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Grupo de poker do fundador da Easy Taxi virou um programa de mentoria

Tallis Gomes, da Singu, Bruno Nardon Felici, da Rappi, e Alfredo Soares, diretor da Vtex, fundaram programa de mentoria para gestores de grandes empresas

Cofundadores da Gestão 4.0, Alfredo Soares, Tallis Gomes e Bruno Nardon (Gestão 4.0/Divulgação)

Cofundadores da Gestão 4.0, Alfredo Soares, Tallis Gomes e Bruno Nardon (Gestão 4.0/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 08h44.

Um grupo de poker e um tornozelo quebrado levaram Tallis Gomes à criação de um novo negócio: o Gestão 4.0. Gomes, fundador da empresa de mobilidade Easy Taxi e da Singu, startup de beleza, tem como sócios Bruno Nardon Felici, cofundador e ex-presidente da Rappi Brasil e cofundador da Kanui, e-commerce de artigos esportivos comprado pela Dafiti, e Alfredo Soares, fundador da Xtech commerce, adquirida pela Vtex, plataforma de comércio eletrônico onde ele é hoje vice-presidente.

O curso não é tão acessível: o custo é de 20.000 reais e há uma seleção com entrevista para participar. O valor não intimida os alunos e até hoje, a Gestão 4.0 recebeu mais de 1.000 alunos de 700 empresas - 650 apenas esse ano.

A ideia surgiu com a experiência de Gomes com o empreendedorismo. Ele começou a perceber que havia técnicas semelhantes que levaram suas startups ao sucesso, tanto no que diz respeito à estratégia de negócio quanto em relação a contratações e cultura organizacional. A Easy Taxi foi vendida para a Cabify em 2017, avaliada em 1 bilhão de reais, e a Singu recebeu um investimento da gigante de beleza Natura. Aos poucos, percebeu que essas estratégias poderiam ser aplicadas a outras empresas.

Gomes participa de um grupo de poker com outros empresários e empreendedores, como Nardon e Soares. Entre um royal flush e outro, os empresários também compartilham as dores de seus negócios. Depois que um advogado aplicou conselhos dados por Gomes e viu o número de oportunidades de novos clientes dobrar, o empreendedor compreendeu que a mentoria poderia ser um novo negócio, ao lado de outros empreendedores do grupo. "O Nardon é um especialista em growth e o Alfredo é o melhor vendedor que eu conheço. Pensei em quanto as pessoas não pagariam para estar nesse grupo de poker", diz Gomes.

Um tornozelo quebrado, uma empresa nova

Não havia tempo para desenvolver o projeto, já que ele estava tão envolvido na Singu. Foi quando Gomes sofreu um acidente grave durante a prática de paraquedismo. Ao errar o pouso, quebrou o tornozelo e precisou passar por uma extensa cirurgia. O empreendedor não desacelerou nem durante a internação no hospital, quando fechou uma rodada de funding com investidores logo depois de sair da sala de cirurgia.

"A Singu estava criando o banco para oferecer empréstimos e cartões de crédito e débito. Sem o aporte, a empresa ficaria sem dinheiro e poderia quebrar", diz. "Quando o médico entrou no quarto, se deparou com uma reunião e post its em todas as paredes", brinca.

Durante a recuperação, sobrou tempo e o empreendedor reuniu seu conhecimento em gestão em um documento, com a ideia de escrever um livro. Seus colegas do poker deram outra sugestão: um evento de um final de semana, com palestras e mentoria. A turma teste, com 50 vagas, lotou em uma hora e, em dois dias, os três empreendedores faturaram 1 milhão de reais.

Tony Celestino, empreendedor que foi diretor da Techstars, aceleradora e ecossistema de startups, é o presidente do programa de mentoria e Gomes, Soares e Nardon atuam como professores e mentores.

Conteúdo digital

Por conta da pandemia, a companhia de educação interrompeu os cursos presenciais momentaneamente e criou dois novos produtos: o G4 Lives, uma "Netflix" do empreendedorismo que, por 24,90 reais por mês, dá acesso a conteúdos de vídeo gravados, e o G4 Club, um grupo formado para ex-alunos para a troca constante de conhecimento e oportunidades de negócio. A Gestão 4.0 já vendeu 15.000 vendas acessos para os cursos e conteúdos online.

Parte do programa consiste em aplicar a cultura de startups em empresas maiores. "As empresas ainda estão perdidas em como fazer a transformação digital. No universo startup, isso significa ter capacidade de adaptação, o que vemos também em grandes empresas como Magalu e Natura", afirma Gomes.

Além da transformação de seus negócios, outro desafio das grandes empresas é abraçar riscos para entrar em mercados ainda novos e não explorados. "Usamos práticas das melhores escolas do mundo sobre gestão, para que as pessoas consigam pousar sem quebrar as pernas."

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