EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

Como esse país vai aumentar sua produção de feijão e milho – e por que isso afeta os EUA

Nova presidente do país, Claudia Sheinbaum, quer impulsionar agro local e diminuir dependência de importação

industry harvesting corn (getty images/Getty Images)

industry harvesting corn (getty images/Getty Images)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 11h52.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 11h56.

O México planeja aumentar sua produção de milho e feijão, anunciou nesta terça-feira, 22, a presidente do país, Claudia Sheinbaum, ao lançar um novo plano agrícola. “Trata-se de produzir o que comemos”, afirmou Sheinbaum, reforçando o foco em autossuficiência alimentar.

Segundo a presidente, o objetivo é replicar o modelo da década de 1980, quando a produção e a distribuição de alimentos no país eram mais competitivas. Naquela época, as refeições típicas incluíam tortilhas, feijões, café e chocolate quente, ingredientes frequentemente comprados em lojas estatais que estocavam produtos básicos.

O México é a segunda maior economia da América Latina, e a agricultura representa 4% de sua atividade econômica, empregando 12% da população ativa. O país também é a sétima maior potência agrícola mundial, sendo um dos principais produtores de café, milho e açúcar.

Para este ano, a estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) é de que o México produza 25,5 milhões de toneladas de milho. No entanto, espera-se que o país ainda precise importar cerca de 5 milhões de toneladas, principalmente dos EUA, seu maior parceiro comercial.

O secretário da Agricultura, Julio Berdegué, afirmou que o governo pretende garantir preços justos aos agricultores que cultivam milho destinado às tortilhas, além de reduzir os preços desse produto em 10%.

Além disso, o governo mexicano planeja aumentar a produção de feijão em 30% nos próximos seis anos, com o objetivo de reduzir as importações. Para isso, serão criados centros de pesquisa para desenvolver sementes de maior rendimento.

Em 2023, o México importou 300 mil toneladas de feijão, um aumento de 272% em relação ao ano anterior. Esse crescimento nas importações foi motivado por problemas climáticos que afetaram as principais regiões produtoras do grão no país.

Importação de milho geneticamente modificado

Em 2020, um decreto presidencial do então presidente Lopez Obrador proibiu o cultivo e a importação de milho geneticamente modificado (GMO, na sigla em inglês), com efeito a partir de 2024. O milho transgênico é desenvolvido por meio de técnicas de biotecnologia e é considerado um insumo agrícola essencial para muitos agricultores.

Em outubro de 2022, o vice-ministro da Agricultura do México reafirmou que o país não alteraria a proibição e que estavam sendo considerados acordos com agricultores dos EUA, Argentina e Brasil para garantir a importação de milho não transgênico.

Os defensores da proibição argumentam que as sementes transgênicas podem contaminar as variedades nativas do México, prejudicando a biodiversidade local. Em contrapartida, lobbies agrícolas dos EUA afirmam que essa medida causará danos econômicos significativos, visto que o México é um dos maiores compradores de milho americano.

Em agosto de 2023, o México manteve o decreto de proibição, mesmo após reclamações dos EUA de que a decisão viola o livre comércio entre os dois países.

Os Estados Unidos estão particularmente preocupados com essa proibição, já que 90% do milho cultivado no país é geneticamente modificado. Com o México sendo um dos maiores compradores desse produto, a continuidade da proibição pode gerar impactos graves nas exportações americanas.

Acompanhe tudo sobre:MilhoAgronegócioAgriculturaMéxicoEstados Unidos (EUA)ImportaçõesExportações

Mais de EXAME Agro

Opinião: O retorno de Trump: impactos e desafios para o agro e a economia brasileira

Acordo entre União Europeia e Mercosul deve ser anunciado em 6 de dezembro, diz Fávaro

Mesmo atrasado, La Niña deve chegar ainda este mês; saiba como o Brasil pode ser afetado