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Vela, de bikes elétricas, declara falência; empresa alega desafios operacionais e tributários

Conhecida por fabricar bicicletas elétricas com design clássico, a startup vendeu cerca de 5 mil unidades ao longo de seis anos

Victor Hugo Cruz: fundador da Vela

Victor Hugo Cruz: fundador da Vela

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André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 12h09.

Última atualização em 19 de janeiro de 2024 às 12h52.

A Vela, empresa brasileira pioneira na fabricação de bicicletas elétricas, declarou falência nesta sexta-feira, 19, e anunciou o encerramento de suas operações.

O fim repentino da empresa acompanha também o enfraquecimento do mercado de mobilidade urbana no Brasil, que criou novos negócios com o boom dos aplicativos e a eletrificação dos meios de transporte no meio da década passada.

Leia também: A curiosa falência de uma startup com US$ 128 milhões no caixa e o caso das bikes que pegam fogo

Com um início promissor, em momento no qual outros modais surgiam, como patinetes elétricos, a empresa experimentou um crescimento expressivo ao longo de seis anos, principalmente no estado de São Paulo. A marca ficou conhecida pelas bicicletas elétricas com design clássico, e vendeu cerca de 5 mil unidades no período em que atuou.

Em nota, a empresa afirma que os desafios impostos pela pandemia de covid-19 impactaram profundamente suas operações, resultando em uma significativa queda nas vendas e dificuldades operacionais.

Entre 2022 e 2023, a empresa registrou um aumento de 50% em suas vendas anualmente e expandiu suas operações para os Estados Unidos. No entanto, essa recuperação não teria sido suficiente para aplacar as incertezas dos investidores iniciais, que aplicaram recursos significativos entre 2016 e 2018.

A pressão por parte desses investidores culminou em uma decisão judicial em novembro de 2023, favorável à recuperação do capital investido, trazendo mais desafios para a empresa.

Segundo a Vela, a elevada carga tributária enfrentada pelo setor de mobilidade elétrica no Brasil também pesou sobre a operação. Com o objetivo de contornar esses obstáculos, a empresa planejou transferir sua produção para a Zona Franca de Manaus, um projeto aprovado em 2023. Essa mudança, que visava reduzir os impostos e tornar o negócio mais viável, contudo, dependia de uma nova rodada de investimentos que estava em progresso.

A mudança não ocorreu por desalinhamento entre os investidores iniciais e os novos interessados, culminou no fim das operações da Vela.

Como nasceu a Vela

O embrião da Vela surgiu em 2012, quando o empreendedor Victor Hugo Cruz, logo após terminar a faculdade de Engenharia Mecânica, percebeu que passava muito tempo no trânsito e decidiu comprar uma bicicleta elétrica.

Como na época não havia muitas opções, o recém-formado engenheiro se desafiou a fazer sua própria bicicleta.

Os produtos que se destacaram no portfólio da marca foram as bicicletas Vela S mais esportiva, e a Vela 1, voltada para quem usa a bicicleta diariamente.

No modelo de negócio da Vela, o cliente precisava encomendar a bicicleta nas lojas ou pelo site para poder adaptar o equipamento, escolhendo cor e altura.

Com a falência, a empresa promete manter o atendimento dos clientes que já possuem compras em andamento, mas encerrou completamente a possibilidade de novos pedidos no site.

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