Revista Exame

Hora de garimpar: 10 BDRs para diversificar a carteira

A alta dos juros nos EUA e a guerra da Rússia afetam as ações no exterior, mas abrem boas oportunidades

Centro logístico da Amazon: margens preservadas, mesmo com inflação (Dan Kitwood/Getty Images)

Centro logístico da Amazon: margens preservadas, mesmo com inflação (Dan Kitwood/Getty Images)

share
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.

A diversificação da carteira com ativos no exterior foi uma das teses que mais ganharam força no mercado em 2021. A queda do Ibovespa ao longo do ano só reforçou a necessidade de o investidor não ficar refém dos ventos domésticos e das decisões em Brasília. Mas o cenário mudou e levantou a questão: ainda é recomendável manter ou ampliar a alocação de ativos no exterior? Desde que os juros começaram a subir com mais intensidade no Brasil, no segundo semestre de 2021, investidores passaram a desmontar posições no exterior para aproveitar oportunidades no país, em especial na renda fixa. O cenário ficou ainda mais conturbado com o início do aperto monetário dos Estados Unidos e, mais recentemente, com o ataque da Rússia à Ucrânia. 

Os dados de fluxos de capital evidenciam a mudança da estratégia. Fundos de ações que aplicam no exterior acumularam resgates líquidos de 3,8 bilhões de reais no ano até o dia 11 de março, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Isso não significa, no entanto, que a tese do investimento doméstico deva ser a única adotada, afirmam gestores e especialistas. Ao concentrar os ativos no Brasil, o investidor aumenta seus riscos em vez de diminuí-los. A recomendação é manter parte do portfólio no exterior, mesmo em momentos de aversão a risco — como acontece agora —, por causa da diversificação de riscos e oportunidades. “A maior parte das carteiras no Brasil ainda é muito concentrada em mercados locais. Isso torna o investidor muito vulnerável, porque não é uma concentração só em geografia mas também em termos de moeda e setores. Muitos não estão bem representados no mercado brasileiro”, disse Karina Saade, CEO no Brasil da BlackRock, maior gestora do mundo. É o caso de ativos aderentes à agenda ESG, que está mais avançada no exterior.

(Arte/Exame)

Os riscos não são iguais para todas as companhias estrangeiras. “É preciso analisar as perspectivas do negócio: são mais de 700 BDRs lastreados em ações internacionais negociados na B3 e sempre há oportunidades”, diz Bernardo Carneiro, analista de BDRs do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). Os eventos recentes levaram o banco a readequar a carteira recomendada, com a exclusão de empresas como a Meta e a inclusão de outras que se beneficiam da alta das commodities. Dois exemplos são a mineradora anglo-australiana Rio Tinto e a Kinder Morgan, uma das maiores transportadoras de óleo e gás dos Estados Unidos.

(Arte)

É possível encontrar oportunidades descontadas em setores penalizados pelo aperto monetário, como o de tecnologia. Apple, Amazon, Microsoft, Nvidia e Salesforce então entre alguns dos papéis recomendados. “O essencial é procurar empresas que tenham capacidade de manutenção de margens”, disse Marcus Vinícius Gonçalves, presidente da Franklin Templeton no Brasil.  

 

Acompanhe tudo sobre:BDRDiversificaçãoGuia de InvestimentosInvestidores

Mais de Revista Exame

"Somos uma marca alemã, isso define quem somos", diz CEO da Rimowa

Forte captação em crédito reduz potencial de retorno e desafia gestoras em busca por ativos

Elas já estão entre nós

Desafios e oportunidades