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Cacau beira os US$ 12 mil e expectativa é de mais volatilidade em 2025

Principais regiões produtoras do fruto sofrem com mudanças climáticas

 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

(Tomaz Silva/Agência Brasil)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 17h31.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 18h03.

Os temores de menor oferta de cacau têm levado os preços da commodity a disparar nos últimos dias. Na segunda-feira, o valor de referência para março na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) registrou uma alta significativa de 4,1%, atingindo US$ 11.768 por tonelada. Já nesta terça-feira, 17, os preços subiram 1%, alcançando US$ 11.938.

Os aumentos recentes têm sido impulsionados por condições climáticas incertas na Costa do Marfim e em Gana, os principais países produtores de cacau da África Ocidental. Juntos, eles respondem por cerca de 50% da produção mundial, com 2,2 milhões de toneladas e 680 mil toneladas, respectivamente.

"O cacau é uma planta muito sensível às condições climáticas. Se faz muito calor, a planta sofre; se está muito frio, ela também sofre. Se chove em excesso, é prejudicial, e se não chove, igualmente afeta negativamente o desenvolvimento da planta", diz Thiago Fernandes, diretor do Consórcio Cabruca da Bahia.

Ao longo de 2024, o preço do cacau experimentou grande volatilidade, com variações acentuadas e uma imprevisibilidade que afetou profundamente o mercado. Em alguns períodos, houve aumentos bruscos e sucessivos, às vezes no mesmo dia.

No meio do ano, o mercado apresentou momentos de maior equilíbrio nos preços, embora ainda mantivesse patamares muito superiores aos de 2023. Contudo, 2024 foi um ano marcado por preços recordes. Agora, no final do ano, a volatilidade voltou a se intensificar.

Outro fator que agrava a situação são as doenças do cacau, que têm colocado em xeque a produção global e reforçado as perspectivas de uma oferta reduzida.

"A incidência de pragas tem se espalhado, como a vassoura de bruxa, a podridão parda e a monilíase, uma das pragas mais recentes e devastadoras em alguns países produtores", afirma Fernandes.

Além disso, os estoques globais de cacau registraram uma queda significativa. Ao longo deste ano, os estoques foram sendo consumidos por causa da baixa produção e à fraca safra.

Agora, no final do ano, observa-se que, mesmo com a possibilidade de uma temporada melhor — o que ainda não é garantido — ela pode não ser suficiente para reverter e reequilibrar esses estoques.

O Brasil ocupa a sexta posição na produção mundial de cacau, com cerca de 200 mil toneladas. Entre as principais regiões produtoras do país estão Ilhéus, na Bahia, e o Pará. A perspectiva é de que o país aumente seu volume de produção nos próximos anos, embora isso não deva alterar o cenário de oferta restrita para o ano seguinte.

Preços do cacau em 2025

Para 2025, ainda é difícil prever o cenário, mas a volatilidade deve continuar, de acordo com Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

"Os preços deverão continuar a variar bastante, e é possível que, em 2025, o preço do cacau atinja novos recordes históricos", afirma Losi.

Essa visão da presidente-executiva é compartilhada por Ricardo Gomes, agrônomo, produtor de cacau no Sul da Bahia e gerente de desenvolvimento territorial do Instituto Arapyaú. Segundo Gomes, a tendência é de manutenção dos preços em patamares semelhantes aos de 2024.

"Com essa previsão mais negativa, de não conseguir estabilizar ou ao menos mitigar o déficit de estoques, a tendência é que os preços se mantenham semelhantes aos praticados em 2024", afirma ele.

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