Logotipo da Petrobras: o plano de negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019 deverá ser divulgado em maio, diz fonte (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2015 às 17h31.
Rio de Janeiro - O escândalo de corrupção que envolve a Petrobras e importantes fornecedores levará a petroleira a reduzir em cerca de 20 por cento os investimentos em seu próximo plano de negócios de cinco anos, disse à Reuters nesta quinta-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, o plano de negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019 deverá ser divulgado em maio.
"Em números absolutos pode ter uma variação para baixo em torno dos 20 por cento, pode ser", afirmou a fonte, ao ser questionada sobre estimativas de analistas de redução de 20 a 30 por cento dos investimentos futuros pela Petrobras.
O plano atual 2014-2018 prevê investimentos de 220,6 bilhões de dólares. Assim, o corte da ordem de 20 por cento representaria um novo plano plurianual de negócios da Petrobras orçado em pouco mais de 176 bilhões de dólares.
"Ainda será um plano de investimento robusto, porém mais dentro da realidade de caixa da empresa e capacidade da empresa de realização desse plano, dado o fato de os fornecedores passarem essa situação perante as investigações", disse a fonte.
Procurada, a estatal disse que comentaria o assunto.
A Petrobras está no centro de um escândalo de corrupção bilionário investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, com envolvimento de funcionários, executivos de empreiteiras e políticos.
BRASKEM
Recentemente, surgiram rumores sobre a possibilidade de a Petrobras vender a participação de 47 por cento das ações ordinárias e de 36,1 por cento do capital total que detém da Braskem, como parte de um plano de desinvestimentos. A fonte classificou essa possibilidade como "especulação". "Não houve nenhuma conversa sobre Braskem", enfatizou.
Segundo a fonte, o plano de desinvestimentos da Petrobras, anunciado para 2015 e 2016 no valor de 13,7 bilhões de dólares, poderá até superar esse montante, com a petroleira buscando ficar com ativos fundamentais, como os campos do pré-sal.
"A Petrobras tem um conjunto de ativos e ela vai ficar com o que é 'core' da empresa... Não é um negócio que se faz de uma hora para outra, depende das condições de mercado, demanda. É um processo muito dinâmico", disse a fonte.
Especialistas têm dito que o momento atual não é o melhor para vender ativos no setor de petróleo em função dos preços mais baixos da commodity --a cotação do barril tipo Brent caiu cerca de 60 por cento de junho de 2014 a janeiro deste ano. Nos últimos dias, a commodity se recuperou um pouco e está acima de 60 dólares o barril.
BALANÇO AUDITADO
A Petrobras pretende divulgar no dia 22 os resultados auditados do terceiro e do quarto trimestres de 2014, atrasados devido às dificuldades de se estabelecer o prejuízo em função das denúncias de corrupção.
Além das perdas relacionadas à Lava Jato, a Petrobras fará uma revisão do valor justo de ativos, com o lançamento de todos os valores no balanço.
"O valor que estiver no teste de imparidade e os eventos não recorrentes que ocorreram em 2014 vão estar refletidos no balanço. Não existe fazer isso à prestação”, destacou a fonte.
As tratativas com a auditora externa PricewaterhouseCoopers e com os órgãos de regulação do mercado de capitais para a publicação do balanço "estão bem encaminhadas", de acordo com a fonte. "Para terem chamado reunião do Conselho, é porque já há as devidas autorizações." A fonte se recusou a comentar sobre valores estimados para as perdas que serão contabilizadas. "Isso só no dia do balanço", concluiu.
*Texto atualizado às 17h31