Revista Exame

A Weg inovou para ter produtos com menos impacto no ambiente

A fabricante de motores WEG investe num portfólio sustentável, como no caso do motor para um caminhão 100% elétrico da Volkswagen

Harry Schmelzer, presidente da WEG: “O Brasil pode se tornar um exportador de motores elétricos para ônibus e caminhões” (Germano Lüders/Exame)

Harry Schmelzer, presidente da WEG: “O Brasil pode se tornar um exportador de motores elétricos para ônibus e caminhões” (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h15.

Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 12h06.

Como signatária dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Organizações das Nações Unidas (ONU), a catarinense WEG coloca no cerne de sua estratégia de negócios o fornecimento de produtos ambientalmente sustentáveis a seus clientes. Um exemplo diz respeito a tecnologias ligadas ao combate das mudanças climáticas. Nesse sentido, a empresa está trabalhando num projeto em conjunto com a montadora Volkswagen no Brasil, que prevê o desenvolvimento do primeiro caminhão leve 100% elétrico do país.

Após mais de um ano de testes, o novo caminhão da montadora vai começar a ser testado pela fabricante de bebidas Ambev no começo de 2019. A previsão é que a produção em escala industrial do modelo tenha início em 2020, sendo que a fabricante de bebidas já encomendou 1.600 unidades do veículo. Com autonomia de 200 quilômetros, trata-se de um caminhão voltado para entregas urbanas, capaz de rodar durante todo o dia sem a necessidade de recarregar a bateria.

A experiência da WEG com projetos de tração elétrica vem desde 2001, quando a empresa começou a atuar na reforma de locomotivas. Dois anos mais tarde, já fazia a conversão de motores a combustão para motores elétricos ao transformar a frota que roda dentro de sua própria fábrica, em Jaraguá do Sul. Além de barcos de apoio a plataformas de petróleo, hoje cerca de 260 ônibus e trólebus que rodam em São Paulo também possuem motores elétricos produzidos pela WEG. “É um número ainda muito pequeno”, afirma Manfred Peter Johann, diretor-superintendente da WEG Automação. Para ele, o aumento de iniciativas assim depende diretamente de apoio governamental. Alguns países da Europa, como a Alemanha, já fixaram prazo para o fim dos motores a combustão. O próprio incentivo econômico deverá ajudar nesse movimento. Embora os custos dos veículos elétricos ainda sejam superiores, a expansão da demanda já começa a reduzir essa diferença. Além disso, abastecer um caminhão elétrico garante cerca de 20% de economia em combustível.

Presidente da WEG, Harry Schmelzer Junior considera uma questão de tempo a popularização dos veículos elétricos. “Acredito que o Brasil pode se tornar exportador de motores elétricos para caminhões e ônibus”, afirma. Segundo ele, pesquisa e desenvolvimento são assuntos sérios na WEG. Em 2017, a empresa registrou 155 patentes de novas tecnologias e produtos, um número 7% superior ao apurado em 2016. “E quase a totalidade delas são tecnologias e produtos relacionados à sustentabilidade.”


QUERO SER GRANDE — E EM POUCO TEMPO

Ao definir os pilares de seu negócio, a fabricante de pás geradoras Aeris investe em engajamento e capacitação dos funcionários para se tornar uma das cinco maiores empresas de bens de capital do país até 2023  | Vinicius Tamamoto

A fabricante de pás para geração de energia eólica Aeris é uma empresa jovem. Criada há apenas oito anos, ela ainda trabalha para forjar sua identidade corporativa. No fim de 2014, lançou o programa Ventos do Futuro, que reformulou sua missão e seus valores, estabeleceu metas e melhorou as condições de trabalho e até a vida pessoal de seus 2.000 funcionários. Entre os objetivos estavam se tornar uma das 100 empresas mais sustentáveis do país e figurar entre as dez melhores para trabalhar do Ceará. Com base em cinco pilares — pessoas, segurança, qualidade, saúde financeira e sustentabilidade —, a iniciativa já apresenta bons resultados.

O primeiro passo da empreitada foi investir em comunicação. Como a Aeris é composta majoritariamente de operários, era preciso transmitir seus novos pilares de maneira clara e objetiva. O caminho foi identificar empregados respeitados por seus pares para que pudessem ser porta-vozes do projeto. Nomeados embaixadores, esses funcionários se tornaram responsáveis por estimular o engajamento dos demais. “Eles foram grandes aliados para garantir o cumprimento das metas”, afirma Alexandre Sarnes Negrão, presidente da Aeris. A partir daí, os outros pilares foram sendo estabelecidos gradativamente. Um exemplo é o investimento em segurança do trabalho, que aprimorou a prevenção entre os funcionários para reduzir o número de incidentes.

Em 2016, houve 56 casos de lesões na fábrica — número que caiu para 11 em 2017 e nenhum em 2018 (até a finalização desta edição). Outra medida colocada em prática foi a gestão de resíduos. A empresa instalou um placar nos galpões de produção que mostra a quantidade de rejeitos reciclados e o montante destinado a aterros sanitários. Os resultados são satisfatórios: o primeiro item teve aumento de 10% no período, enquanto o segundo diminuiu 23%.

Em parceria com o Sesi, o programa se desdobrou no projeto Escola Aeris, que dá aos funcionários a oportunidade de terminar o ensino médio dentro das dependências da companhia. No ano passado, 108 pessoas concluíram o curso, número que deve se repetir em 2018. “Somos uma fábrica e dependemos muito das pessoas, por isso decidimos investir em capacitação”, diz Negrão. Com os objetivos alcançados, o Ventos do Futuro agora serve de base para o Ventos Sem Fronteiras, um novo programa que pretende consolidar os ganhos e alçar voos ainda mais altos. Até 2023, a Aeris almeja ser uma das cinco maiores empresas de bens de capital do país. Uma meta ambiciosa para uma companhia que completará apenas 13 anos de bons ventos.


EDUCAR É O MELHOR CAMINHO PARA PRESERVAR RECURSOS

Para consolidar uma cultura de responsabilidade ambiental no Brasil, a fabricante de embalagens Tetra Pak investe na orientação de crianças e na capacitação de profissionais da reciclagem | VINICIUS TAMAMOTO

A Tetra Pak é a maior empresa de envase de alimentos do mundo. No ano passado, vendeu 188 bilhões de embalagens para mais de 160 países. Tamanha produção gera também preocupação. Com raízes na Suécia, país que é exemplo em sustentabilidade, a subsidiária brasileira leva em conta os problemas locais para traçar as estratégias para reduzir o impacto de seus produtos. Programa pioneiro na área, o Cultura Ambiental nas Escolas foi lançado há quase 20 anos pela companhia e, de lá para cá, serve de base para outros projetos.

Em 2015, por exemplo, surgiu o Coleta Seletiva nas Escolas, que ensina crianças sobre a importância do descarte correto de materiais. A ideia nasceu de conversas com cooperativas de reciclagem. A empresa percebeu que, apesar de haver estrutura e tecnologia para o reaproveitamento das embalagens, pouquíssimo material chegava ao destino correto. “O investimento na educação dentro das comunidades foi uma demanda trazida pelos próprios cooperados”, diz Valéria Michel, diretora de meio ambiente da Tetra Pak.

Desenvolvida em parceria com o Instituto Reinventar, ONG que atua na área de sustentabilidade, a ação também trabalha para adequar os espaços físicos escolares a fim de receber os resíduos e incluir a temática socioambiental no programa pedagógico. Com duração média de oito meses, o projeto consiste na implementação de oito passos, que partem da definição dos conteúdos disciplinares e se concretizam em visitas técnicas de fiscalização das melhorias promovidas.

Até agora o Coleta Seletiva nas Escolas atendeu 52 unidades de ensino em sete estados, impactando 77.000 alunos e capacitando 5 000 professores sobre a questão. Em quase três anos, foram recolhidas de forma sustentável mais de 44 toneladas de embalagens longa vida. Outro projeto relacionado é o Cena Ambiental, um teatro de fantoches itinerante que educa de forma lúdica. Desde seu lançamento, em 2011, o espetáculo passou por 223 cidades e foi visto por 1 milhão de pessoas.

Outra iniciativa da Tetra Pak nessa área é o Recicla Jabaquara, no bairro homônimo da zona sul paulistana, que capacita os trabalhadores da cooperativa Sempre Verde. O objetivo é unir os diferentes elos da cadeia, que envolvem consumidores, escolas, comércio e pontos de coleta, para elevar a quantidade de reciclados. “O que possibilita o bom funcionamento das ações são as pessoas”, afirma Valéria. Ao fortalecer os que atuam diretamente na reciclagem ao mesmo tempo que investe na educação básica, a Tetra Pak reconhece a urgência do tema e trabalha para que os resultados sejam duradouros.

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