EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

O que são os alimentos funcionais, em alta no setor de alimentos?

Uma das principais tendências de mercado, categoria reflete a procura crescente do consumidor por uma dieta mais saudável

O controle dos alimentos considerados funcionais no país é feito pela Anvisa. (FabrikaPhoto/envato)

O controle dos alimentos considerados funcionais no país é feito pela Anvisa. (FabrikaPhoto/envato)

EXAME Solutions
EXAME Solutions

EXAME Solutions

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 14h00.

Impulsionado por tendências que refletem as mudanças nas preferências dos consumidores, o setor de alimentos vem passando por diversas transformações. Entre os movimentos mais significativos apontados pelo Sebrae, está a busca crescente por alimentos funcionais, adaptados a necessidades individuais e condições de saúde específicas. 

A fim de atender a essa demanda, a indústria alimentícia está reformulando produtos para oferecer mais opções que priorizem a nutrição e a saúde, além de investir fortemente em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos do tipo, como antioxidantes, probióticos e ingredientes fortificados. 

3 grandes tendências da indústria de alimentos 

  • Alimentos saudáveis e funcionais
  • Produção com práticas sustentáveis
  • Uso de tecnologias para produção 

Fonte: Relatório de Inteligência 2024 do Sebrae

Para que servem os alimentos funcionais 

Segundo a Embrapa, há definições distintas internacionalmente para “alimento funcional”, mas em todas elas o fundamento é o mesmo. São chamados de funcionais os alimentos sólidos ou líquidos consumidos na dieta cotidiana que, além de suas propriedades nutricionais básicas, oferecem benefícios específicos à saúde, auxiliando para um melhor funcionamento do organismo. 

Por conterem substâncias biologicamente ativas em sua composição, eles ajudam a regular algumas atividades corporais, reduzindo os riscos de doenças como câncer, osteoporose, diabetes, prisão de ventre, pressão alta, entre outras.  

O que são substâncias bioativas

A Resolução RDC nº 243 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) caracteriza os bioativos como nutrientes (vitaminas e minerais, por exemplo) ou não nutrientes (como licopeno, flavonoides, ômega 3) que possuem ação metabólica ou fisiológica específica no organismo humano. 

A autarquia esclarece que, para ser considerada bioativa, a substância precisa ser um componente natural de alimentos com histórico de uso reconhecido. Isso quer dizer que deve estar tradicionalmente na dieta e ter uma composição conhecida. “Também pode ser obtido a partir de alimentos sem histórico de consumo no País, desde que a segurança de seu uso seja comprovada nos termos das Resoluções nº 16 e 17, de 1999”, complementa a Anvisa.

Exemplos de bioativos  

As fibras solúveis, as fibras insolúveis e a beta-glucana presentes na aveia são exemplos de componentes ativos. Nesse caso, o consumo regular de aveia pode ajudar no bom funcionamento intestinal, na prevenção do câncer de cólon, no controle da glicemia, na redução do nível de colesterol e ainda na manutenção do peso, já que aumenta a sensação de saciedade. 

Entre as classes de alimentos tidas como funcionais, a Embrapa destaca também como exemplos os probióticos (microorganismos vivos que contribuem para o desenvolvimento da flora microbiana no intestino); os antioxidantes (incluem, entre outros componentes, as vitaminas A, C e E e compostos fenólicos, que atuam contra os radicais livres); e os ácidos graxos, ômega 3, ômega 6 e ácido linoléico conjugado (possuem diferentes propriedades como anti-inflamatória e anticoagulante, e colaboram na redução do colesterol).

"O mercado global de alimentos funcionais deverá crescer de 186,2 bilhões de dólares em 2023 para 212,8 bilhões até 2028"Mordor Intelligence

Compostos bioativos como estes estão presentes nos alimentos in natura, como legumes, frutas e cereais, mas também podem ser acrescentados por processo industrial a outros tipos de alimento. Bebidas funcionais são uma amostra disso. Em alta atualmente no mercado, são vendidas com as mais variadas fórmulas e objetivos, desde dar energia e melhorar a função cognitiva até turbinar o sistema imunológico. 

A marca Natural One, por exemplo, passou a comercializar em julho bebidas funcionais com yacon, tubérculo originário dos Andes conhecido pelo seu alto valor nutricional, com benefícios relativos à saúde intestinal e principalmente ao controle da glicemia. Já a Mahta produz um café funcional amazônico, que traz vitalidade combinando café orgânico agroflorestal, guaraná de Maués e marapuama, planta medicinal que promove o vigor.

Como são regulados no Brasil

O controle dos alimentos considerados funcionais no país é feito pela Anvisa. Para receberem essa classificação, eles precisam passar por avaliação da agência, que considera os ingredientes, a tabela nutricional, os benefícios de consumo e se seu uso é seguro sem supervisão médica. 

Para essa análise, a legislação não se refere a “alimento funcional”, e sim alegação de propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde. “Uma alegação é qualquer mensagem ou representação que sugira ou implique que uma substância bioativa de um alimento possui características particulares”, explica o órgão. 

Para que uma alegação seja autorizada, a Anvisa informa que o solicitante deve apresentar comprovação fundamentada por meio de evidência científica consistente e confiável. Aprovado o alimento/ingrediente, a autarquia então determina as diretrizes para sua utilização e as condições de registro.

Não confunda: não é medicamento

É preciso estar consciente, por fim, que os alimentos funcionais não atuam como medicamentos. Os próprios guias da Anvisa frisam que as alegações podem se associar à promoção geral da saúde, ao papel fisiológico dos nutrientes ou não nutrientes e à diminuição do risco a doenças, mas “não são permitidas alegações que façam referência à cura ou prevenção de doenças”, dizem os documentos.

Outros cuidados essenciais quanto ao consumo: 

É preciso regularidade - Para que os benefícios dos alimentos funcionais sejam alcançados de fato, devem ser consumidos regularmente. Frutas, legumes, verduras e cereais integrais, por exemplo, que contêm a maior parte dos bioativos, precisam ser ingeridos diariamente.

Dieta deve ser condizente - Essas substâncias têm efeito apenas quando combinadas com uma dieta saudável e balanceada. Não ainda consumir alimentos que ajudam no controle da glicemia ou do colesterol, por exemplo, se no restante da alimentação houver consumo excessivo de açúcar e gordura.     

De olho no rótulo - No caso dos alimentos funcionais industrializados, é importante, principalmente, se informar sobre o produto e seu fabricante, verificando se ele teve sua eficácia avaliada em pesquisas sérias, e seguir as instruções de uso dos rótulos, para que sejam gerados os benefícios esperados. Além disso, não custa lembrar que esses alimentos não substituem uma refeição, são apenas complementos. 

Acompanhe tudo sobre:branded-contentAlimentando o Planeta

Mais de EXAME Agro

Com produtividade melhor, soja brasileira deve atingir 167,7 milhões de toneladas, estima Abiove

Camil expande no Paraguai com compra da Villa Oliva por US$ 33 milhões

Opinião: O retorno de Trump: impactos e desafios para o agro e a economia brasileira

Acordo entre União Europeia e Mercosul deve ser anunciado em 6 de dezembro, diz Fávaro