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Mudanças climáticas desafiam políticas de combate à fome, diz FAO

Políticas de segurança alimentar na América do Sul e no Caribe terão de considerar os efeitos na agricultura da escassez de chuvas e do aumento de temperatura

Mudança climática (sxc.hu)

Mudança climática (sxc.hu)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 06h13.

A partir de agora, as políticas de segurança alimentar na América do Sul e no Caribe terão de considerar os efeitos na agricultura de prolongados períodos de escassez de chuvas e do aumento da temperatura. Nesse cenário de mudanças climáticas e de revisão das ações para a erradicação da fome na região até 2025, representantes de 33 países estão reunidos, até sexta-feira (9), em Santiago (Chile), para a 33ª Conferência Regional das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, a sigla em inglês).

Antes da abertura, nessa terça-feira (7), o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, conversou com jornalistas e disse que as alterações climáticas já causam impacto na agricultura e que a revisão das metas para 2025 deverá considerar tais mudanças.

"Não é um tema de futuro, senão do presente, e os impactos são muito maiores do que pensávamos", acrescentou. Para ele, as mudanças climáticas afetarão a agricultura econômicamente e isso trará incertezas.

"Por um tempo, tivemos a ideia de que o mundo havia se transformado em um supermercado e que podíamos comprar tudo quanto queríamos. Nós havíamos alcançado a situação do pleno abastecimento, mas agora a mudança climática reintroduz o tema da incerteza e não sabemos o que vai acontecer", ponderou.

Graziano destacou que essa incerteza afetará todo o comércio, determinará a volatilidade dos preços internacionais e poderá obrigar os países a assegurar o abastecimento interno com medidas protecionistas que  já haviam sido abandonadas. "Nesse contexto, não podemos perder de vista o horizonte de erradicar a fome na região".

Depois de conversar com os jornalistas, Graziano participou da sessão inaugural, com a presença de representantes dos 32 países. O Brasil enviou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.

No discurso de abertura, o diretor-geral da FAO concentrou-se nos êxitos da América Latina e do Caribe - região que se converteu em exemplo mundial na luta contra a fome e que conseguiu reduzir a proporção de subalimentação de 15% para 8%. "Desde 1990, o número total de pessoas desnutridas caiu de 66 milhões para 47 milhões", comentou.

Graziano fez um chamado para que os países continuem a priorizar políticas para cumprir a meta de uma América Latina e um Caribe sem fome até 2025. A meta foi estabelecida em 2006 pelos chefes de Estado e de governo da região, como iniciativa comum a ser alcançada. 

O primeiro objetivo - reduzir a proporção de desnutrição pela metade até 2015 - foi alcançado por 16 países, mas o desafio agora é erradicar a fome nos próximos 11 anos.

Durante a sessão, a presidenta do Chile, Michelle Bachelet, recebeu um reconhecimento da FAO pelo cumprimento da meta de reduzir a menos da metade o número de pessoas com fome no país. "Reduzimos a prevalência de desnutrição de 9%, nos anos 90, para menos de 5%, entre 2011 e 2013, estamos orgulhosos desse avanço e conscientes de que devemos nos aplicar para erradicar esse índice", disse.

Entre os países que conseguiram reduzir a desnutrição em 50%, sete chegaram a índices inferiores a 5%. Desse modo, a FAO considera que a Argentina, Barbados, a Dominica, o Chile, Cuba, o México e a Venezuela erradicaram a fome.

O Brasil, a Guiana, Honduras, a Nicarágua, o Panamá, Peru e San Vicente e Granadinas reduziram o índice de subalimentação à metade.

Editor Graça Adjuto

 

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