“Temos de aumentar nossa cesta de produtos para exportações”, diz Tereza Cristina
A senadora e ex-ministra da Agricultura esteve no evento Macro Day, organizado pelo BTG Pactual, e defendeu melhor infraestrutura e crédito adequado ao setor
Repórter de Agro
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 15h51.
Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 08h11.
Em meio à discussão sobre as oportunidades para o Brasil no agronegócio, Tereza Cristina, senadora e ex-ministra da Agricultura, ressalta a necessidade deampliar os produtos para exportação, diminuindo a dependência por commodities como soja e milho. As afirmações foram feitas durante evento Macro Day, organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), nesta segunda-feira, 6.
“Temos de aumentar nossa cesta de produtos para exportações, somos tímidos, podemos crescer mais, em frutas e carnes. Somos um país agrícola com potencial de outras culturas que a gente nem enxerga, e que podem se tornar commodities importantes para diversificação da base agrícola do Brasil”, disse.
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Além de ampliação da produção agropecuária, Tereza Cristina reforça a importância da abertura de mercados como estratégia de diversificação. Ela cita o exemplo da Índia, cuja população tem crescido e demandado mais alimentos. Nesta semana, o ministro Carlos Fávaro está em Nova Delhi para uma série de compromissos, incluindo o encontro comPiyush Goyal,ministro do Comércio e Indústria, Assuntos dos Consumidores, Alimentos e Estoques Públicos e Têxteis da Índia.
Para que haja a expansão das variedades exportadas, a senadora considera dois pontos cruciais: infraestrutura e crédito.
Da porteira para dentro, Tereza Cristina avalia que o produtor tem conseguido se superar em produtividade e adoção de tecnologia, mas continua esbarrando no desafio da logística, o que encarece o preço do produto e interfere na competitividade.
“É quase inconcebível que ainda tenhamos defasagem de armazenamento. É preciso ser mais inteligente e mais barato. Nossa infraestrutura nos deixa menos competitivos, mesmo assim conseguimos chegar com nosso produto lá fora”, afirmou.
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Impacto a outros segmentos
Neste sentido, Júlio Piza, chairman da Kepler Weber, comentou que a safra 2022/23 já foi atingida com prêmio negativo nos portos, pois escoar um grande volume da produção de grãos simultaneamente gera um desconto relevante nos preços. “Precisamos de um ciclo de investimento significativo, porque o mercado está nitidamente punindo essa falta de silo hoje”, falou durante painel no Macro Day.
A capacidade de estocar grãos também interessa ao segmento da bioenergia, podendo ser uma das vantagens competitivas do Brasil, conforme avalia Rafael Abud, CEO da FSBio. Ele aponta que o Brasil tem 33% mais de capacidade de produção agrícola que a média mundial, sendo exemplo do que ele chama de food and fuel [comida e combustível].
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“Intensificar a produtividade por área permite produzir alimentos e energia simultaneamente, que é o que o Brasil está fazendo hoje. Então, precisamos ser inteligentes para que a infraestrutura e logística acompanhem isso”, disse.
Como solução, Tereza Cristina defende mais concessão de crédito para silos e armazéns dentro e fora das fazendas, tornando a logística mais simples também. “A agricultura no Brasil foi feita como os Bandeirantes fizeram, desbravando, mas agora temos muito por fazer e diminuir o custo-Brasil. É isso que nos olham lá fora, com algum temor, porque eles [ estrangeiros ] têm medo do potencial que a agricultura brasileira tem”, disse.
A ex-ministra propõe um formato de crédito tailor-made — feito sob à medida para a realidade dos produtores —, cujo prazos passem a condizer com a realidade do negócio rural.