Colheita de soja avança em algumas regiões para garantir produção e minimizar prejuízos (Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Reprodução)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 19 de março de 2025 às 11h48.
A colheita da soja da safra 2024/25 está na reta final no Brasil e, em alguns dos principais estados produtores, acima da média histórica. Segundo dados da consultoria AgRural, a colheita alcançou 70% da área cultivada no país até a última quinta-feira, 13 — o índice é o mais alto para meados de março na série histórica da AgRural. No mesmo período em 2023/24, os trabalhos estavam em 63%.
"A colheita seguiu avançando com bom ritmo nas áreas mais tardias do Brasil, puxada pelo avanço acelerado do Norte/Nordeste", diz a consultoria em relatório.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que o Mato Grosso já colheu 91,7% da área plantada, ligeiramente acima da média histórica, que é 90,5%. Apesar do progresso, a safra de soja 2024/2025 no estado enfrenta desafios climáticos e logísticos, que impactaram os trabalhos de colheita e escoamento.
No estado de São Paulo, os trabalhos de colheita estão em 85%, um avanço de 20 pontos percentuais em relação à semana anterior. O Mato Grosso do Sul já colheu 70% da safra, com avanço semanal de 12 p.p. e se aproximando da média histórica (71,8%).
As atenções, no entanto, estão voltadas para o Rio Grande do Sul, que caminha para ter mais uma quebra de safra nesta temporada por causa do tempo quente e seco, diz a Ag Rural.A estiagem, inclusive, causou perda de 30,4% nas lavouras do estado, mostra levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
A estimativa inicial da principal cultura de verão no RS estimava que fossem colhidas 21,6 milhões de toneladas do grão, mas a nova projeção do órgão aponta redução para 15 milhões de toneladas.
A situação no estado gaúcho acendeu um alerta sobre a possibilidade de uma safra recorde no país em 2024/25. Último levantamento da Conab mostra que o Brasil deve colher 328,3 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 10,5% em relação à safra anterior, caso o número se confirme.
Para a soja, a estimativa do órgão aponta para uma produção de 167,4 milhões de toneladas, 13,3% superior à safra passada.
Para Alaíde Ziemmer, analista de mercado da AgRural, o Rio Grande do Sul de fato preocupa, mas a boa produtividade de outros estados pode compensar a quebra de safra do estado, como é o caso de Goiás e dos estados que compõem a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Mas não é apenas a colheita da soja que está em sua fase final. O plantio do milho de segunda safra (também chamado de safrinha) caminha para sua etapa derradeira.
Levantamento da Datagro Consultoria mostra que a semeadura do cereal atingiu 93,4% até a última sexta-feira, 14, um resultado superior ao registrado no mesmo período de 2024 (91,5%) e acima da média histórica (88,2%).
Segundo a consultoria, com a proximidade do término do plantio e boas perspectivas climáticas para o desenvolvimento da cultura, as expectativas para uma safra cheia seguem positivas. A Conab estima uma produção de 95,5 milhões de toneladas, um aumento de 5,8% em relação a 2023/24. Ainda, segundo o órgão, a produção brasileira total de milho na safra 2024/25 deve alcançar 122,8 milhões de toneladas.
"O milho de segunda safra responde por mais de 70% da produção nacional, e os bons resultados da semeadura podem impactar diretamente a oferta futura do grão, essencial para setores como a pecuária e a indústria de etanol", aponta a Datagro em relatório.
Em estados como o Mato Grosso, o plantio já atingiu 99,0% da área estimada, praticamente igual ao índice de 2024 (99,8%), mas bem acima da média histórica (96,9%) — o ritmo de semeadura é considerado excelente, e as plantações indicam boas perspectivas de produtividade no estado.
No Mato Grosso do Sul, o plantio também avançou significativamente, atingindo 96,0% da área até a data mencionada, superando os 82,0% registrados em 2024 e a média histórica de 80,8%. Apesar das condições de umidade do solo favoráveis, o excesso de chuvas tem dificultado o término dos trabalhos em algumas regiões.
No Paraná, o plantio atingiu 90,0% da área estimada para 2025. Embora abaixo do índice de 94,0% do ano passado, o número segue expressivamente acima da média histórica (84,6%). A principal preocupação no estado está no Oeste paranaense, onde os produtores enfrentam falta de chuvas, o que pode comprometer o enchimento de grãos e impactar a produtividade.