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Minerva: Ações caem 43% desde o anúncio da compra de 16 plantas da Marfrig por R$ 7,5 bi (Alfribeiro/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 16h00.
Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 16h49.
O Brasil domina a pecuária mundial. Com um rebanho que ultrapassa a marca de 224 milhões de cabeças de gado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país ocupa o 1º lugar no ranking mundial de produção de bovinos.
E no coração dessa liderança está a raça Nelore, representando mais de 80% do rebanho nacional.
O Nelore é, sem dúvida, uma das estrelas da pecuária brasileira. E essa fama não é à toa. A raça traz consigo características únicas que a tornam uma opção preferencial para muitos produtores. Então, vamos explorar o torna esse gigante da pecuária tão especial:
Esses animais têm um aspecto sadio e vigoroso. Seus ossos são fortes, leves e robustos. Eles têm uma musculatura compacta e bem distribuída, tornando-os ideais para a pecuária de corte. Apesar da robustez, têm um temperamento ativo e dócil.
De pelagem branca ou cinza-clara, os machos têm o pescoço e o cupim normalmente mais escuros. Sua pele é preta ou escura, fina, flexível, macia, solta e com uma oleosidade saudável, protegendo-os das adversidades do clima.
É distinta, em formato de ataúde. A cara é estreita e o perfil é sutilmente convexo. Na fronte, uma depressão alongada (goteira) marca sua fisionomia, e o chanfro é reto e proporcional.
As orelhas são curtas, terminando em ponta de lança, e movimentam-se ativamente. Em relação aos chifres, eles são firmes, curtos, cônicos, mais grossos na base e de superfície rugosa. Seu crescimento pode ter diferentes direções, dependendo do animal.
Nos machos, o pescoço é musculoso, enquanto nas fêmeas é mais delicado. O peito é largo, com boa musculatura. O cupim, característico dos zebuínos, serve como reserva de energia. Ele é mais proeminente nos machos.
A região dorso-lombar é reta, com ligeira inclinação. A garupa é longa, larga e levemente inclinada, harmoniosamente ligada ao lombo.
Os membros anteriores e posteriores são de comprimento médio, fortes e bem musculosos. As coxas e pernas são largas, com músculos que descem até os jarretes. Os cascos são pretos e bem conformados.
Características reprodutivas
Nas fêmeas, o úbere tem volume pequeno, com tetas desenhadas para facilitar a amamentação. Já os machos possuem uma bolsa escrotal fina e pigmentada, com testículos bem desenvolvidos.
O Nelore domina os rebanhos nacionais. Os principais motivos são:
Com essas características, fica fácil entender por que a raça se destaca no cenário brasileiro e, por extensão, global da pecuária. E é claro, por trás de cada uma dessas características, há todo um trabalho e dedicação dos pecuaristas, que entendem e valorizam a raça em seus empreendimentos.
A raça Nelore carrega consigo uma história rica, fruto de seleções e cruzamentos ao longo do tempo. Essas variações genéticas levaram à classificação em diferentes linhagens, cada uma com características próprias e uma trajetória distinta. A seguir, vamos dar uma olhada nas principais.
Quando falamos de PO, estamos nos referindo aos animais que têm suas raízes nos primeiros grupos de Nelore que chegaram ao Brasil no final do século XIX. O ponto aqui é a genealogia que certifica a pureza da raça. Para garantir que o animal é de fato PO, associações registram o histórico das linhagens e estabelecem critérios rigorosos para sua inclusão.
Diferente do PO, os POI mantêm a linhagem indiana intacta. São vistos como "originais" devido à proteção da genética que chegou da Índia, contribuindo significativamente para os padrões que reconhecemos hoje na raça.
Então, quando você ouve falar em "Touro Nelore POI dos Selecionadores Adir do Carmo Leonel e Paulo Leonel", por exemplo, trata-se de um destaque comercial para animais cujos ancestrais são todos importados, ressaltando uma origem 100% pura.
A linhagem LEI é um capítulo à parte na história do Nelore brasileiro. Ela engloba animais que foram objeto de pesquisas focadas em aprimorar a raça. As versões aprimoradas do Nelore são fruto desse esforço constante de melhoramento genético, e o sucesso do Nelore no Brasil deve muito a essa evolução.
Investir em genética é estratégico. Ao escolher um bom reprodutor, é possível garantir animais mais robustos e produtivos, que amadurecem mais cedo, têm menos intervalo entre os partos e chegam ao abate de forma mais acelerada.
E quando falamos de leilões, eles são um termômetro perfeito para sentir o mercado. Um exemplo é a Agropecuária Kangayan, de Cuiabá — MT, que realizou recentemente uma edição virtual de seu leilão de touros melhoradores, movimentando R$ 1,2 milhão.
O leilão contou com 57 exemplares da raça, avaliados no Programa Geneplus da Embrapa Gado de Corte. E a média não deixou a desejar: cada touro foi vendido, em média, por R$ 21.589. Ao converter esse valor pela arroba do boi gordo, temos um equivalente de R$ 202/@ para pagamento à vista.
Este leilão não apenas ressalta a excelência genética da raça Nelore, mas também sublinha sua influência no cenário agropecuário brasileiro.