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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 27 de março de 2025 às 10h29.
O ovo foi o grande vilão da prévia da inflação divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do alimento, que subiu 19,44% nos primeiros 15 dias de março, o tomate, o café e as frutas subiram 12,57%, 8,53% e 1,96%, respectivamente, no período.
No grupo Alimentação e bebidas, que teve alta de 1,09%, a alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em fevereiro para 1,25% em março.
Além disso, a alimentação fora do domicílio (0,66%) apresentou aceleração em relação ao mês de fevereiro (0,56%). A alta foi puxada pela refeição, que subiu de 0,43% para 0,62% em março.
O aumento no preço dos ovos é explicado, principalmente, pelo calor excessivo, que prejudicou a produtividade das galinhas. Outro fator foi o crescimento das exportações da proteína para os Estados Unidos, que enfrentam uma queda na produção por causa do surto de gripe aviária desde o final de 2024.
No caso do café, a alta é uma tendência que começou no ano passado, em razão da quebra de safra no Brasil e no Vietnã, ambos grandes produtores globais da commodity.
Ao longo dos últimos meses, a inflação dos alimentos virou dor de cabeça para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O aumento de preços é apontado pelo Palácio do Planalto como uma das principais razões para a queda de popularidade do presidente.
Em uma tentativa de conter a alta dos preços, o governo anunciou uma série de medidas, entre elas zerou a alíquota de importação de um grupo de alimentos, com destaque para o azeite.
No entanto, analistas e produtores afirmam que a medida terá impacto limitado. A avaliação é que o efeito da iniciativa sobre a inflação deve ser pequeno e pontual.
Além disso, o governo sinalizou aos governadores para reduzir ou zerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da cesta básica.
Neste mês, Lula declarou que o governo trabalha para “descobrir quem é o 'pilantra'” responsável pelo aumento no preço do ovo. Especialistas, porém, apontam que a alta é resultado de uma combinação de fatores — e não de um único responsável.