos leva a crer que ele já estava com esse quadro há meses. Isso contribuiu para a decisão de intervenção cirúrgica. Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isso é esperado — acrescentou Birolini.
Quando Bolsonaro vai receber alta?
Outro integrante da equipe médica, o cardiologista Leandro Echenique evitou falar sobre uma previsão de alta hospitalar e informou ainda que não há "sequer previsão de Bolsonaro sair da UTI". Em post nas redes sociais na madrugada, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia afirmado que ele tinha seguido para o quarto. Os médicos explicaram que ela quis se referir ao fato de Bolsonaro ter deixado o centro cirúrgico e ido para o quarto da UTI.
— A cirurgia foi extremamente complicada, havia muitas aderências. O procedimento terminou muito bem, com resultado excelente — disse Echenique. — É claro que isso implica em alguns cuidados de pós-operatório, que será acompanhado nos próximos dias. Não houve complicação, era um procedimento complexo. O organismo do paciente tem uma resposta inflamatória, é comum, e pode levar a intercorrências, como infecções e aumento de pressão. Ele precisa de medidas específicas, pelo aumento do risco de trombose. Vai ser um pós-operatório delicado e prolongado. Não há qualquer previsão de alta.
— O presidente tem uma agenda muito extensa, é difícil segurá-lo para viagens. Tentaremos segurar enquanto pudermos para a recuperação — disse Birolini.
O que aconteceu com Bolsonaro?
Bolsonaro foi submetido no domingo a uma cirurgia para desobstruir parte do intestino no hospital DF Star, em Brasília. A intervenção de “grande porte” para descolar as chamadas “aderências” no órgão e reconstruir a parede abdominal durou cerca de 12 horas e foi concluída sem intercorrências, segundo a equipe médica responsável.
"Está estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções", diz o boletim médico divulgado no domingo.
O que é laparotomia exploradora?
Bolsonaro passou por uma “laparotomia exploradora”, procedimento que consiste em cortar o abdome para examinar os órgãos internos. No caso do ex-presidente, houve o diagnóstico de retenção do trânsito do intestino. O objetivo, então, foi desfazer as “aderências” que bloquearam a digestão do paciente. Depois, houve a reconstrução da parede abdominal, feita para reforçar a musculatura dessa parte do corpo.
“O procedimento de grande porte teve duração de 12 horas, ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue”, informou um trecho do comunicado dos médicos que fizeram o procedimento no DF Star.
O que causou a obstrução intestinal de Bolsonaro?
Os profissionais acrescentaram que a obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento. Bolsonaro foi encaminhado para a UTI e, segundo os médicos, está “estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções”.
Bolsonaro passou mal na última sexta-feira, no Rio Grande do Norte, após sentir os efeitos da retenção intestinal e foi transferido no dia seguinte para o Distrito Federal. A operação começou pouco depois das 10h de ontem e terminou por volta das 21h. O problema de saúde do ex-presidente é uma sequela do ataque a faca contra ele há sete anos, durante a campanha de 2018.
Duração maior
Inicialmente, Michelle Bolsonaro anunciou que a cirurgia no intestino de Bolsonaro terminaria entre 19h e 20h. No entanto, ela voltou às redes por volta das 18h para informar que o procedimento iria durar uma ou duas horas além do esperado. A ex-primeira dama já havia adiantado que a cirurgia seria longa.
Pouco antes do término da operação, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) falou sobre o caso a jornalistas e apoiadores do ex-presidente:
— Toda cirurgia no intestino é delicada, e não estamos falando de um menino, é uma pessoa que já tem uma idade e que já passou por essa cirurgia. São sequelas, a família sempre soube que ele nunca teria uma vida normal depois que tentaram matá-lo.
O ex-presidente participava, na sexta-feira de manhã, de um ato político no Rio Grande do Norte quando começou a sentir dor na região da barriga. Ele foi atendido às 11h15 em um hospital na cidade de Santa Cruz, a 115 quilômetros da capital potiguar, e depois foi transferido para Natal. Segundo boletim médico anterior, Bolsonaro apresentava um quadro de distensão abdominal.
Ao avaliar a situação de saúde do ex-presidente, a equipe médica ficou preocupada com indícios de piora no quadro. Desde a facada em 2018, Bolsonaro tem histórico de interrupção do trânsito no intestino, que é controlada a partir de medicação.
— Da forma como ele chegou, bastante desidratado, com muita dor e distensão abdominal exuberante, dá para dizer com alguma segurança que esse foi o quadro mais exuberante em relação aos quadros anteriores que ele apresentou. Embora eu não tenha acompanhado presencialmente as outras ocasiões — afirmou em coletiva o médico Claudio Birolini, que acompanha o quadro clínico de Bolsonaro e participou da cirurgia em Brasília.
Alguns conselheiros queriam que Bolsonaro fosse acompanhado em São Paulo pela equipe do médico Antonio Luiz Macedo, que monitora seu estado desde a época da facada. Michelle, porém, se opôs à ideia e optou por realizar a cirurgia em Brasília, sob os cuidados de Birolini, especialista em parede abdominal.
A obstrução intestinal, causa da internação de Bolsonaro, ocorre quando há bloqueio do intestino, parcial ou completo, o que impede o funcionamento normal do sistema digestivo ou a passagem das fezes. O ex-presidente também foi hospitalizado devido ao problema em maio do ano passado, em 2023 e em 2021. Em 2023, ele também chegou a ser operado para resolver a questão.