Na dúvida? Vá de Tesouro Selic!
Seria o Tesouro Selic a "nova Caderneta de Poupança"?
Publicado em 9 de agosto de 2016 às, 14h55.
Última atualização em 17 de outubro de 2018 às, 16h21.
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Se tem uma coisa que “assombra” profissionais de finanças e investimentos são aquelas perguntas “na lata”, do tipo “afinal, por onde começar?”.
Não existem “respostas prontas” e “soluções de tamanho único” no mundo das finanças. Tudo depende de fatores externos e internos. Entre os externos estão aqueles velhos conhecidos, como a inflação, a expectativa dos juros e outros. Já nos fatores internos estão o perfil de risco, as expectativas quanto ao retorno e necessidades de liquidez no futuro.
Há alguns dias, num webinário, passei por essa situação e não tinha como escapar. A pergunta veio como um míssil: “Para quem está completamente perdido, o que fazer?”. Eu respondi de forma quase intuitiva: “Na dúvida, Tesouro Selic!”.
Depois que a poeira baixou, comecei a refletir e, de fato, acho que já tenho uma resposta “rápida e direta” para quando me fizerem esse tipo de pergunta novamente. Aqui no Brasil, até por questões culturais, o “caminho de menor resistência” é a Caderneta de Poupança. Ela é simples (há controvérsias…) e as pessoas se sentem confortáveis com ela. Ela é a nossa referência, nosso benchmark de investimentos. Quem nunca viu aquelas projeções infames de telejornais quando tem um sorteio de prêmio recorde de loteria? “Se o valor for depositado na Poupança, vai dar para comprar ‘X’ carros populares por mês”. Somos um país onde medimos as coisas pelo rendimento da Poupança e pelo preço dos carros populares…
Mas a verdade é que o investimento “pau pra toda obra” de um brasileiro típico, sem grandes conhecimentos de finanças, deveria ser o Tesouro Selic. Ele é simples (a propósito, para aqueles que dizem que a Caderneta de Poupança é simples, alguém se importaria em me explicar o que é “TR”, de forma rápida e sem enrolação?) e seguro.
Os dois maiores riscos num investimento de renda fixa são o risco de crédito (default) e o risco de mercado. O risco de crédito em um título público federal é irrelevante. Qualquer título público é infinitamente mais seguro que a Poupança ou qualquer outro investimento oferecido por um banco (ainda que tenha cobertura do Fundo Garantidor de Créditos).
Já o risco de mercado, num título pós-fixado “puro” como o Tesouro Selic, também é irrelevante.Ele acompanha a variação diária da Selic e não dá aquelas “chacoalhadas” típicas dos prefixados (ou daqueles títulos vinculados à inflação que, na prática, se comportam como prefixados). Então, a possibilidade de perda caso o investidor se desfaça do título antes do vencimento é mínima.
Outra coisa: em qualquer circunstância, a Poupança vai perder do Tesouro Selic em termos de rentabilidade. O Tesouro Selic rende, como o nome sugere, a taxa Selic, enquanto a Poupança rende 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais a variação da TR. A Selic está bem acima do rendimento da Poupança e, pelas novas regras criadas em 2012, se a Selic vier abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da Poupança será 75% da Selic. Ou seja, jamais a Poupança vai render mais que o Tesouro Selic.
A Caderneta de Poupança tem retorno mais baixo que o Tesouro Selic e risco mais alto. Não faz sentido investir em algo menos rentável e mais arriscado. Na construção de um portfólio, nós “toleramos” investimentos de risco maior em troca de um retorno potencial igualmente maior.
Numa comparação entre Tesouro Selic e Caderneta de Poupança, essa relação inversa jamais vai existir. Investir em caderneta de Poupança é juntar “o pior de dois mundos”.
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