Maria del Pilar Muñoz, VP de sustentabilidade e novos negócios da Eurofarma: “Elevamos a governança e a transparência” (Eurofarma/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.
Última atualização em 14 de junho de 2023 às 10h29.
Mensalmente, os executivos da farmacêutica Eurofarma analisam os principais indicadores ESG junto com o planejamento estratégico de negócios. As iniciativas são reforçadas pelo Comitê ESG, instituído há um ano e meio, com periodicidade trimestral. O acompanhamento é alinhado ao pedido de registro de companhia aberta realizado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em dezembro de 2021. “Isso eleva o nível da governança e da transparência”, diz Maria del Pilar Muñoz, vice-presidente de sustentabilidade e novos negócios da Eurofarma. Dessa maneira, a companhia aumenta os investimentos em práticas ESG.
Um exemplo é o montante de 32,6 milhões de reais investidos em meio ambiente — um aumento de 55% em relação ao ano anterior. Na prática, há ações como a autoprodução de energia eólica, com a meta de ter uma matriz energética limpa até 2024. Ou ainda a emissão de seu primeiro título sustentável, atrelado às metas ambientais e de diversidade que devem ser cumpridas até 2025. “Pretendemos dobrar o número atual de mulheres em cargos de liderança na força de vendas até o fim de 2026. Vamos contratar, no mínimo, 50% de mulheres a cada ano. Em 2021, tivemos 59% de contratações de mulheres; no ano passado, 64%”, diz Pilar.
Outra iniciativa de inclusão é a contratação de profissionais com deficiência para posições de trabalho totalmente remotas. “Percebemos a oportunidade de contratação de pessoas com deficiência que vivem fora dos grandes centros. Para nós é também a oportunidade de ampliar as vendas com a criação de uma plataforma digital adaptada para a necessidade de cada funcionário. Assim, passamos a atender médicos e nutricionistas, que até então não atendíamos”, afirma a executiva.
Já na frente ambiental, o selo +Verde é uma forma de trabalhar a pauta junto com o consumidor, comunicando, por exemplo, a possibilidade de realizar a logística reversa de um produto que era destinado ao aterro. “Colocamos nossos cientistas para fazer pesquisas que mostram quanto tempo um blíster de pílulas hormonais precisa passar por descontaminação caseira para que o material possa ser destinado à reciclagem”, explica Muñoz. O selo também atesta o uso de cartuchos compostos de 30% de material reciclado. Somente em 2022, mais de 23 milhões de produtos com o selo foram comercializados, quase o dobro do ano anterior.
Na frente social, a Eurofarma destinou 78,6 milhões de reais para o desenvolvimento de projetos que vão desde a inserção de alunos de baixa renda em escolas privadas até a formação de professores e a doação de medicamentos. Em 2022, foram doadas mais de 300.000 unidades de medicamentos para 24 instituições, a um custo superior a 7 milhões de reais. Nas operações internacionais, as doações somaram 3,1 milhões de reais, com 196.000 unidades distribuídas para 77 organizações na América Latina.
Marina Filippe
O fabricante de cosméticos Grupo Boticário tem, cada vez mais, estruturado o tema ESG. Exemplo disso é a criação do Comitê Executivo de Sustentabilidade e Diversidade, em 2021, e da diretoria ESG há cerca de um ano. “O grupo tem um histórico em práticas ESG, mas a estruturação dá ainda mais força e organização ao tema”, diz Fabiana de Freitas, vice-presidente de jurídico, compliance, ESG e assuntos institucionais.
Para além da alta liderança, toda a produção visa processos de menor impacto ambiental, o que faz com que o grupo considere 75% dos produtos sustentáveis, isto é, com algum atributo, como fabricação ecoeficiente, produto vegano, redução de ingredientes, uso de plástico verde, entre outros.
Os temas ESG também são repassados aos fornecedores, que recebem treinamentos de letramento e boas práticas de sustentabilidade, por exemplo. Há ainda um portal de compras afirmativas, ou seja, uma página em que possíveis fornecedores se cadastram desde que as empresas tenham 51% ou mais do quadro de controle formado por mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+ ou com deficiência.
A companhia tem em seu quadro 45% de funcionários negros e 60% de mulheres. Na liderança, 24,8% das pessoas são negras, e as mulheres representam 38,2% da diretoria. “Trabalhamos para avançar os indicadores de diversidade por meio de programas como o de indicação de pessoas de grupos socialmente minorizados, além de vagas afirmativas e mentorias”, diz Fabiana.
Marina Filippe
A fabricante de cosméticos Natura &Co acredita que a floresta em pé é boa para as pessoas e para os negócios. Por isso, conserva 2 milhões de hectares na Amazônia e tem como meta, até 2030, ampliar a área para 3 milhões de hectares.
Atualmente, a companhia se relaciona com 10.636 famílias distribuidoras de insumos, em 48 comunidades em todo o Brasil e na América Hispânica. “A floresta em pé vale muito mais do que derrubada”, diz Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da empresa na América Latina. Ainda em relação à Amazônia, em 2022 o mecanismo financeiro Amazônia Viva, desenvolvido pela Natura em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Vert Securitizadora, foi um dos 11 projetos de impacto positivo selecionados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para receber recursos por meio de um edital de blended finance, modelo de financiamento que une capital filantrópico e de risco.
O projeto prevê fomentar o desenvolvimento territorial de 16 áreas, aumentar a produção de mais de 40 cooperativas de pequenos agricultores e beneficiar mais de 10.000 famílias na região.
Na frente de direitos humanos, um dos avanços é o fim das diferenças salariais inexplicáveis entre homens e mulheres, e a redução das diferenças salariais brutas.
Marina Filippe